19 Capítulo - Voltando ao normal

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Eu pude perceber na fisionomia de Gustavo, o quanto ele ficou nervoso ao ver minha mãe totalmente parada à sua frente.

- Vai, pega essa toalha e essa escova de dente – estendi a mão e entreguei – E vai tomar banho para tomar café da manhã.

Gustavo vai para o banheiro e eu já sabia que iria ouvir algo da minha mãe.

- Então é isso, vocês dormiram no mesmo quarto? – Ela me olhou fixamente – Eu já disse que não quero este garoto com você e muito menos aqui, dormindo no mesmo quarto que você.

- Isso é uma piada, mãe? – Dei risadas irônicas - Então eu com 20 anos vou precisar deixar minha mãe escolher minhas amizades, é isso mesmo?

- A questão é que está se tornando frequente e é perceptivo que esse menino é via... – Foi interrompida.

- A senhora querendo ou não, eu vou continuar sendo amigo dele. – Dei uma leve tapa na mesa - Então por favor, tente disfarçar um pouco, pois ele hoje vai sentar nessa mesa para comer conosco.

- Faça isso e você vai ver o que eu vou fazer – Soltou um tom ameaçador.

Diante daquela pequena discussão, Tacy não esboçou nenhuma reação. Gustavo por sua vez, havia acabado o banho e sentou-se à mesa para tomar café da manhã. Porém, ficamos todos constrangidos quando minha mãe levantou-se da mesa e foi para seu quarto alegando que tinha perdido a fome e não estava sentindo muito bem. Eu achei melhor deixar para tomar banho depois e continuei comendo na companhia da minha prima e do meu amado.

- Vamos, Miguel? Já acabei – Gustavo falou após acabar de comer.

- Espera, vem aqui – Levantei e o levei para o quarto – Eu preciso me arrumar.

Gustavo esperou no quarto enquanto eu tomei banho, me arrumei e chamei um taxi. Coloquei o livro que havia dado para ele em uma bolsa e o dei um longo beijo. Logo após, saímos e ficamos em frente a minha casa esperando o taxi chegar que não demorou muito. Antes que ele entrasse no carro, olhei para os dois lados da minha rua para confirmar que ninguém iria ver e dei um outro beijo carinhoso de despedida, mas ouvir um barulho de uma moto descendo a rua e me afastei rapidamente dos lábios de Gustavo, credo que esse suposto motoqueiro não visse aquele ato. Acredito que consegui disfarçar, porém, o rapaz que estava na moto, era meu amigo André, que por sinal, não parou para falar comigo e seguiu em sua moto descendo a rua.

Eu não me importei, pois acreditava que realmente não havia dado para ver, então entrei para minha casa e fui em direção ao quarto da minha mãe.

- Mãe, abre a porta – Bati na porta – Eu preciso falar com você.

- Fala Miguel – Ela abriu a porta – O que você tem para me explicar?

- Eu não tenho nada, mãe. A senhora que precisa me explicar essa falta de educação – Falei entrando e sentando na ponta da cama.

- Eu fui mal educada ou você me faltou o respeito? Eu te falei que não quero você com esse garoto. Você não percebe que ele é gay?

- Mãe, eu sei que ele é gay, mas antes dele ser isso, ele é meu amigo e de Bianca. Ele só saiu tarde da festa que foi aqui perto e me ligou para perguntar se poderia dormir aqui e eu não neguei. Pode olhar no meu quarto, os lençóis estão no chão, pois foi lá que ele dormiu.

- Mesmo assim, Miguel. Eu não aceito ter um filho gay igual aquele garoto.

- Cala boca mãe, ele é uma pessoa normal igual a qualquer outra. – Eu a interrompo – E se eu um dia me tornar gay, não será por influencia dele. Mas já chega, a senhora tem uma mente muito fechada. Vou cuidar para trabalhar que é o melhor que eu faço.

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