Capítulo 24

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POV Lucy

Após minha conversa com o Dean, eu fui para meu quarto e deitei em minha cama e acabo cochilando. Acordo assustada e olho no relógio era 1:00hr da manhã. Eu só queria dormir até amanhã, queria parar de pensar em tudo um pouco, só que não consigo. Meu irmão, por 700 anos sendo controlado pelo Diabo. Como eu pude ser tão egoísta? Deveria ser eu em seu lugar... E se... E se ele realmente não conseguir ser mais o mesmo? E se eu não conseguir trazer meu irmão de volta?! Em meio a tantos pensamentos, eu me derramo em lágrimas. Ouço a porta abrir, limpo meu rosto e olho pra ver quem era, era Sam:
- Ei, vim ver como você está... Você tá chorando? - Ele diz e eu não me controlo, desabo mais uma vez. Ele me abraça forte e encosta suas costas na cabeceira, fazendo eu ficar deitada em seu peito. Sinto suas enormes mãos passando suavemente em meus cabelos.
- Eu não aguento isso tudo sozinha, Sam... Eu juro que eu tô tentando, mas parece que tudo desmorona.
- Ei, calma. Tudo pra dar certo tem que dar errado. Você é forte e pode lutar contra qualquer coisa. Você consegue lutar contra seu próprio descontrole, então você consegue lutar contra tudo. - Ele diz, levantando meu rosto e secando minhas lágrimas. - Eu tô aqui e vou lutar do seu lado.
Dou um beijo nele, um beijo intenso mas suave, ele me abraça tão forte. Em seus braços eu sinto que nada de ruim vai acontecer. Por um instante, me sinto segura. Nos braços dele é onde eu encontro paz. Afastamos os beijos e em meio a selinhos eu sussurro um "obrigada". Ele beija minha testa e me encara, perguntando o que aconteceu. Eu conto a situação e ele só me ouve e me olha. Então, ele me conta uma história do seu irmão, Dean.
- Eu já passei por algo parecido, duas vezes. Meu irmão já foi para o Inferno, já recebeu a marca de Caim, ficou descontrolado, virou um demônio. Mas eu nunca desisti dele, sempre tem um jeito, não importa quanto tempo leve ou o que custar. - Eu sento em seu colo, coloco as mãos em seu peito e encaro ele prestando atenção em cada palavra: - Muitas vezes eu achei que não iria conseguir trazê-lo de volta. Já tentei até vender minha alma. Mas muita coisa pode rolar, as coisas podem se reverter e tudo pode acontecer. E você sempre tem que estar preparada pra bater e apanhar, mas também para abrir os braços e agarrar qualquer oportunidade que tiver pra salvar quem ama, mesmo que isso custe um preço alto.
Ouvindo isso, lembrei dá proposta de Kai. Eu abaixo a cabeça e Sam a ergue com suas mãos em minha bochecha, e me encara com um olhar de dúvida. Pego suas mãos e entrelaço meus dedos nas mesma.
- Kai propôs uma coisa. - Digo, e Sam me olha atento. - Ele quer absorver o poder do Grimório.
- Mas ele não vai aguentar, você sabe, é muito poder.
- Eu sei disso tudo, e se eu puder dar um pouco de estabilidade, meio que uma força pra casca dele aguentar? Um escudo, uma barra de proteção... Eu não posso mais causar dor pra minha família Sam... Se Lana perder o Kai, eu não sei o que será dela.
- Ei, pensaremos em algo, okay? Tudo tem um jeito. E se isso acontecer... Lana é forte, irá superar.
- Tem outra coisa que eu quero falar pra você também. - Digo olhando sério pra ele.
- Amanhã eu vou na Lux falar com Lúcifer, vou pegar o Grimório.
- O que?! Como?! Ele não vai entregar pra você de mão beijada.
- Eu sei que não, por isso pensei em fazer ele acreditar que eu tô dentro no plano dele de libertar Lucius.
- E se você não conseguir?
- Bom, eu tenho meu plano B.
