Capítulo XII - Alcateia

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Boa leitura :D

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        Ela corria velozmente em meio a penumbra quebrada pela luz da lua naquela noite. Vez ou outra ousava olhar para trás pedindo ao céus que ninguém lhe seguisse. O caminho longo até as árvores da floresta fora o mais tortuoso visto que poderiam já terem notado sua falta e, por não estar sobre a proteção das inumeras árvores, sua silhuenta iluminada pela bola prata no céu seria facilmente vista. Ainda mais por aquilo.

Ela lembrava-se bem do toque maldito que a fez gritar de dor como uma criança que cai ao chão e rala o joelho. Como aquilo era possível ela não sabia, mas ele não era um ser humano. Não havia como um ser humado fazer tal estrago através de somente um toque. Jamais em sua vida se vira fugindo de algo assim.

O vento batia em sua pele já transpirando por causa da corrida desenfreada em que era embalada. O vestido camisola branco esvoassava leve. Ela realmente esperava que quem a tivesse vestido fosse a senhora embora a mesma fosse um tanto rude. Quando ela adentrou as primeiras árvores da floresta conseguiu respirar um pouco melhor visto que agora sua silhuenta não era mais visível nas sombras dos grandes galhos das árvores. Mas o alívio somente se concretizaria quando estivesse na taverna com as pessoas que mais amava nesse mundo.

Há essa altura Elena deveria estar arrancando os fios de sua cabeça visto que ela não havera chegado. Elliot então nem se fala. Do jeito que aqueles dois cuidavam de si e prezavam por sua segurança, eles deveriam estar batendo as testas na parede da taverna. Ela nem queria ver os buracos nas paredes quando chegasse lá.
Kristen riu levemente do próprio pensamento infantil.

A corrida em meios as árvores continuava veloz, a floresta estava um pouco escura e ela tinha que forçar a visão para não dar de cara com um tronco. Os galhos quebrando estralavam por baixo de seus pés descalços e sujos de terra. Mal dava para enxergar o céu por entre os galhos, mas o pouco que via e ao que tudo indicava, o céu iria desabar em gotas logo. Ela tinha que chegar logo até seu lar ou iria pegar um belo resfriado.

Estava frio apesar de sua pele transpirante. Seus braços estavan frios e o vento cortava sua pele.

Sem parar nem sequer para recuperar o fôlego, ela continuou sua corrida em busca do caminho que a levaria são e salva para seu lar. Ela não sentia falta dos bêbados e das eventuais brigas causadas por tal, mas sentia falta de Elena, de Elliot, do aconchego humilde de seu pequeno quarto, de rir do mascote de Elena como ela mesma havia apelidado, sentia falta do conforto do sorriso doce de Elliot, sentia falta até do caos daquele lugar. Naquele momento, pensando em sua vida, até parecia que havia séculos que não os via e isso apertava seu coração acelerado.

Ela já se encontrava arfante e cansada, queria parar, entretanto tinha medo de ser pega como da última vez em que fora perseguida e horas depois se encontrava sob o teto de uma aberração. Ela nem queria pensar na mínima possibilidade de ser levada novamente.

Finas e sutis gotículas de água começaram a tocar sua pele pérola. Não havia pior hora para poder começar a chover. Gradativamente as gotículas tornaram-se pingos velozes a descer dos céus e a arrepia-la. Ela ainda não sentia frio mas logo sentiria se aquela chuvica engrossasse.

Após mais alguns minutos de corrida ela parou. Precisava tomar um pouco de ar e achar um abrigo por aquela noite pois tudo indicava que não iria voltar para seu lar naquela noite.
Seus fios de cabelos ruivos já grudavam em sua pele misturados a chuva e suor. Seus pés estavam imundos uma vez que a chuva que banhou a terra fez a mesma grudar em seus pés descalços. O vestido que outrora fora branco se escontrava agora sujo de respingos de lama lançados pelo seus pés.

Ela apoiou-se em um tronco próximo a si e respirou várias vezes tentando recuperar o ar que faltava em seus pulmões. O ar da floresta era frio e refrescante, mas não parecia ser o suficiente para encher seus pulmões. Ela olhou para o céu para que o pequeno sereno molhasse sua pele e aliviasse a calor que emanava de si naquele momento. Ela fechou os olhos por alguns instantes sentindo a deliciosa sensação da chuva a acariciar seu rosto.

