Natasha já tinha ouvido falar uma vez que nem sempre nós ficamos com os amores das nossas vidas, mas nunca pensou que logo ela o encontraria e no fim de tudo não estaria se casando com ele, tendo uma família e depois de anos bem vividos ao seu lado estariam os dois de mãos dadas no leito de morte.
Estava com o amor da sua vida, mas não estava feliz.
Estava com o amor da sua vida e tudo parecia tão errado que ela só sabia chorar.
Estava com o amor da sua vida e aquilo não era o suficiente.
O desespero a assolando todas as noites, o coração que doía mais a cada dia que passava, a tristeza aumentando e a fé parecia ter a abandonado.
Ela só tinha Gabriel ali e finalmente tinha entendido quando lhe falavam que o amor não era tudo.
Estava morrendo de nervosismo enquanto esperava o namorado chegar de mais um jogo, onde ela viu, ele tinha arrumado mais uma briga e ia chegar em casa com o olho inchado como sempre.
Gabriel era a melhor pessoa que ela poderia ter conhecido, mas também era a pior pessoa quando estava jogando. Ela nunca tinha visto alguém tão feroz quanto ele em cima do gelo. Ele não tinha limites.
E talvez seja por isso que ele foi premiado com o Calder Memorial Trophy alguns anos atrás.
Ele chegou em casa como ela tinha previsto, um olho inchado e todo dolorido. Sabia que nos dias bons ele falaria que estava ficando velho para aquilo aos 24 anos, antes de soltar uma risada e se aninhar no colo dela. Só de pensar nisso ela sentiu o seu coração se quebrar em mais um milhão de pedaços, mas precisava ser forte.
– Nat? – Gabriel chamou assim que chegou e não demorou muito para encontrá-la em pé no quarto, estava andando de um lado para o outro quando a encontrou.
Ele estava acabado, os olhos dela logo se encheram de lágrimas e ela amaldiçoou a sua TPM, a sua tristeza, a sua sensibilidade.
– Ei – ele se aproximou dela, passando a mão por seus cabelos e a abraçou, enquanto ela soluçou em seus braços –, por que está chorando, babe?
Gabe passava a mão pelo cabelo dela tentando acalmá-la enquanto ela soluçava, tentando respirar para colocar a frase que estava entalada em sua garganta para fora.
Ela precisava, era quase questão de vida ou morte. Não podia mais viver daquela forma, presa em lugares que não eram mais para ela.
– Eu não consigo mais – disse, ainda com o rosto enterrado no pescoço dele, a camisa já encharcada com as suas lágrimas.
– O que? – ele se afastou minimamente passando as mãos pelo rosto dela para secá-lo um pouco. – Eu não entendi.
Natasha tentou respirar fundo algumas vezes, demorou alguns minutos para conseguir sentir a calma que ela tanto queria e falar tudo em voz alta e clara.
– Eu não consigo mais fazer isso, Gabe. Eu não consigo! – passou a mão pelo rosto dele, vendo o quanto o olho esquerdo dele estava inchado. – Queria cuidar de você, mas eu não consigo fazer isso quando eu mesma estou destruída. Eu não posso, eu preciso de um tempo pra mim e...
Ela deixou a frase morrer, percebendo que Gabe não entendia onde ela queria chegar com aquilo.
– Eu estou indo embora, vou ficar uma semana na casa da Anna enquanto tento entender o que está acontecendo comigo e eu preciso fazer isso sem você.
Gabriel então percebeu as malas feitas no canto do quarto, voltou o olhar para ela e se antes se sentia dolorido por causa de um jogo, a dor de agora era mil vezes pior.
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Clássicos do Hockey
القصة القصيرةUma mistura de Clássicos do Hockey com os Clássicos do Rock. Tudo começou com uma súbita vontade de escrever sobre um dia em especial, então o trocadilho surgiu e talvez a ideia de imaginar do que os jogadores são capazes quando se trata de suas vid...