Entre Versos & Canções

1. Prólogo

Havia sido um casamento perfeito. Todos os que estavam presentes, puderam acompanhar o olhar de cumplicidade entre os noivos. Eles realmente se amavam, mais que isso, eram verdadeiras almas gêmeas. Apesar serem jovens, já sabiam que haviam sidos feitos um para o outro.

A festa nem estava na metade, quando a noiva jogou o bouquê de flores, pouco tempo depois, eles saíram de fininho e fugiram para a lua de mel, afinal iriam para a Cidade do Amor, la belle Paris.

No avião, eles mal conseguiam manter as mãos longe um do outro e trocaram muitos beijos apaixonados.

Finalmente, eles puderam ver as luzes da cidade pela janela do avião e em pouco tempo já estavam pousando na França.

Os noivos apaixonados alugaram um carro e correram para o hotel 5 estrelas onde ele havia feito as reservas. A noiva é claro, achou tudo exagerado, ela se preocupava com os gastos que o marido estava fazendo desnecessariamente.

Mas ele apenas sorriu, afinal de que adiantava ter tanto dinheiro, se não poderia fazer um agrado para a sua linda esposa?!

Esposa. Ele gostava do som daquela palavra saindo dos seus lábios. Gostava mais ainda do gosto dos lábios dela.

Assim que chegaram ao quarto, eles não puderam mais refrear a paixão que os consumiam e se amaram loucamente, até ambos estarem saciados.

Depois do banho, eles se deitaram na enorme cama de casal e ficaram abraçados juntinhos vendo um pouco de televisão e se recuperando do esforço anterior.

O estômago da esposa ronca chamando a atenção do marido.

- Parece que tem alguém com fome!- Ele disse passando a mão pela barriga dela que riu.

O riso dela era como música para os seus ouvidos, na verdade tudo que ela fazia era como música para ele. Ela era a sua musa inspiradora.

- A culpa é sua!- Ela diz dando uns tapinhas no braço do marido.

- Vamos sair para jantar!-Ele disse animado, se levantando da cama.

-Mas por que não podemos pedir comida aqui no quarto?!- Ela disse se espreguiçando.

Ele chega perto dela e levanta o seu queixo com uma mão, forçando-a a olhar para ele.
Aqueles olhos eram incríveis, da cor verdes esmeralda e tão cheios de amor, que ele pensou que pudesse se dissolver naquele olhar.

- Por que minha querida...- Ele se interrompe dando um beijo demorado nos seus lábios.- ... estamos em Paris! E eu quero aproveitar cada segundo dessa cidade maravilhosa com você!

Na verdade, eles só tinham três dias para curtir a linda cidade, pois a agenda de shows dele estava apertada e ele apenas conseguiu aqueles dias de folga para comemorar o seu casamento. Ele queria curtir cada segundo com a sua esposa, levá-la a todos os lugares mais românticos e maravilhosos. Fazer daqueles três dias inesquecíveis.

A esposa se levanta e vai se trocar. Ele faz o mesmo. Uma hora depois ela sai do banheiro e o queixo dele cai. Ela estava deslumbrante em um vestido de veludo vinho, que lhe caia até os pés e realçava a sua pele morena e seus olhos verdes. Seus cabelos lisos e castanhos, estavam jogados todos para um lado só e soltos. Ela parecia uma atriz de cinema indo para a premiação do Oscar.

Ele perde a fala e apenas fica a admirando, até que ela se aproxima dele e o ajuda a terminar o nó da gravata.

- Uau, meu querido marido está sem fala?! Essa é novidade para mim!

A esposa diz sorrindo e ele também sorri. Depois a pega pela nuca e lhe dá um longo e apaixonado beijo.

- Assim você vai me desarrumar toda!

Ela protesta fracamente enquanto ele lhe beija o pescoço.

- Acho que vou cancelar o jantar!- O esposo diz a olhando com desejo.

- Nem pensar, eu não me arrumei toda para nada!- A esposa diz rindo e o empurra gentilmente.- Vamos!

Ele dão as mãos e vão embora. Mas antes o marido desliga a televisão que estava ligada em um canal de esporte onde passava um jogo da seleção francesa.

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A noite estava sendo muito agradável, apesar do clima meio frio, o interior do restaurante estava bem quentinho. Eles pediram os pratos e ficaram na mesa conversando e bebendo drinks.

Quando terminaram de jantar, ambos estavam quase dormindo sentados. Havia sido uma longa e cansativa viagem até Paris e o amor que fizeram no hotel, terminou de esgotar as suas forças.

- Ei, vamos voltar para o hotel e descansar?! - Ele pergunta quando percebe que a sua esposa quase dormiu em cima da sobremesa.

Ela assenti com a cabeça e se levanta.

- Vou ao banheiro e quando eu voltar, a gente vai!- Ela diz e dá um selinho na boca dele.

O Marido a fica observando sair e volta a terminar a sua bebida.
Alguns minutos depois, ele a vê saindo do banheiro e vindo na sua direção, ela sorri. De repente, ela levanta o olhar em direção a saída do restaurante e para de andar, seu sorriso murcha e ela olha para ele com os olhos arregalados.

O marido então se vira para olhar o que a esposa estava olhando assustada e seu coração para de bater. Três homens mascarados estavam entrando pela porta do restaurante, eles estavam armados com metralhadoras.

O primeiro homem atira em direção de um casal de velhinhos que estavam sentados num canto perto da porta e os outros começam a disparar a esmo em várias direções. O barulho é ensurdecedor.

O marido se levanta e corre na direção da sua esposa, para protegê-la, mas assim que começa a correr, ele sente uma dor aguda nas costas e tropeça caindo de rosto no chão. Ele ouve a esposa gritando o seu nome, mas quando ele ergue o olhar, a vê colocar a mão na barriga, suas mãos estão cheias de sangue.

- Fernandaaaa!

Ele grita o nome dela. Fernanda olha para ele, seu olhar transmite pânico e dor. Ela tenta andar na direção onde ele estava, mas é atingida novamente, dessa vez na cabeça. Ela cai no chão imóvel, seus olhos estão abertos e ele vê quando a vida deixa seu corpo. Aqueles lindos olhos verdes se tornando vazios.

- Nãooooo! Nãoooo!

Ele grita desesperado, sua visão turva pelas lágrimas e ele tenta se arrastar para perto dela, mas sente novos pontos de dor surgindo nas suas costas, braços e pernas, mas ele não se importa, pois a maior dor está em seu coração.

Ele ainda tenta se rastejar até onde ela estava, porém parecia que seu corpo era feito de chumbo. Então, ele ficou ali deitado com as mãos esticadas em direção a sua amada, mas sem conseguir tocá-la, enquanto a sua visão escurecia e os ruídos ao redor se tornavam cada vez mais distantes, até que o mundo que ele conhecia deixava de existir e dava lugar à escuridão.