O vento chicoteava por entre os galhos, cantos de aves noturnas faziam a trilha sonora, o chacoalhar dos galhos das árvores derrubavam folhas leves e o resto era somente silêncio e paz. Era muito bom sentir aquela paz, aquela sensação de harmonia, aquele vento a tocá-la, aquelas gotas a banhá-la sob a lua de prata.

Aquele momento ficaria gravado em sua mente. Quem sabe um dia retornaria ali somente para sentir aquelas sensações novamente.

Ela então, lentamente, abrira os olhos turmalinas. Ela fitara o céu por entre as frestas que os galhos deixavam e vira nuvens cheias de chuva prontas para banhar tudo em baixo. Embora aquele momento estivesse muito bom ela não poderia apreciá-lo por mais tempo. Logo uma chuva de verdade desabaria sobre si.

Ela então abaixou o rosto e começou a olhar ao redor. Onde poderia encontrar um abrigo em meio a penumbra daquela noite? Ela desencostou-se do tronco e começou a andar calmamente olhando ao redor tentando enxergar algo que não fossem troncos. Até aquele momento ao menos só o que encontrava era os troncos. Mais alguns minutos de caminhada se seguiram, nada havia aparecido em sua frente; a chuva começara a engrossar e a arrepiar-lhe.

Mas fora quando ela vira algo. Uma luz avermelhada. Ela franziu o cenho e cerrou os olhos tentando enxergar melhor. Ela notara então que eram duas luzes vermelhas. Não, quatro. Ou seriam seis? Ela aproximou-se cautelosa em direção aquelas luzes, mas então parou bruscamente. Seu coração apertou ao mesmo tempo que acelerou ao que ela ouviu um uivo. E outro. E mais um.

Com a mesma cautela que havia aproximado-se dali ela agora recuava. As luzes vermelhas começaram a avançar em sua direção. Foi quando as silhuetas de três lobos foram revelados iluminados pela luz da lua.

— Oh céus! — foi a única coisa que ela conseguiu falar uma vez que aquela altura seu coração já queria parar de medo. Três lobos lhe cercavam com os globos vermelhos em seu rosto. Suas enormes presas eram mostradas por tal mostrando o tamanho de sua ânsia em devora-la. O maior lobo uivou alto, seu uivo ecoou pela floresta e então outros vieram em resposta.

Kristen mantia-se em recuada lentamente. O lobo maior que se encontrava no meio dos outros dois avançava em sua direção mansamente, até parecia que queria que ela saboreasse o medo mais lento e tortuosamente. Um uivo próximo a si fora ouvido e então ao olhar ao redor novos globos vermelhos começaram a sair da penumbra das sombras dos galhos das árvores. A chuva ainda caía deixando o cenário ainda mais assustador.

Um lobo começou a lamber a boca e a mostrar suas enormes presas. Filhetes de baba desciam da boca do mesmo que a essa altura deveria já estar imaginando o sabor da carne de Kristen entre seus dentes pontiagudos. O coração de Kristen estava acelerado ao mesmo tempo que parecia querer parar subitamente. O medo transboradava de si e sua alma parecia querer abandona-la para não ver o que aconteceria consigo.

Um dos lobos uivou novamente e Kristen assustando-se tropeçou nos próprios pés e desabou no chão lamacento. Os lobos avançaram em sua direção vorazes e famintos, fora quando ela fechara os olhos com força e esperou as primeiras mordidas lhe estraçalharem. Naquele momento ela se despediu mentalmente de Elena e Elliot.

Era seu fim.

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1312 palavras

Olá, olá Jubinhas do meu ❤ Aceitam um café? ☕

E então meus amores, o que acham que irá acontecer com Kristen? Kristen só se mete em enrascadas, né? O que estão achando da história em si?

Digam, digam, digam!

Que tal uma ⭐?

Aguado manifestações 🎉🎉

Até logo❤❤

Meu Imortal - A Maldição De ViktorOnde histórias criam vida. Descubra agora