Capítulo 22

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Acordo meio zonza, tento me levantar, mas percebo que minhas mãos estão presas, sinto um forte dor vindo da lateral da minha cabeça, consigo ver borrões e um corte no meu braço, tento analisar onde estou e tudo ao meu redor, mas minha visão está embaraçada demais para conseguir visualizar qualquer coisa ali.

-A princesinha acordou- alguém grita na minha frente.

-Ela não é mais considerada princesa, seu imbecil, agora ela é como nós, uma qualquer- Outro alguém grita respondendo o outro e fico tentando entender o que falaram, eu não sou mais princesa? Os Castelli não estão no poder? O que aconteceu realmente? Quanto tempo se passou? Onde todos estão? Estão vivos? Essa última pergunta era a que mais me causa arrepios, não me importo se não sou princesa, se faço ou não parte da realeza, não preciso do luxo, agora não sei se suportaria perder alguém daqueles que amo, até mesmo Lissa, todos criaram alguma ligação comigo. Meu pai, mesmo sendo frio, calculista, tradicionalista e ambicioso, ele ainda é meu pai, e eu ainda o amo. Ele definitivamente é o oposto de Lissa, aquela garota é tão inteligente, mesmo tendo conhecido tão pouco dela, percebi que é incrivelmente esperta e sensata, podemos nos tornar grandes amigas. Se ela morrer uma parte de Miguel morre junto, ela é como uma irmã mais nova para ele, e eu não suportaria ver Miguel abalado dessa maneira, Lissa é para ele o que Louis se tornou pra mim, um amigo próximo, quase como se fossemos irmãos, mesmo achando que o odiaria e que ele seria um completo idiota, vejo que minhas primeiras impressões estavam completamente erradas, ele é gentil, sensível, amigável, Louis assim como uma flor, precisa de alguém ao seu lado cuidando para que não murche é extremamente curioso principalmente quando se trata de flores, é esplendido o jeito que fala delas, é como se a planta fosse uma velha amiga, o que me faz lembrar de Cate, um amiga antiga, mesmo nos últimos dias estando um pouco afastada, ela foi o mais próximo de uma mãe que eu já tive, ou pelo menos que eu me lembre, mesmo a minha tendo cuidado de mim até os dois anos, não possuo nenhuma recordação, Cate foi minha única amiga que não pertencia a minha família por quinze anos, até eu conhecer Day, quem diria que um dia me tornaria sua amiga, ela é frágil, mas quando a situação exige força e sabedoria ela deixa de ser a garota frágil que a qualquer momento pode quebrar, ela é alegre, sabe dar conselhos, forte, amorosa mesmo negando ela expressa muito afeto e carinho por onde passa, e claro é completamente sonhadora, Day é como se fosse minha irmã, mesmo sendo impossível porquê de aparência somos totalmente diferentes, mas ela repentinamente se tornou importante na minha vida, não sei como viver sem seus conselhos a partir de agora. Assim como não saberia viver sem Miguel, ele entrou repentinamente na minha vida do mesmo modo que uma chuva de verão, porém se essa chuva for embora da minha vida, todas as flores e coisas bonitas existentes na minha vida murchariam, e demorariam para se recuperar e florar novamente, ele é simplesmente magico, é carinhoso, sabe te ouvir, sabe te aconselhar, sabe quando você não está bem e precisa somente de um abraço, sabe dizer as coisas certas nas horas certas, é engraçado, e quando o olhava me perdia em seus olhos totalmente indecisos em meio suas cores, talvez eu nunca saiba a verdadeira cor deles, azul ou verde, existe alguma cor no meio delas? Seus olhos são como o céu transmitem calma e como a grama transmitem paz. Paz é algo que tive em poucos momentos, principalmente com todas essas pessoas em minha vida, com Lucy, com Janne, com a falta de uma mãe presente que foi suprida por a presença constante de uma irmã extrovertida, alegre, as vezes mimada, inconformada com seu destino, que estava em constante busca de liberdade, e a conseguiu com a chegada de Leonardo, mesmo que no começo ele era tudo, menos o príncipe encantado.

-No que está pensando queridinha? - alguém me pergunta, forço um pouco minha visão e consigo ver tudo que está a minha volta. Parecia uma casa, paredes de madeira apodrecida, tortas e cheias de cupins, alguns pouquíssimos moveis, uma poltrona amarela desbotada ao canto, na sua frente uma pia, a sua esquerda uma cadeira de balanço, em cima uma janela quebrada, o chão era cheio de buracos assim como o teto, com camadas de poeira, e as paredes eram decoradas por armas dos mais diversos tipos. Então olho para aquele homem baixinho na minha frente, e não o respondo.

Infelizmente sou princesa!Onde histórias criam vida. Descubra agora