Capítulo II

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Sirius murmurou enquanto ouvia James encher o seu saco às oito da manhã. Ele tinha aberto as janelas e puxado sua coberta e falava coisas do tipo "já passou da hora de sair dessa cama, né?" e "também já passou da hora de você arrumar um emprego e dar um jeito na vida, mas tudo bem, sem pressão". E quando Sirius se deu ao trabalho de abrir os olhos, não encontrou o amigo: quem ele viu foi uma ruiva meio baixinha, rodando o quarto inteiro e arrumando tudo que via pela frente.

E fazia sentido. Já eram onze horas, e não oito como ele pensou. James já estava na escola, dando aula para as suas tietes — que ele fez questão de mencionar no dia anterior durante o jantar.

— Lily? — ele esfregou os olhos. — O que você tá fazendo aqui?

— Como o que eu estou fazendo aqui? Arrumando a bagunça que você faz na casa de piscina do meu noivo, Sirius, é isso que eu estou fazendo. Levanta, menino preguiçoso — ela deu um beliscão de leve na barriga dele.

Sirius gemeu alto, fingindo sofrimento. Mas ele logo se levantou, porque sabia que a Lily não se deixava enganar. Já o conhecia há muito tempo para isso. Foi direto para o banheiro, tomar um banho, para que seu cérebro começasse a raciocinar. Quando saiu, passando a mão nos fios de cabelo molhado, com apenas uma toalha branca amarrada na cintura, viu que seu quarto estava muito bem arrumado.

Mas não viu sinal de Lily de cara, e acabou encontrando a amiga na cozinha. No balcão que ficava atrás do fogão cooktop, estava um prato com ovos e bacon, e um suco de laranja. Ao lado do prato estava o jornal The Guardian na página de empregos. Ele pegou o jornal e abriu na parte de esportes, fazendo com que Lily franzisse o cenho.

— Não era para você ler a parte de esportes, sabe?

— Lily, sei que você se importa comigo e você é uma linda, mas eu agradeceria muito se parasse de tentar empurrar o classificado de empregos do jornal para cima de mim — ele respondeu, sem tirar os olhos da notícia do Barcelona.

— Sirius — ela suspirou, cansada e derrotada, se jogando na cadeira ali perto — Você não vai poder morar aqui para sempre.

— Eu sei.

— Eu e o James vamos nos casar.

— Também sei disso. Sou o padrinho — ele sorriu e olhou para a amiga. — Relaxa, ruiva. Se estressar assim só vai te trazer uns cabelos brancos para combinar com o vestido.

— Sirius... — ela começou de novo, mas ele a interrompeu:

— Eu vou arrumar outro lugar. Mas do meu jeito, no meu tempo, com os meus contatos. Então — ele terminou o último gole do suco e o último pedaço do bacon, pegou os pratos e os colocou na pia, e deu um beijo na testa de Lily em seguida, antes de finalizar: — Segue meu conselho e relaxa.

E saiu. Foi apenas pegar a jaqueta de couro antes de sentar na moto e liga-la. Era mais de meio dia. Ele tinha algumas horas até o momento que a aula de Marlene acabava. E soube exatamente o que fazer com elas.

Quando chegou na escola de Marlene, ainda com quinze minutos de sobra, desligou a moto e se encostou nela, esperando ver sua acompanhante sair pelos portões. Viu muitas outras meninas passarem antes, olhando para ele interessadas e apontando discretamente, muito provável que comentado com as amigas "olha lá, é o mesmo cara gato de ontem". Dez minutos depois, e ele a avistou, olhando um pouco para os lados, procurando-o.

Ele apenas sorriu e desencostou da moto, mas foi o suficiente para que os olhos de Marlene focassem em sua direção. Ela disse alguma coisa para suas amigas e foi ao seu encontro. Sirius lhe deu um beijo demorado em sua bochecha e a puxou, sem falar nada, para a moto. Cinco minutos e os dois estavam longe daquele lugar.

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