A janela

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Do fim de uma história
Inicia-se outra.
Ou será tudo uma história contínua num único fio condutor que é o Eu?
Ou será a vida dividida
Em atos e capítulos e cenas e momentos, cada vez mais pequenos à medida que nos focamos neles
Até se tornarem num único sentimento sob as nossas sobrancelhas,
Ao ponto de desaparecerem se pestanejarmos?
Mas deixamos de ver a grande imagem se nos focarmos num único ponto,
Do mesmo modo que não percebemos o nosso propósito ao olhar para o nosso trajeto.
Mas Ele sabe, e nós, quando acabarmos, também.
Só vendo de cima, de fora, e não de lado, de dentro,
Que vemos tudo, não distorcido do ângulo que nos convém, mas de forma imparcial e real.
Perpendicular, reta.
E mesmo quando parece quando a nossa vida está a dar um dobra,
Rápida e seca,
Um vértice que corta o ar,
Tudo cai, tudo descamba,
Obedencendo à 1ª Lei de Newton.
Mas estamos somente a ser levados para um sítio melhor,
Sempre melhor,
Pois o Universo não hesita,
E quem somos nós para questionar,
Tudo o que Ele diz.

Então assim é.
Segurar os nossos próprios braços pois só isso é fixo em nós,
Fechar os olhos e engolir em seco.
Olhar para trás causa orgulho ou vergonha.
Olhar para a frente causa desespero ou esperança.
Olhemos então para o céu.
No profundo azul, tudo parece o mesmo,
Imutável.
Não importa o que aconteça,
Felizes ou tristes,
Mortos ou vivos,
Estamos entregues aos braços do Acaso,
Ao umbigo de Deus,
Ao pestanejar do Karma
Ou ao mar do Tudo.
Deixemo-nos então guiar.
Aproveitemos a viagem,
Só a teremos uma vez.
Passa a mão pelo cabelo dos que ficam,
E quando eles se vão, não olhes para trás ou tentes voltar.
Olha em frente.
Porque quando uma porta se fecha,
Abre-se uma janela.
E uma nova história inicia-se.
E és feliz.

Viver é morrer todos os diasOnde histórias criam vida. Descubra agora