Obrigado Pela Honra | Série Retaliação

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NOTAS DA AUTORA

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Inquietude e apreensão tomaram o ambiente. Selena que normalmente é uma das pessoas mais equilibradas, começou uma discussão em alemão com David que se pôs a se divertir com sua revolta, caindo perfeitamente em sua armadilha, enquanto Elizabeth, continuou guiando-me à banqueta, se desculpando posteriormente antes de dirigir-se a eles arrastando-os para fora da cozinha. Eu, no entanto, cansada, estava tentando compreender em que momento o dia se tornou tão desastroso. Não sabia exatamente como agir e também não me sentia disposta para lidar com mais discussões. A cada segundo, como se fosse uma assombração, a brigada da cozinha, os subordinados de Valentin me observavam; contudo, tentei não me importar, ignorando-os. Por sua vez, o chefe começou a impor ordens dando-lhes afazeres, o que fez com que o ambiente fosse tomado pelo delicioso aroma dos pratos sendo feitos. Somente quando todos tinham se ocupado, ele abandonou seu avental e sentou-se ao meu lado, retirando um lenço esverdeado do bolso de seu dólmã para secar o suor de sua testa. As vozes com entonação raivosas vindo de fora da cozinha, deixava nítido que David e Selena já não estavam encontrando meios de entrarem em acordo, e a cada segundo a situação me preocupava. Selena poderia se encrencar e a culpa seria toda minha, se pudesse contá-la que estava sendo defendida de algo que não aconteceu, nenhuma discussão estaria prosseguindo. - Se permanecer a torcer os dedos dessa maneira, wird einen knoten binden! - Valentin deixando-me confusa exclamou ao completar suas últimas palavras em alemão, e notando que não o compreendi, ele resolveu fazer um movimento com as mãos simbolizando um nó. - Consegue compreender, senhora Miller?

Não disfarçando a surpresa em meu rosto por ter agora um novo sobrenome, no tom mais baixo que pude, iterei. - Miller... - ainda que o chefe não tenha culpa da sensação estranha, ter o sobrenome de Liam me causou espanto. Ninguém havia se referido de tal forma a mim; e apesar de demonstrar meu desconforto, Valentin pareceu não se importar.

- Einen... einen knoten... - retornando a fazer o movimento com as mãos para sinalizar a explicação de que acabaria dando nós em meus dedos; ele repetiu e eu confirmei que tinha compreendido.

- Sinto muito... - deixando as mãos caírem sobre a ilha na tentativa de parar a ansiedade, Valentin retirou o xapô de sua cabeça. - Eles estão em uma discussão sem sentido, Selena pode se prejudicar!

Gentilmente, ao estender suas mãos o chefe apalpou as minhas que não tinha notado antes os tremores involuntários. - Eles cresceram próximos, criança... - com o forte sotaque e as poucas palavras em inglês que dificultam nossa comunicação, ele tentou ser breve. - Não se preocupe! - posteriormente houve silêncio, apenas pude ouvir a discussão e seus subordinados na preparação da refeição. E com olhos fixos pelo ambiente, Valentin transmitiu estar longe da realidade; não em sua alegria habitual. No entanto, não tardou para que puxasse do dólmã um relógio de bolso dourado, abrindo-o. - Minha Emme... - estendendo-o em minha direção fui permitida a observar uma fotografia antiga de uma pré-adolescente, que aparentava ter entre seus onze e doze anos. Cabelo loiro escuro, pálida, olhos esverdeados, queixo bem marcado e o sorriso que faz sobressaltar suas bochechas como os do chefe.

Me fez sorrir. - Ela é linda... - e de fato era, seu olhar expressava plena felicidade. - Sua filha? - indaguei, sendo confirmado em seguida por ele. - Como não fomos apresentadas? - não recordava de Selena sequer informar que ele tem família.

- Minha pequena, doce e gentil Emmeline. - houve um suspiro e quando meus olhos correram para ele, percebi que além do tom de sua voz ter se tornado carregado, o assunto pareceu entristecê-lo. - Sua graciosidade e doçura, me faz lembrar a minha menina. - eu estava confusa, sem saber o que é ou não necessário saber, com medo de ser indelicada e entristecê-lo mais.