-Acorda, acorda, vamos acorde- escuto alguém gritar- ela não está acordando, o que eu faço?
-Se vira, ela tem que acordar- escuto o outro responder, e sinto um tapa na minha bochecha fazendo ela arder, e meus olhos se abrirem.
-Só assim para você acordar não é princesinha? Dormiu bem? Ou devo dizer conseguiu dormir? - o homem baixo pergunta e não respondo.
-Ainda não aprendeu que se deve responder e ter respeito a nós. Sua mãe não te ensinou isso não? A é verdade, sua mãe está morta- ele diz rindo, e mantenho uma expressão neutra, mesmo que por dentro o abismo que começou a se formar esteja cada vez maior.
-Eu apreendi sim, a ter respeito com aqueles que merecem, e acho que sequestrar alguém não é um ato digno de respeito.
-Arriscar a própria vida em vão também não é algo de respeito.
-Arriscar a vida em prol de algo que valha a pena é um ato de altruísmo e não de falta de respeito ou impulsividade. - O respondo
- Sua opinião é tola e não tem valor para nós. Então princesinha, vou te oferecer outra chance, vai querer comer a sopa ou não? - ele me pergunta e analiso as mudanças na casa e no tempo lá fora, está chuviscando e percebo duas espadas sumiram da estante.
-A minha resposta continua a mesma- respondo e ele me dá mais um tapa.
-Você sabe que vai ter um preço se não aceitar, e esse preço pode machucar aqueles que você insiste em continuar amando, quer continuar com sua resposta? - ele me pergunta, e penso que tudo aquilo pode ser um tipo de ilusão que talvez ninguém esteja realmente machucado, mas o que eu tenho a perder, pela insistência deles, a sopa está envenenada, devo aceitar esse preço.
-Sim, minha resposta continua a mesma.
-Tola jovem, vai mesmo colocar a vida daqueles que tanto ama em risco? Então não deve ama-los tanto, mas como já sabíamos qual seria sua resposta, preparamos um desafio.
-Que tipo de desafio? - pergunto desconfiada.
-Sabemos que sabe atirar muito bem com arco e flecha, sabemos que aprendeu a usar uma espada, então lutarei contra você, se eu vencer, meu amigo que já achou seus queridos amiguinhos os mata, se você vencer deixaremos que tenha roupas melhores, e a própria faça sua comida, então levante-se vamos lutar.
-Não sei se percebeu, mas estou amarrada nessa cadeira, como vamos lutar assim? - pergunto vendo as cordas que me prendiam.
-O desafio começa aí, se solte enquanto eu pego as espadas, se não se soltar até lá, perdeu- Ele diz e analiso como posso me soltar, olho ao redor não tem nada que possa cortar as cordas, mas a cadeira é fraca suficiente para poder quebrar, balanço ela de um lado para o outro até ela cair e se quebrar no chão, fazendo com que eu conseguisse me desamarrar das cordas e pegar uma espada.
-Que bom que conseguiu se desprender, vou adorar te vencer princesinha, mas a luta não será aqui, e sim lá fora.
-Está chovendo- digo a ele.
-Melhor ainda- me responde saindo daquele lugar, tenho dificuldade para me mover, e a espada parece pesar o dobro de antes, analiso o lugar em minha volta, a casa imunda, em baixo dela alguns pedaços de madeira, ao redor neblina, mas sei que a arvores ali, o ceú está cinza e a grama escorregadia por conta da chuva.
-No três, começamos- ele me diz e posiciono a espada como Cate me ensinou.
-Um- ele diz lembro da primeira vez que lutei, da primeira vez que toquei em uma espada, como aprendi a me defender.
-Dois- ele conta, lembro de quando consegui vencer de Miguel, de como ele me ajudou a ser uma boa esgrimista e como suas dicas eram ricas de técnicas novas.
