Capítulo XXI - Misterioso V.G. desvendado

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Boa leitura :D

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      O céu estava cinzento como quase todos os dias ali. Um vento frio soprava forte balançando ao seu sabor os galhos das árvores que cercavam o local. Tudo era muito silencioso. Na varanda de seu quarto alto, Viktor debruçava-se olhando com seus olhos opacos e amarelos a paisagem a sua frente.

Havia dias que Kristen havia partido e voltado para a seu lar e desde então ele evitava ao máximo pensar nela. Não tinha de pensar, de qualquer modo, uma vez que ele mesmo a mandara embora. Ele buscava não se apegar a esse fato para não sentir-se culpado de expulsar a moça quando aparentemente ela só queria desculpar-se com ele. Aparentemente a moça queria permanecer ali com ele, porém ele não podia deixa-la ficar quando tão obviamente ali não era seu lugar.

Ele lembrava-se perfeitamente das vezes em que vira a moça e sequer ele sabia seu verdadeiro nome. Quando viu-a naquele cemitério, os cabelos ruivos e olhos cristalinos, não pôde deixar de se espantar ao vê-la, depois as outras vezes em que ele fora a procura dela naquela taverna ainda na esperança de ser quem achava que era. Ali foi o começo de sua decepção.

Lembrava-se de quando, ainda naquela taverna, tão curiosa ela aproximou-se dele e ele tão tolamente enganado chamou-a de Marie. Obviamente ela não reagira como ele esperava, mas ele fora tolo novamente para acreditar que ela era sim a sua Marie e que a esperança de uma salvação estava próxima.

Tolo, era isso que ele era. Como pudera confundi-la com sua Marie se ele sabia que ela estava morta, que não voltaria para para si nunca mais? Ele lembrava-se quando via-na e que em todas as vezes a maldita esperança pedia para fazer morada em si e que ele ridiculamente permitiu que seu coração inativo se iludisse. Quando ele viu aquela mulher ser atacada por homens e ele nem sequer sabia que era ela ele salvou-a usando de sua maldição para matar. Ele não se orgulhava daquilo mas ele não deixaria qualquer mulher que fosse ser violentada quando ele poderia salva-la.

Mas logo mais tarde quando a mesma o repudiara chamando-o de aberração, sua esperança começou a se dilacerar aos poucos e a fuga dela quando ele só queria que ela se sentisse em casa fora a gota d'água para que qualquer ilusão que ainda mantivesse em si se dissipasse.

Sua Marie jamais voltaria e aquela moça não sendo ela não lhe deixavam motivos para que ele mantivesse aquela criança ali. Ela não queria ficar por ele ou pela casa, ela queria ficar pela culpa de tê-lo repudiado e rejeitado e ele não queria a culpa dela. Ela não tinha de ter qualquer tipo de culpa quanto a ele pois ele não necessitava disso.

— Posso estar errada, — uma voz feminina soou atrás de Viktor, ele girou os calcanhares para encara-la — mas creio que não é somente eu que percebi que o silêncio que aquela moça deixou é bastante incômodo.

— Esse silêncio não é diferente do que sempre esteje aqui — respondeu sem emoções.

— A casa parece bem maior quando se há tão poucos moradores sob seu teto. A menina poderia ter ficado e acabado um pouco com toda essa imensidão de pedras — Viktor saiu da sacada e calmamente passou ao lado de Margareth que estava no meio do ambiente de seu quarto com as mãos cruzadas na frente do corpo.

— Eu não poderia mante-la aqui, Margareth — ele sentou-se na poltrona frente a pintura de Marie — ela é só uma criança, precisa de seu lar.

— Se a mantivesse aqui não seria uma prisão, Viktor — ela apoiou suas mãos na cabeceira da poltrona — Ela queria ficar, seria de livre vontade dela.

— Tem de entender que o lugar dela não é aqui, minha querida — Viktor tinha um olhar vago — Sei que adquiriu um certo afeto por ela, mas eu não poderia mante-la aqui para logo mais tarde ela pedir para ir embora. Ela não queria ficar, ela só queria concertar um erro que acredita que tem.

Meu Imortal - A Maldição De ViktorOnde histórias criam vida. Descubra agora