Sam me olha assustado, sabe que boa coisa não vem aí, e pergunta seco com medo da resposta:
- E qual seria esse plano?
- Crowley. - Digo, e ele me olha preocupado.
- Não, você vai arrumar mais problema pra si, Lucy. Eu não vou permitir isso. Não deixa Crowley fazer sua cabeça, não caia no papo de demônio, ainda mais de Crowley. Ele só pensa em seu próprio lucro.
- Eu sei, mas é a única forma. Crowley é inteligente, eu posso muito bem armar uma emboscada e pegar o Grimório. Ele não fará nada contra mim, ele precisa da minha ajuda.
- Você não entende, Crowley tá sempre 10 passos a frente. Ele não teria coragem de enfrentar você sem uma carta na manga. Ainda mais sabendo que você é filha do Lúcifer. Ele deveria temer você, e não enfrentar, isso significa que ele tá confiante demais...
- Sim, ele me ameaçou com Lana, com você... - Quando eu digo isso, abaixo a cabeça e encaro seu peito.
- Você não vai entrar no jogo dele porque te ameaçou comigo né?!
- Sam, eu não posso deixar nada acontecer com você, eu não posso deixar você se ferrar por minha causa, deu a cota de pessoas que se lascaram comigo.
- Eu sei, mas não vai acontecer nada comigo. Eu sei me defender e eu não tô sozinho, tenho o Dean, o Castiel e agora a Eva. - Ele me encara com aquele olhar penetrante e completa: - Você.
- Mesmo assim, eu tenho medo. Não vou deixar ele me controlar. No final de tudo, o Inferno não terá mais rei. Pois esmagarei ele com minhas garras. Ele é só um atalho pro meu plano...
Sam suspira, e me puxa pra um abraço envolvente. Ele me abraça tão forte que eu relaxo ali mesmo e acabo pegando no sono em seus braços.
No dia seguinte eu acordo e Sam não está ali. Coloco uma roupa de couro, colocando na cabeça que hoje talvez terá uma briga feia e já quero ir preparada, prendo meu cabelo com um rabo de cavalo, pego minha espada e meu chicote e desço as escadas e vejo os 4 (Sam, Dean, Castiel e Eva), sentados conversando, quando apareço eles param e me olham:
- Sam e Cass me contou do seu plano com Crowley. - Eva diz, decepcionada.
- É só um plano reserva, caso o de hoje não der certo. - Digo indo pegar café.
- E qual é o plano principal?! - Eva levanta assustada e Sam responde:
- Pegar o Grimório com Lúcifer.
Eva olha absmada e encara o chão pensativa. Depois ergue o olhar pra mim e diz:
- Você sabe que isso não vai dar certo, ele não vai dá o Grimório de mão beijada pra você.
- Eu sei que não, por isso vou barganhar com ele. Ou melhor, fingir uma falsa negociação. Onde ele vai dar o que eu quero, e ele nunca terá o que quer.
- O que você quer dizer?!
- Nada, Eva. Eu vou indo porque eu tenho um dia cheio hoje.
- Deixa eu ir com você. - Eva diz, com a voz preocupada.
- Não, eu vou sozinha. Cuide dos rapazes, não se sabe o que pode acontecer depois que eu pegar o Grimório.
Vou em direção a porta, todos me olham com olhares preocupados, principalmente Sam. Digo que daqui algumas horas eu volto e que vou ficar bem. Bato a porta atrás de mim e sigo o caminho até a boate, sem olhar pra trás.
Chegando na Lux, logo avisto Lúcifer com aquela mulher morena que ainda não sei quem é.
- Olha só que surpresa. - Lúcifer diz, enquanto me encara com olhar de dúvida. - O que veio fazer aqui? Tentar acabar comigo de novo?! É o máximo que você consegue, só tentar.
- Cala a boca, não vim para brigar. Ainda. - Digo puxando a cadeira e sentando na mesma. Encaro a vadia que está do lado de Lúcifer e o mesmo diz:
- Maze querida, deixe-nos a sós. Isso é um assunto de pai pra filha.
