Espaço

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Eu dava Espaço.

Sempre tentei dar o meu melhor. E o meu melhor era respeitar as opiniões dos outros.

Se alguém achasse mal e justificasse, não fazia. Se alguém dissesse que devia ser feito de outra forma, eu ouviria e faria.

No entanto, tenho ficado egoísta: pouco fazia por mim e deixava que falassem ou pensassem por mim.

Mas cansei-me e agora sou o vilão.

Vendo que as pegadas dos outros não me levavam a lado nenhum, forjo agora as minhas. Frescas. Se forem um erro, que sejam, e que eu aprenda com eles.

Explorei e encontrei um templo perdido que nunca teria encontrado se não me tivesse dado Espaço.

Desfrutei das suas belezas, das suas Copas, e fui capaz de aprender com as suas armadilhas, que lajes pisar e que esquinas dobrar. 

Mas a noite entretanto caiu. E o templo virou frio e estoico. Já não parecia confortável nem habitável. Talvez fosse só algo que acontecesse à noite. E esperei, espreitando por entre galhos e Paus, avançando e tentando trazer algum sentido ao mundo, mas sempre pareceu em vão.

Até que o Sol espreitou e o templo pareceu voltar à vida, mas rapidamente me apercebo que já vi Ouros mais brilhantes. O templo já não era o mesmo.

E a noite caiu e levou consigo mais um pouco do brilho que o templo tinha para mim.

Há noite, já não penso no conforto que encontro lá, mas sim nas Espadas forjadas neste sítio, outrora luminoso, agora sombrio. Lâminas afiadas e secas cujo único sentido era magoar.

Mesmo de noite, sento-me à sua beira e miro pela floresta. E vejo uma fogueira acesa, de um Ouro mais brilhante que ofusca quaisquer Copas. Então, abandono o templo à sua escuridão e caminho para a luz.

E dou-lhe Espaço para voltar a brilhar como brilhara.

E dou-me Espaço para voltar a ser o que era.

Viver é morrer todos os diasOnde histórias criam vida. Descubra agora