-Três- ele termina, lembro de Cléo dizendo como canalizava a falta de seu filho perdido, de como se sente frustrada com um casamento sem amor, e como queria ter dezessete anos outra vez. E é isso que eu faço, canalizo a saudade de todos, a perda de Katherine, a falta de informações, a falta de sono, o frio, a fome, a fraqueza, o medo. E defendo o ataque do homem a qual eu ainda não sabia o nome, ele tenta meu braço ferido mas desvio, tento atacas suas costelas, mas ele se defende, ele tenta me atacar diversas vezes utilizando mais a força do que a inteligência, e eu aos pouco recuo defendendo e tentando sair daqui viva, ele consegue acertar a espada de raspão na minha barriga, fazendo um corte relativamente profundo, mas tento derrota-lo, miro a espada na altura do seu pescoço, logicamente ele se abaixa desviando, e abaixando sua guarda por um instante, eu aproveito e coloco meu pé no seu ombro o derrubando, jogando a espada para longe e apontando a minha para seu pescoço, fazendo um corte onde eu sei que não mata, mas a pessoas desmaia tempo suficiente para eu fugir. Porém quando estou prestes a começara correr escuto um galho sendo quebrado, me viro para trás já imaginando quem é, e para minha não surpresa o homem mais alto aparece, me atacando por cima usando a mesma tática que usei em seu amigo, pelo menos sei que meus amigos devem estar bem, tenho que me abaixar, me desequilíbrio e caio para trás, acabando por estar deitada na grama molhada, ele não tenta me fazer desmaiar, é lento e isso me dá segundos suficientes para conseguir puxar uma madeira de debaixo da casa e impedir que minha cabeça fosse cortada ao meio. Mantenho a madeira em protegendo do seu ataque, mas sabendo de que estou fraca, sem comer a dias, rolo para o lado, jogando a madeira para longe sentindo a espada fincar na grama próxima ao meu corpo, levanto puxando a espada, enquanto ele a retira da grama, como tinha dito anteriormente ele não era tão rápido quanto eu, aproveito que ele está tentando pegar a espada e o golpeio na barriga, fazendo um enorme corte, ele caí no chão pressionado a barriga, enquanto eu corro para dentro da casa, pegando meu colar de lua, e uma adaga da estante. Corro para fora, olho o homem e ele está começando a se erguer, sinto os pingos de chuva caírem ao meu redor, e saio em disparada a floresta, sem ver para que lado eu vou, muito menos tento olhar para trás, corro, tentando ser o mais rápida possível, corro por tempo suficiente para o dia já escurecer, conseguindo chegar a um lago, me sento próxima a ele, descansando e tentando focar minha visão para não desmaiar, tomo muita água do lago, e me deito sobre a grama molhada sentindo os pingos de chuva caírem sobre mim, acabando por dormir.
Acordo assustada, pegando a minha adaga e indo em direção ao barulho que vinha do outro lado do lago. Não consegui identificar quem era, me escondo atrás de uma arvore, tentando ouvir o que falavam.
-Não podemos ir, não vasculhamos nem metade dessa floresta- escuto uma voz feminina dizer.
-Vão vir nos procurar se não, voltarmos hoje, não queremos isso- uma voz masculina responde.
-Não quero falhar nisso- a outra o responde.
-Também não quero, não quero ir, mas se não formos, tudo ficará mais confuso do que já está.
-Se não acharmos hoje, significará que está morta, e será o fim de toda a nossa esperança- Ele diz, e ela se cala por alguns instantes.
-Escutou isso? - ela pergunta.
-Não, o que é? - essa voz conhecida responde.
-Tem alguém entre nós- ela diz de costas para mim, já sabendo de suas palavras me agilizo e coloco o braço envolta de seu pescoço.
-Lou...- ela resmunga tentando dizer alguma coisa, sem olhar para ela, espero o garoto se virar, para começar a lutar contra os dois. Ele se vira e tenho uma surpresa.
-Louis- digo soltando a garota que quando caí no chão vejo que é Lissa segurando seu pescoço olhando assustada para mim.
-Lissa, Louis, nem acredito que encontrei vocês- digo me abaixando ao encontro de Lissa para me desculpar pela ameaça de morte.
-Não foi nada, Emma, posso te chamar assim?
-Pode, é claro, até onde sei, não sou mais considerada princesa, quem é que está no poder? - pergunto a eles.
-Então você sabe é melhor irmos até nosso esconderijo. O jogo só está começando, ainda mais com você de volta ao jogo.
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Infelizmente sou princesa!
AventuraInfelizmente sou princesa, por que não gosto disso? Simples você imagina sua passar sua vida inteira dentro de um castelo? Lógico que eu já saí daqui, mas foram poucas vezes, eu também sou a sombra da minha irmã Katherine, ela com seus 22 anos é a h...