- Qualquer coisa estarei no balcão. - Maze diz, saindo de cena, mas não deixa de me encarar.
- Agora podemos conversar melhor, o que te trouxe aqui? - Lúcifer diz, bebendo o whisky em seu copo.
- Eu sei do seu incrível plano de libertar Lucius usando o poder do Grimório.
Ele me olha, de primeira assustado pois não era de se esperar que eu sabia, mas depois dá um sorriso diabólico.
- Então você sabe, hummm. E o que pretende?
- Olha, eu me culpo muito pelo meu passado e quero tirar Lucius dessa. - Ele ouve atentamente. - Eu só quero meu irmão de volta. E sou capaz de tudo por isso.
- Até se aliar a mim? - Lúcifer pergunta, não tirando o olhar de mim.
- Até me rebaixar tanto quanto agora.
Ele ri, coloca o copo sob a mesa e levanta, pega meu pescoço e aperta:
- Você acha que eu sou idiota?! Eu sou a traição em pessoa e você é minha filha, é tão igual a mim que poderia dizer que é uma xerox. Então me fala filhinha, o que você quer? Ein? O Grimório? É pra isso que você veio não é?
Dizendo isso, Lúcifer me joga longe. É, meu plano falhou miserávelmente. Enquanto ele anda em direção a algum lugar, consigo ouvir sua voz alta e clara:
- O Grimório está em melhores mãos, protegido até a Lua de Sangue. É onde eu vou libertar meu querido primogênito. Eva mentiu pra vocês que o Novium começaria na lua de sangue, mas na verdade, seu irmão seria solto nesse momento, ela sabe do que Lucius é capaz. E sabe quanto tempo falta pra isso acontecer filhinha? Três dias.
Dizendo isso, meu corpo arrepia todo. Três dias é muito pouco tempo pra eu conseguir um plano e salvar Kai e recuperar o Grimório. Enquanto Lúcifer diz, ele anda em minha direção, me pega em seu colo e me leva pra um lugar, parecia um quarto secreto.
- Agora você está aqui presa comigo. Só falta a sua irmãzinha agora. Você quer o Grimório? Eu vou te dar ele, bom que você já treina seus poderes pra daqui três dias.
Lúcifer me prende em correntes e vai até uma parede, parecia ter um fundo falso. Ele diz umas palavras e digita uma senha. Parecia um feitiço misturado com tecnologia. Ele olha pro local e para em prantos.
- AONDE ESTÁ?! - Ele grita e olha para mim. Seus olhos estão completamente vermelhos, sua besta e sua real forma é visível por alguns instantes. - MAZEEEEEEE, VENHA AQUI AGORA!
Ouvia os passos abafados de Maze que olha para o recipiente vazio e entende a fúria de Lúcifer.
- Aonde está o Grimório? - Ele se aproxima agarrando seu pescoço. - EU DISSE PRA VOCÊ CUIDAR DO GRIMÓRIO, PARA DAR SUA VIDA A ELE E É ESSE O SEU TRABALHO INCOMPETENTE?!
Maze tira as mãos de Lúcifer de seu pescoço e soca sua cara.
- Eu tô cansada de seus joguinhos Lúcifer, porquê eu daria minha vida a esse maldito livro?! SEMPRE FIZ DE TUDO POR VOCÊ, MAS EU SEI QUE O SEU PLANO NO FINAL DE TUDO É SUBIR PARA OS CÉUS DEPOIS DE MATAR DEUS E REINAR COM SEU FILHO. E EU?! QUEIMANDO NO INFERNO QUE ESTARÁ ESSA TERRA. ACHA QUE EU NÃO SEI?!
- Aonde você colocou o Grimório?! - Lúcifer diz se levantando. - Eu nunca deixaria você, Maze. Você é meu braço direito, você sabe disso. Você sempre me ajudou, sabe que não faria algo assim com você.
- Ele tá mentindo, Maze. - Digo me levantando e me soltando das correntes com a espada. - Você sabe que a primeira coisa que ele vai fazer quando libertar Lúcifer e concluir seu plano, é se livrar de qualquer impecilio. Incluindo você.
