Capítulo XI - Fuga

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Boa leitura :D

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          A grande mansão em meio ao verde da grande floresta era iluminada pela luz prateada da lua majestosa no manto azul cravejado de estrelas. As aves noturnas quebravam o silêncio profundo daquela noite com seu canto assombroso enquanto fitavam a penumbra daquela noite assentados sobre o grande muro de pedra que cercava e protegia a mansão.
       
Por trás das paredes daquela misteriosa e majestosa mansão, estavam Margareth e seu menino a conversar.

— Não deixá-la ir? — ela franziu o cenho e aproximou-se dele que ainda se encontrava na grande porta dupla e negra de carvalho — Menino, tu não vês que cometeste um equívoco ao trazer aquela moça para cá?

— Talvez Margareth, mas eu não podia deixá-la na floresta a mercê de qualquer um que quisesse fazê-la mal — ele respondeu sem expressão em seu semblante. Mas ele sabia que não era sobre deixar a moça na floresta que a pequena senhora estava falando.

A senhora pôs-se a sua frente e puxou-o pela manga de seu suéter negro até duas poltronas que eram postas estrategicamente de fronte a grande lareira que aquecia o local com o calor de suas chamas a consumirem a madeira. A senhora o encarou ainda em silêncio. Ele não ousara tomar a palavra e somente manteve-se em seus pensamentos.

A madeira da lareira crepitava deliciomente a seu som quebrava o silêncio do lugar.
Ele recostou seu corpo na poltona de couro escuro e pôs-a a olhar as chamas dançantes a hipnotizar-lhe.

—  Viktor, — a voz da senhora a alguns centímetros de si voltou a soar no grande ambiente. Seu tom não era doce e nem compreensível como de costume, era sério e um tanto frio. Não combinava com sua pessoa — Ela não pode ficar conosco, não suportei quando ela chamou-o de aberração quando deveria jogar-se a seus pés e agradecer-lhe por ter salvo sua vida. Sei que estás aflito por ver tamanha semelhança com a menina mas... não é a menina — Ele, no entanto, não respondera de pronto.

Seus olhos amarelados ainda fitavam as chamas da lareira, a dança embriangante do fogo. O silêncio pareceu cair sobre suas cabeças e um pequena tensão veio consigo. Pelo canto do olho ele via a senhora encarar-lhe a espera da sua resposta.

— Ela ficará, Margareth. Tem de ficar — ele respondeu sem expressões e sem um tom certo. A resposta pareceu soar autoritária, contudo.

A senhora levantou-se em um pulo rápido e pôs-se em pé a encarar Viktor que voltou seu olhar até a pequena senhora de semblante incrédulo.

— Menino, o que tens em tua cabeça?! — o tom de voz da senhora saiu uma oitava mais alta do que ele esperava e o tom era autoridade pura e simples — Vais manter sobre nosso teto uma menina que lhe trata com tamanho repúdio?! Vais iludir-se novamente quanto a identidade daquela moça? Não vês que NÃO é ela?!

Ele levantou-se calmo de sua poltona e caminhou até a senhora que ainda mantia seu semblante sério.

— Margareth, — ele disse em um tom calmo e doce ao alcançar a senhora. Ele ergueu o rosto para encará-lo — Sei que cuidas de mim e qualquer um que possa fazer-me mal irá tornar-se seu inimigo, mas, acima de tudo, peço que me compreenda. Talvez eu esteja enganado sobre a moça lá em cima e talvez eu venha a arrepender-me de mantê-la aqui, mas preciso conhecê-la, preciso saber sobre ela e entender como pode ser tão parecida com ela. Eu preciso entender tudo isso.

— Menino, — ela segurou as mangas do suéter com cuidado para não tocar a pele pálida do rapaz. Seu tom agora era inseguro e cuidadoso, não queria ver seu menino machucado por causa de uma garota novamente — eu compreendo que estejas tão curioso a respeito da moça, sei também que essa curiosidade pode fazer-lhe muito bem assim como muito mal, mas... — a senhora soltou um suspiro antes de continuar — Podes machucar-te nisso tudo, meu querido. Podes sofrer. Ela o repudia e pode ferir-lhe com palavras cruéis se tentares aproximar-se dela novamente. Não quero vê-lo chorar de novo. Não quero vê-lo tornar tua vida em um mar de lágrimas por causa dela.

Meu Imortal - A Maldição De ViktorOnde histórias criam vida. Descubra agora