CAPÍTULO 2 - PREPARATIVOS PARA O BAILE DE PRIMAVERA

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Elrond

A noite havia chegado e consigo um vento frio, gélido, capaz de fazer até mesmo um vampiro tremer. Nuvens negras e carregadas cobriam a lua cheia, a qual, naquela noite tinha um tom diferente, um vermelho sangue, o que não era comum na verdade, era um fenômeno que jamais havia sido visto em Arkanum. Era uma noite incomum, um sinal de mau presságio ou apenas um novo fenômeno? Kimberly, não saberia dizer, embora já tivesse vivido tempo o suficiente para ver todos os tipos de coisa em sua vida, já que estava naquele mundo a pouco mais de cento e trinta anos.

Kimberly trajava um vestido de seda transparente, o qual deixava suas curvas sensuais ainda mais em evidencia. Seus pés descalços tocavam a terra gelada do Jardim Divino, mas ele não estava como a vampira se lembrava. Aliás, as memórias da vampira eram vagas, não sabia como havia chegado ali, muito menos em que momento.

Vito? Amor? Gritava a mulher, tentando encontrar seu amado, porém, a única resposta que obtinha era o silêncio da noite, o qual nem mesmo era quebrado pelo cântico das cigarras, ou dos pássaros noturnos. Kim, como era chamada pelos mais íntimos, sentia seu coração apertado, tomada por uma angustia sem fim, caminhava sem rumo diante das ruínas do que um dia foi o Jardim Divino. Havia acontecido uma batalha ali? Ela não sabia dizer. – Melody? Julie? O desespero havia tomado conta das palavras da vampira e o medo já dominava seu coração. Embora evitasse pensar no pior, tinha medo de que algo de ruim tivesse acontecido com seus três amores. Kimberly não suportaria a ideia de perder sua família, não aceitaria viver em um mundo sem as suas duas filhas. Porém, ainda não tinha as respostas que tanto procurava.

A vampira caminhou por uns cinco minutos sem direção, mas apenas encontrou um caminho vazio, tomado pelo silêncio. As ruínas e os rastros da destruição estavam espalhados por todo o castelo e ao que tudo indicava, uma batalha havia acontecido. - Oh Criador! Proteja a minha família...Dizia em pensamento, caminhando pelos destroços de uma das luxuosas estatua de Hémeses, deus do vento, fundador dos Guardiões Místicos. – Vito, amor meu, onde você está? Perguntava-se a loira, parando já aos prantos em meio a uma poça de sangue, sinal mais evidente de que uma batalha havia acontecido, embora, Kimberly não se lembrasse de nada, exceto do momento que havia chegado ao que restou do Jardim Divino. – O que será que aconteceu aqui... Quem ousaria invadir Elrond? Será que ele acordou... Não pode ser... Por Zênion, não pode ser... Eles não...

Já era difícil segurar o choro e até mesmo o céu carrancudo parecia conspirar a favor do sofrimento da senhora Vladisk. Pior do que não se lembrar de nada, era não saber o que havia acontecido com os seus, porém as coisas ainda estavam por ficar pior. Após um caminho doloroso, sem respostas, de um silêncio torturante, Kimberly finalmente chegou ao castelo, o qual estava com suas gigantes portas de ouro escancaradas, sem guarda alguma para proteger o centro da fortaleza dos guardiões. Temerosa, a vampira adentrou o lugar, o qual tinha sua escadaria de mármore branco lavada em sangue e por todos os lados jazia corpo de guerreiros já sem vidas.

Foi no hall de entrada que a loira de olhos azuis teve o seu pior medo concretizado. Debruçada diante do quadro do General Bóris Vladisk, jazia o corpo de Julie, já sem vida. Kim não teve como conter suas lagrimas, já que o corpo de sua filha havia sido mutilado, como se ela tivesse sido atacada por uma besta-fera. Mas, ela não poderia ficar parada, tinha que continuar sua busca. Tinha que encontrar sua filha primogênita e seu marido, rezava aos deuses de Arkanum para que os encontrasse vivos. Não foi assim que Zênion, o criador, quis que acontecesse.

Ao chegar as portas da sala do trono, o coração sofrido da vampira tomou mais um grande golpe. Somã também havia ceifado a vida de Melody, a qual certamente teve uma morte cruel. A garganta da primogênita dos Vladisk estava completamente dilacerada e seus olhos ainda jaziam aberto, deixando claro que seu assassino havia lhe dado uma morte lenta e cruel. – Não... Por que Zênion? Por que minhas filhas? – Chorou a mulher diante do corpo inerte da filha mais velha, derramando suas lágrimas sofridas. Porém, Kimberly era uma guerreira e ainda com os olhos azuis celestes cheios de lágrimas, como uma verdadeira rainha ergueu-se, lutando contra a dor que a corroía por dentro, espedaçando seu frágil coração. Em passos lentos, caminhou na direção da sala de trono, sofrendo um novo golpe. – Não... Não... Por quê? - Choramingava a vampira, desta vez rendendo-se a sua dor. Kim não poderia suportar mais aquilo.

A Lenda de ArkanumWhere stories live. Discover now