Capítulo Seis

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~ ANDREW ~

Depois daquele dia em que Louíse me viu, se passaram duas semanas até que eu tive coragem de voltar até lá.
Olhei pela janela e vi que ela estava deitada, já dormindo. Tentei abrir a janela, mas a mesma estava trancada, então bati na mesma. Vi Louíse se virar e sentar-se na cama, coçar os olhos e em seguida olhar para a janela. Ela se levantou e vagarosamente foi até a janela, me olhando nos olhos como se me analisasse. Abriu o trinco e puxou a janela para cima. Cruzou os braços e disse:

— Tá legal, agora eu posso saber quem, o que você é e o que quer de mim?

— Eu posso entrar?

— Se você prometer não me matar,
pode. — Ela arrumou o cabelo.

— Sim, eu prometo. — Sorri, meio acanhado.

— De dedinho?

— Sim, de dedinho! — Revirei os olhos e sorri.

Ela então permitiu que eu passasse. Entrei e fiquei parado no meio do quarto, aguardando ela fechar a janela. Louíse então parou de frente para mim, mas distante.

— Bom, acho que já está na hora de me apresentar, não é mesmo?

— Sim.

— Prazer, Andrew. Sou seu anjo da guarda!

Ela arregalou os olhos e olhou para mim meio confusa.

— Você o quê?

— É isso que você escutou, sou um anjo. Mais precisamente seu anjo da guarda.

Ela me olhou fixamente, e o quarto ficou em silêncio durante um tempo. Louíse andou e se sentou na cama. Olhou para mim, e depois para o chão. Olhou para mim novamente, e para o chão. Fez isso durante um tempo. Claro, eu super entendo sua reação. Em sua situação iria feito o mesmo.

— Tá, você quer que eu acredite que você é mesmo um anjo? — Ela disse, quebrando o silêncio do quarto.

— Sim!

— Okay. E como eu posso ter certeza? Eu também poderia dizer que sou um anjo...

Eita garota desconfiada!

— Você ainda tem medo do escuro.

— E daí? Muitas garotas ainda tem medo do escuro. Pode ter sido apenas um chute muito bom!

— Tá, deixa eu ver... — Pensei um pouco antes de falar. — Pra você, suicídio é a única escapatória do sofrimento que a vida lhe proporciona. Quando você tinha 14 anos sofreu um acidente com sua prima e a única sobrevivente foi você...

Eu ia continuar falando, mas ela me interrompeu.

— Tá, como você sabe tudo isso?

— Espera, eu ainda não terminei! Talvez você ainda tenha dúvidas, mas isso vai te dar a certeza. Nesse acidente você sentiu alguém apertar sua mão e lhe dizer que tudo iria ficar bem, não foi?

Ela arregalou os olhos. Acho que aquilo a surpreendeu mais do que eu ser um anjo.

— Meu Deus, o que está acontecendo aqui? É impossível você saber isso! Sobre o suicídio algumas pessoas já desconfiam, sobre o acidente muitas pessoas sabem. Mas isso aí é impossível alguém saber, a não ser que... — Ela fez uma pausa e só então adivinhou o que estava acontecendo ali. — A não ser que a pessoa estivesse ali! Ah, não pode ser. Era você quem estava lá? Foi você quem apertou minha mão? Mas como? Meu Deus.

Meu Querido AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora