Capítulo Três

51 8 2
                                    

~ LOUÍSE ~

Acordei às 07h e 30m em ponto da manhã. "Droga, acordei!"
Estava atrasada para ir para a escola. Me levantei correndo, lavei meu rosto, penteei meus fios loiros e vesti meu uniforme. Desci as escadas e fui tomar café, daria tempo porque a primeira aula eu já havia perdido. Um pão com manteiga e um copo de achocolatado foi tudo o que eu comi. Minha mãe ainda estava dormindo e meu padrasto já tinha ido trabalhar. Peguei minha mochila e corri para pegar o ônibus, que para minha sorte não demorou nem cinco minutos. Achei um banco vazio e me sentei, era ao lado da janela. Fiquei pensando o quão ruim aquele dia poderia ser, e já fiquei cabisbaixa sem nem ter acontecido nada ainda. Chegando na escola entrei e uma das funcionárias já me levou direto para a diretoria. Era lá que os atrasados esperavam. Sentei do lado de fora esperando a diretora me chamar. Haviam mais dois meninos sentados ao meu lado também aguardando.
Depois de longos 43 minutos contados no relógio ouvindo um dos garotos estourar repetidamente uma bolinha de chiclete que fazia com sua boca, — eu juro que queria grudar aquele ciclete na testa dele — escutei um grito vindo da sala dela. "Louíse Peterson". Me levantei e fui até a sala arrastada, abri a porta e entrei.
Marta era o nome da diretora, a diretora mais chata que toda aquela escola poderia ter! Ela é uma senhora de mais ou menos uns 65 anos, não sei ao certo porque ela não conta sua idade para ninguém, mas seus cabelos grisalhos e suas rugas não a deixam mentir.
Sentei-me em uma cadeira almofadada em frente à sua mesa e coloquei minha mochila na cadeira ao lado.

— Bom dia senhorita Peterson.

Dobrei a perna.

— Bom dia. — Eu disse fingindo um sorriso.

— Como você está? Aconteceu algo para se atrasar mais uma vez?

— Aconteceu... eu acordei!

Olhei para o teto e depois para ela, que me observava atentamente enquanto apoiava seu queixo nas mãos.

— Louíse, aposto que foi dormir tarde novamente não é? — Ela aguardou a minha resposta, que não veio. — Você precisa aprender a dormir cedo, isso deveria ser uma regra na sua vida! Você sabe as inúmeras doenças causadas pela falta de sono? Primeiro que faz mal para o coração...

À essa altura eu já não estava mais prestando atenção. Sabe quando você olha para uma pessoa, que quem vê até pensa que você está entendendo, mas na verdade sua cabeça está em Nárnia? Era exatamente assim que eu estava. Queria revirar os olhos, mas por educação não fiz nada, apenas fiquei à olhando. Eu apenas conseguia pensar no que ia acontecer quando eu chegasse em casa. Que tática meu padrasto usaria mais uma vez para se "aproximar" de mim, como minha mãe reagiria e à que horas eu iria dormir.
Quando a Sra. Marta terminou de falar, "agradeci" e sai da sala. Fui até minha sala de aula e me sentei. Meu dia foi apenas mais um dia normal, como sempre.

💫

Quando voltei para casa no começo da tarde o sol estava quente e minha barriga roncava de fome. Assim que cheguei vi minha mãe preparando o almoço. Joguei minha mochila no sofá e fiz a mesma coisa com meu corpo. Eu sentia meu corpo afundar no estofado enquanto eu olhava para o teto me preparando para o que estava por vir.

— O que tem para o almoço hoje? — Eu disse olhando para minha mãe.
Levantei do sofá e me sentei.

— Bife acebolado, arroz, feijão e salada de alface. — Ela me olhou sorrindo.

Minha mãe era de fato uma pessoa com um coração muito bom, mas meu padrasto à destruia. Ela era muito vaidosa antes, até o começo do relacionamento dos dois ela ainda se cuidava muito. Mas depois que meu padrasto realmente mostrou quem era, ela largou tudo de mão.

— Eba! — Me levantei e fui até ela, dando-lhe um beijo na bochecha.

Era difícil existir um toque físico de carinho com ela enquanto meu padrasto estava por perto.

Almoçamos e eu fui para o meu quarto.
Fiquei pensando se eu deveria fugir e voltar só no dia seguinte, ou nunca mais voltar. A melhor alternativa para mim continuava sendo acabar com a minha vida, assim eu não passaria por mais nada de ruim, nunca mais!
Em meio ao emaranhado de pensamentos, acabei dormindo. Acordei com a porta do meu quarto sendo aberta nada cuidadosamente. Olhei para a janela rapidamente, já estava escuro. Fui virada violentamente, e só então percebi o que estava acontecendo.  O meu pior pesadelo iria se repetir.

— Oi, meu amor! — Ele deu um sorrisinho malicioso de lado. Meu Deus, como eu odeio esse sorriso!

— Oi nada, sai!

Tentei dar um chute nele, mas sem sucesso. Ele pegou minhas bochechas com uma das mãos e fez "boca de peixinho" com os meus lábios.
Olhei no fundo dos olhos dele e seu sorriso ia de orelha à orelha. Eu odiava aquele cara, do fundo do meu coração. Ele não era digno de me tocar, muito menos de ser esposo da minha mãe!

— Hoje você é minha!

Não havia o que eu pudesse fazer, então apenas fiquei quieta. Me entreguei à dor e ao ódio que corriam em meu corpo agora.

Depois de fazer tudo o que ele podia e não podia fazer, ele saiu do meu quarto sem dizer nada

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Depois de fazer tudo o que ele podia e não podia fazer, ele saiu do meu quarto sem dizer nada. Fiquei por alguns minutos sentada ali na cama, chorando, como sempre fazia após o ato. Todo o estresse que Marcos tinha durante o dia, ele descontava em mim, da pior maneira possível. A risada que ele sempre dava quando estava me estuprando não saia da minha cabeça. Era como uma daquelas canções de comercial irritantes que grudam na sua mente e parece que não vão sair nunca mais.
Sai do quarto e fui beber um copo d'água na cozinha. Durante o trajeto de menos de 20 passos, lá estava ele, largado no sofá de cueca, assistindo ao jogo de futebol que passava na tv. Parei por um instante, me permitindo olhar no fundo dos olhos dele por alguns instantes, o que confesso que não fazia à muito tempo. O olhar com que ele me olhava era indecifrável. Uma mistura de ódio e maldade. A única coisa que eu conseguia sentir por aquele cara era nojo! Continuei andando até a cozinha, bebi minha água e na volta para o meu quarto fingi que ele nem estava ali na sala. Deitei, me cobri, e adormeci em menos de dois minutos.

Meu Querido AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora