Armário

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Olho em volta
Suspiro e coço a orelha
Volto-me para trás
Engulo em seco.
Será que?
Não.

Caminho em frente.
Estátuas de pedra ladeam-me,
Caverna grossa e impenetrável,
Olham cada vez mais fixamente,
Afunilam a estrada.

Insisto em avançar.
Ramas surgem e rasgam-me a cara,
Mãos tocam-me e puxam-me a pele.
Com detalhe vejo a cara de anjos caídos,
Aterrizados, maltratados, quebrados.

Olho para trás e vejo a luz a fechar.
Volto-me para a frente e avanço para a escuridão.

Segundos pensamentos assaltam-me.
Desejos e sonhos e esperanças
Abatidas caem por terra.

Sufoco,
Apertado,

Esmagado,

Não respiro,

...

Quebro.

Olho em frente e uma alma passa à minha frente.
Foge da luz e embranha-se na escuridão.
Puxo-a para trás,
Não tens de fazer isto,
Não te deixes quebrar como eu deixei.

Viver é morrer todos os diasOnde histórias criam vida. Descubra agora