Part 1 (2014-2015)
Ryan tinha acabado de completar 20 anos e seu principal presente viera adiantado: ele finalmente tinha realizado o sonho de assinar com o Chicago Blackhawks, depois de uma vida torcendo para o time. Sentia até alívio em pensar que tudo estava certo dessa vez, sem nenhum obstáculo, era só manter os olhos em um futuro promissor e dedicação não seria um problema para ele.
Perseverança. Era sua palavra.
Já tinha encontrado um apartamento na cidade, já que agora a sua rotina se resumiria a comer, dormir, academia e treino. United Center seria a sua nova casa.
Estava entrando no prédio em um final de tarde de outono, quando a sua vizinha lhe apareceu. Uma menina estava ao seu lado, carregava uma mala do tamanho de um armário e tinha os cabelos loiros escuros presos em um rabo de cavalo. Parecia cansada e ele logo se sentiu no dever de ajudá-la.
– Wanna help? – perguntou e ela olhou para ele, até um pouco assustada. – Você quer ajuda? – ele repetiu devagar agora, percebendo que talvez a garota não fosse daquele país e muito menos falasse sua língua.
– Ah, não precisa – ela respondeu envergonhada, com o inglês um pouco diferente do habitual.
Ele deu de ombros, arrumando o cabelo e andando até o elevador. Mas assim que olhou pra trás e viu a garota tendo problemas com a mala junto com a tia, balançou a cabeça e se xingou mentalmente porque ele estava sim cogitando se oferecer novamente.
Dammit.
Ryan voltou atrás e limpou a garganta, chamando a atenção delas.
– Sério, acho que vocês precisam de ajuda – tentou de novo e antes que a menina falasse algo, a tia largou a mala.
– Por favor, se não for te incomodar muito.
– Imagina – ele pegou a mala e viu que a roda tinha empenado. – Eu posso consertar isso, é só esvaziar e levar no meu apartamento.
– Claro – a vizinha disse e a menina arregalou os olhos. – Obrigada.
– Por nada – ele piscou e carregou a mala até o elevador, aguardando as moças, que logo entraram no cubo metálico.
A vizinha - que ele sempre esquecia o nome - apertou o botão do andar e ele soltou o ar.
– Ryan – a mais velha chamou sua atenção e ele a encarou, levantando as sobrancelhas para que ela falasse –, essa é minha sobrinha, Júlia, ela vai passar uma semana aqui. Dei esse presente de aniversário pra ela.
– Um presente e tanto – respondeu educadamente. – E de onde vocês são mesmo?
– Brasil – Júlia disse imediatamente. – E por favor, me chama de Ju.
– Ok, Ju. Ryan... – se apresentou, iria estender sua mão em outras circunstâncias.
Então Ju apenas balançou a cabeça, parecia tímida demais. Talvez ela fosse de fato tímida e ele deu um sorriso ao perceber aquilo.
Chegaram ao andar e Ryan levou a mala até o apartamento que ele lembrou ser de Monique. Elas agradeceram novamente e assim que ele se retirou, Júlia fechou a porta com um sorriso sem graça no rosto.
O que ele achou totalmente adorável, mas entrou em seu apê até feliz. Quem diria que ajudar alguém deixa a alma até mais leve. Com certeza ele tinha garantido o seu lugarzinho no céu.
Talvez.
•••
Durante a semana não viu mais as suas vizinhas, exceto um dia que sua campainha tocou e como ele estava no banho, só teve tempo de colocar uma cueca e uma calça. Atendeu com a camisa no pescoço e a barriga ainda molhada.
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Clássicos do Hockey
Short StoryUma mistura de Clássicos do Hockey com os Clássicos do Rock. Tudo começou com uma súbita vontade de escrever sobre um dia em especial, então o trocadilho surgiu e talvez a ideia de imaginar do que os jogadores são capazes quando se trata de suas vid...