8. Mal feito, feito!

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Bônus por César Medeiros

- Nem pensar! - digo enfaticamente, mas a verdade é que ele já tinha pensado.

Não somente pensado, mas comprado e agora estava determinado a me fazer concordar com uma loucura daquelas.

- Pô César, me dá essa moral! Eu preciso de você... - ele diz, suplicante.- Olha só, tem essa garota que eu estou namorando... Ela é demais cara! Ela...

- Não! - digo cortando a fala dele, sem me dar o trabalho de desviar os olhos da tela do notebook.

Para André, sempre havia uma garota. Eu já conhecia aquela história...

Me concentrei na tarefa que estava fazendo antes dele entrar como um furacão no meu escritório. A tela do notebook ligada onde estava fazendo o relatório trimensal do rendimento dos estágiários.

Por coicidência, me encontrava na pasta com o nome da Juliana Maestrano.

O que dizer sobre ela?

Seja profissional, César!, minha consciência ralha comigo.

A verdade é que eu ainda estava decepcionado pela mentira de Juliana sobre o projeto do Layout. Era visível a quem o projeto que Alberta apresentou realmente pertencia.

Na hora, eu até pensei em escolher outro o projeto, mas o que eu poderia fazer? Juliana tinha talento e o projeto dela era o melhor de todos, não teve como não...

- Agora eu entendi o porquê desse seu sorriso bobo... - uma voz fala perto do meu ouvido, me assustando.Olho para o lado e encontro André com a cara enfiada no meu notebook.

Eu havia esquecido que ele estava na minha sala.

E ele aproveitou a minha distração para dar a volta na minha mesa e enfiar a cara onde não havia sido chamado.

André é meu meio irmão. Somos filhos da mesma mãe. Ele é 8 anos mais novo e infinitamente mais chato.
Apesar de sermos filhos de pais diferentes, carregamos uma incrível semelhança, tirando o fato dele ser ruivo, o que o faz uma cópia minha mais jovem e enferrujada.

- Escuta aqui... - começo falando com a minha entonação de irmão mais velho, pronto para dar uma bronca.

- Ei, Ei tudo bem, mano! Eu não vou falar pra ninguém que você está pegando uma estagiária! - André diz, erguendo as mãos em defensiva.

Olho para ele pasmo.

- Eu não estou pegando ninguém! - digo furioso, se alguém escutasse uma coisa daquelas...

- Mas queria...

Foi a gota d'água. Me levanto pronto para dar uns cascudos nele, igual fazia quando éramos moleques, mas ele sabiamente se refugia do outro lado da mesa, longe do meu alcance.

- Qual é mano? - ele diz rindo da minha cara de bravo.- Falei alguma mentira?

Corto atrás dele e nós nos atracamos no chão como duas crianças. André ria alto enquanto eu dava uns cascudos nele. Ainda bem que já passavam das 21 horas e não havia mais ninguém na gravadora.

Entre Versos & CançõesOnde histórias criam vida. Descubra agora