Capítulo Sete

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• Dedico esse capítulo ao meu tio Esmeraldo de Souza e minha tia Eunice de Souza, que agora estão com os anjos.  ❤

💫

~ LOUÍSE ~

Já se passavam das 22h, e ali estávamos nós, sentados no terraço do meu prédio, observando os outros edifícios. Descobri que aquele era o lugar onde Andrew mais ficava durante o dia, e se aquele lugar fazia bem para ele, também passou a me fazer bem. Era gostoso ficar observando todos aquelas fileiras e fileiras de prédios iluminados e ficar imaginando o que as pessoas — vulgo vidas — estavam fazendo ali, dentro de seus apartamentos, escritórios, restaurantes e etc. Era interessante imaginar que em algum restaurante iluminado apenas pela luminosidade de velas por ai, alguém estava sendo pedido em casamento nesse exato momento. Ou que em algum apartamento, um bebê chorava por estar com a fralda suja e um casal discutia para ver quem iria trocá-lo. Mas será que alguém, de algum lugar, estava assim como eu imaginando que por ai haviam uma garota e um anjo sentados no terraço de um prédio observando a cidade?

— É gostoso não é? — Andrew disse quebrando o silêncio.

— O quê?

Olhei para ele, que já estava me olhando.

— Observar tudo isso.

— Ah! É gostoso sim. Parece uma terapia, e ao mesmo tempo está me deixando louca!

— Louca? Por quê louca? — Ele se assustou.

— Porque eu estou imaginando que em algum lugar por ai, alguém tem um teste de violino amanhã e estava ensaiando, e ai uma das cordas quebrou e ela não tem uma reserva. Já imaginou que pesadelo?

Andrew riu, e eu ri junto, admirando o sorriso dele e me imaginando como seria tocá-lo.

— Posso te fazer uma pergunta? — Ele olhava fixamente para os meus olhos.

— Pode.

— Como era o seu relacionamento como o seu pai?

Olhei para frente e pensei um pouco até responder.

— Bom... Quando eu era pequena meu pai trabalhava até tarde. Ele chegava tarde da noite todos os dias, e eu sempre ficava acordada o esperando até que ele chegasse. Quando eu ouvia o barulho do portão, já me preparava. Quando a porta da sala abria e ele entrava com aquela mochila preta nas costas, eu saia correndo e pulava em seus braços como uma forma de recepção. Não havia um dia que eu não fizesse isso. Ele comia e ia se deitar para dormir. Eu ficava deitada na minha cama esperando minha mãe ir tomar banho. Quando o chuveiro abria, eu levantava minuciosamente da cama para ela não ranger, e saia correndo para ir dormir com meu pai. Quase toda noite era assim, e minha mãe ficava uma fera. — Sorri. — Quando minha mãe ia se deitar para dormir, meu pai me pegava no colo e me levava de volta para a minha cama. Eu sempre acordava, mas ele não sabia disso. Daí ele me cobria, me dava um beijinho e ia para a cama dele de volta. Tinha noites em que minha mãe tomava banho cedo e eu era obrigada a ir dormir no meu quarto mesmo, ai eu pedia para ele contar historinhas para eu dormir. É fato que eu nunca dormia no meio da história igual as crianças dos filmes, mas eu sempre prestava atenção em toda a história. Elas sempre eram sobre uma princesa com meu nome, — por quê será? — e um cavalo com o nome do cachorro que eu tinha na época. Sempre que tinha um tempinho vago ele brincava comigo. Bem, posso dizer que minha infância foi muito boa, e minha relação com ele sempre foi a melhor... até que aconteceu a tragédia...

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⏰ Última atualização: Nov 08, 2017 ⏰

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