Desapontada - 05

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Eram quase duas da tarde quando senhor Constant apareceu. - sinto calafrios só de imaginar novamente sua resposta. Uma esperança a menos, que sinceramente nem sei dizer se tinha ou não. - passei mais uma noite em claro. Conto as horas para receber a carta com a resposta dos advogados. Fico feliz de ter Guilherme como amigo, está fazendo o possível e o impossível para nos ajudar. Mas me preocupo com Sílvia, estou adaptada a ir ao poço, e quando chegar encontrar minha mãe cantarolando na cozinha. Mas essa tarde está particularmente silenciosa. - calafrios novamente atingem minha espinha.

- Quer ajuda? - pergunto colocando-me ao lado.

- Não amor tudo bem - diz em um tom calmo, mas noto a tensão em sua voz.

- Onde estão Camilla e Safira?

- Camilla está na casa da Sra Vitoria brincando com Babara e Safira no quarto revirando os vestidos. - Barbara era filha da Sra Vitoria e tinha 12 assim como minha irmã. Eram muito unidas e Barbara a fazia bem.

- Vestidos? - limpo a voz. Safira sempre foi vaidosa, sempre desenhou e fez roupas, certo, nossas condições de manter seu talento são mínimas, mas sempre que podemos a ajudamos a fazer roupas de bom gosto, mesmo que simples.

- Sim, Guilherme a chamou para ir até a vila esperar a carta. É mais rápido eles irem do que esperar entregarem - um nó na garganta prende minha respiração. - estava procurando algo diferente para vestir.

- Ah - falo sem esconder o desapontamento. - vim apenas saber se queria alguma ajuda. Vou até a casa de Míriam talvez ela precise de algo - dou as costas e sinto os olhos de minha mãe em mim.

Ando lentamente a cada pisada, minhas pernas se tornam mais tensas, o machucado que fiz no pé ao correr ante ontem já estava bem cicatrizado, mas era mínimo em vista do que eu sentia dentro de mim.

Não sou boa em esconder emoções, na verdade sou péssima. Mas também sou ruim em expressá-las. - o que posso fazer, como devo agir? São tantas dúvidas que sinceramente não sei o que fazer. Não posso falar de sentimentos importantes, talvez eu apenas goste de Guilherme, porque foi o mais próximo de um amigo que tive. Sim é isso. Não é amor. Apenas gosto.

Nunca me senti atraída por ninguém e nunca parei para pensar nisso. Porém, no verão passado, convivendo com Guilherme algo em mim despertou, mas tratei de manter enterrado. E no que depender de Safira e seu interesse por ele, continuará enterrado.

Nunca falei com ninguém sobre Gui, apenas Míriam que me arrancou algumas poucas palavras. Nada além disso. - e não sei descrever a angústia que se segue em meu peito, na verdade não consigo processar a sucessão de desapontamentos que me seguem. Como se fosse uma sombra.

- Oi - falo cumprimentando Míriam. - o que acha que te fez mal?

Estava visivelmente melhor. Mesmo com a situação, estava com alguma cor. Fico aliviada.

- Oi - responde com um sorriso amarelo - a água.

- Claro a água - reviro os olhos me sentindo idiota por perguntar algo tão óbvio.

- Estava indo na sua casa. Guilherme e Safira vão à cidade não é? Preciso que verifiquem se a carta de Bruno já chegou. Enviei segunda e hoje deve estar chegando. Assim espero.

- Sim, estão - pare de agir como uma criança. - Míriam, acha que sou uma má irmã? - pergunto encostando na porta.

- Em? - sua expressão é de surpresa. Mas rapidamente se recompõe - de forma alguma. É a pessoa mais impulsiva e explosiva que conheço, mas é também a mais amável e cuidadosa. Sendo assim, é uma irmã perfeita, sabe puxar a orelha quando é necessário, mas... Sabe dar amor após o puxão de orelha - seu olhar é carinhoso.

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