- VOCÊ NAO SE METE PIRRALHA! - Lúcifer tenta me dar um golpe, mas é impedido por Maze.
- Ela tá certa, eu acreditei em você por muito tempo. Mas eu sou apenas parte de seu plano sujo que no final, serei descartada. Eu não sou burra e nem cega. - Maze diz e após isso, ela joga Lúcifer longe, o atrasando pra nós duas sairmos daquele lugar.
Após corrermos pra bem longe da boate, Maze me segura e diz:
- Eu vou te mostrar onde está o Grimório, venha comigo.
Eu não sabia se podia confiar nela, mas eu a segui. Se fosse alguma armadilha eu estava preparada, pois tinha minha espada comigo.
Ela me leva até um prédio velho, parecia um asilo abandonado. Havia alguns demônios rodando o local. Quando adentro, a atmosfera é pesada e por dentro parecia um lugar misterioso e bonito, parecia um grande castelo escondido em um prédio velho.
Maze me leva até uma sala, onde eu o vejo com o Grimório em mãos.
- Crowley. - Digo olhando enfurecida. Isso tudo era parte do plano dele? Fazer Lúcifer ficar desesperado e perder aliados, ficar sozinho e ainda por cima, sem o Grimório!?
- O próprio. Você não percebe que não tem pra onde correr, Lucy? Eu sou sua última e única saída.
- Você não percebe que ficou mais fácil pra mim agora? Pegar o Grimório de um mero demônio? - Após eu dizer essas palavras, sinto uma forte dor de cabeça e vejo uma mulher ruiva adentrando a sala, repetindo umas palavras que pareciam ser em latim.
Eu caí no chão com as mãos na cabeça e logo depois senti algo queimar em meu braço, havia uma marca.
- O que você fez comigo sua bruxa maldita?! - Digo enfurecida, mas fraca.
- Olha como você fala com a minha mãe. - Crowley diz enquanto se aproxima de mim.
- Isso é um feitiço onde eu vou saber aonde você está, com quem está, enfim, tudo. Não adianta usar sua enorme habilidade pra se esconder de mim, você está limitada, eu te controlo agora, e não adianta tentar tirar o feitiço. Somente a bruxa que o fez pode retirar, pq ele vem do livro dos condenados.
Ele me levanta, me colocando de pé.
- Eu sei que você é uma cadela teimosa, então resolvi certificar que você estará do meu lado, querendo ou não. Você agora é minha marionete.
- O que você quer que eu faça? - Digo em meio a falta de ar que sentia, o feitiço era tão forte que eu mal parava em pé.
- Eu quero que Lana absorva o poder disto. - Ele diz levantando o Grimório. - Você sabe disso. E não adianta você fazer sua irmã usar o Grimório contra mim, porque o feitiço está ligado a mim. Se eu morrer, você morre.
Aquela queimação no meu braço por causa da marca parece se aliviar.
Olho para Maze com olhar de fúria, ela treme ao lembrar de Lúcifer, pois eu era mais parecida com ele do que qualquer um da família.
- Me dê. - Digo erguendo os braços para pegar o Grimório.
Ele me entrega o Grimório, posso sentir seu poder nas minhas veias.
- Lembre-se, tente alguma coisa que eu te destruo, molécula por molécula.
- E se eu morrer?
- Acha que realmente vai acontecer alguma coisa comigo? Você está ligada a mim, mas eu não estou ligado a você.
Após aquelas palavras, eu olho no fundo dos olhos de Crowley e sussurro em seu ouvido:
- Isso não acabou, você não tem idéia do que sou capaz. Estou limitada, mas não morta. Seria mais inteligente de sua parte me matar.
Após dizer isso, quando abro as portas para o corredor, vou embora daquele lugar, indo de volta para casa. Posso ter me ferrado, mas consegui o Grimório. Pelo menos, o que tiver que acontecer, dessa vez, acontecerá comigo e ninguém precisará pagar pelos meus pecados.

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