Capítulo XXXVI - A voz no corredor

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     No alto da escada, imagem de Margareth estava parada, olhando para Elizabeth em um desafio silencioso. Elizabeth a olhou com os olhos levementes arregalados, em uma surpresa explícita, e também desagradável.

     Sem nenhuma palavra, Margareth desceu o primeiro degrau que pareceu reverberar no local tão alto quanto os próprios trovões furiosos lá fora deixando os pés deslizarem com igual peso os demais degraus abaixo. A cada novo passo, Elizabeth parecia perder um pouco de sua respiração e depois soltava-a de forma pesada. Já no meio da escada uma onda de magia prata correu de encontro ao corpo da senhora envolvendo o seu pequeno corpo como um lençol, logo lhe despindo de seu disfarce. Aos poucos, onde a magia passava a imagem da senhora ia sendo mudada. A roupa negra sempre bem alinhada fora substituída por uma longo vestido branco resplandecente que flutuava acima do chão como se estivesse dentro de água, sua pele ganhou uma negritude bela e seus cabelos um tom branco como o próprio vestido que também flutuava em sua cabeça como se estivessem mergulhados em um lago invisível. Seu rosto já não era mais de uma senhora de longos verões e invernos, mas jovial e belo e seus olhos sempre castanhos acenderam em luz como se carregassem o próprio brilho da lua cheia em uma noite sem nuvens. A mulher ali não era mais Margareth, uma senhora forte e dócil, mas Alninaram, uma bruxa ainda desconhecida.

      Quando os pés descalços daquela nova imagem tocou o piso de mármore branco, o silêncio recaiu sobre eles como uma parede de pedras. As luzes dos relâmpagos acendem a mansão, deixando tudo ainda mais tenso do que estava.

     Kristen tossiu desenfreadamente sentindo-se estranhamente sufocada, como se estivesse a tempos sem respirar. O ar entrava em seus pulmões queimando-os como se ela tivesse passado anos sem o fazê-lo, e logo ela estava recobrando sua percepção da realidade. Lentamente ela olhou ao redor cheia de um receio que não sabia explicar, até que seus olhos recaíram sobre uma imagem de uma mulher estranha e de Elizabeth.

     Seu coração saltou em seu peito, e seus ouvidos chiaram com o silêncio gritante que estourava seus tímpanos, mas ainda assim, mesmo com aquela mulher ali, mesmo estando com Elizabeth ali, ela sabia que havia algo a mais. Confusa, ela olhou ao redor, e a poucos centímetros de si viu fios escarlates, cabelos jogados ao chão como um tapete, e logo sentiu um frio bater em seu corpo como uma parede de gelo ao constatar que eram, na verdade, seus próprios cabelos. Ela franziu o cenho confusa e como instinto passou a mão pelo próprio cabelo sentindo em sua palma a falta de algo. Ela respirou pesado passando ainda mais rápido a mãos pelos cabelos cortados, sem entender nada. O que havia sido feito consigo? Mas desta vez ela não esperou resposta, pois em uma fração de segundos  os flashes inundaram sua cabeça e ela lembrou dos instantes que havia sido tomada por algo. Elizabeth, Elizabeth era a resposta para seus cabelos cortados, ela soube ali.

    Alninaram olhava fulminante para Elizabeth que correspondia ainda surpresa, mas ainda mais incomodada.

— Tu — Elizabeth afirmou seca, tensa como se visse em sua frente um verdadeiro fantasma.

— Esperei ardentemente por este momento, Elizabeth — Alninaram respondeu tão seca quanto a outra. A voz dela não era mais como a de uma senhora, não, agora parecia como o som de muitas vozes em apenas uma.

— Achei que estivesse morta — manteve seu tom ríspido e um tanto amargo, como se estivesse decepcionada por aquela mulher está ali em sua frente, viva.

— Tu falhaste, Elizabeth, e eu voltei para assegurar que tu pagues por tua falha.

— Como conseguiu voltar? — perguntou com a respiração pesada presa no peito.

Meu Imortal - A Maldição De ViktorOnde histórias criam vida. Descubra agora