stairway • jikook

(07) • segunda •

Segunda.

A madrugada poderia ter durado uma eternidade.

Não iria reclamar, obviamente.

Não estava preparado para finalmente tentar ter uma conversa civilizada com o Jeon.

Levantei-me e fui direto ao banheiro.

A cor do meu cabelo já começava me irritar.

Aquele loiro era bonito, mas eu queria mudar.

E mudaria assim que tivesse a famosa oportunidade.

Ao chegar à escola notei que já estava cheia de gente, mas ainda faltavam alguns minutos para as aulas começarem.

Acenei para algumas pessoas que estavam na entrada e dirigi-me as escadas.

O meu estômago congelou.

Uma dor, embora suportável, começava atingir todos os meus músculos.

- Não seja patético, Jimin.

Falei enquanto subia alguns degraus daquela escadaria.

Minha boca estava seca.

Eu deveria correr.

Deveria dar meia volta e correr.

Correr como se eu estivesse em uma maratona.

Fingir que não estava bem.

Voltar para o meu quarto e me jogar entre meus cobertores quentes.

- Park Jimin, parece que a escadaria se tornou nosso ponto de encontro.

Pelo amor de Deus.

Ele estava parado no começo do segundo vão das escadas.

Eu sorri ao vê-lo em minha frente.

Um sorriso imperceptível, mas ainda era um sorriso.

Ele estava bem ali.

Feito uma assombração que eu gostaria de ver todos os dias.

Com aqueles cabelos bagunçados.

Uma calça escura e nada folgada.

Parece que ele ama usar calças justas.

Não era um problema, a visão era maravilhosa.

Aquela camiseta branca e larga que fazia parecer que seus ombros eram enormes.

Fodidamente gostoso.

- Está sorrindo por quê?

Ele perguntou tombando a cabeça para o lado e sorrindo.

Merda.

Inferno.

Droga.

- Lembrei-me de uma coisa muito engraçada, quase a piada do século.

Tentei parecer o mais calmo possível.

Eu sei que não estava dando certo.

- Conte, quero rir também.

Ele desceu alguns degraus e se posicionou ao meu lado para subir o restante das escadas comigo.

Se eu fosse um bom ator, fingiria um desmaio.

Pensando bem, aquele lugar já estava começando a me irritar.

- Você acredita que alguém ligou para trezentos números só para achar os meus últimos dois dígitos?

Disse e soltei um riso alto e joguei minha cabeça para trás.

Logo em seguida o encarei e sua feição estava congelada.

Seus olhos estavam tentando não transparecer uma irritação.

Ele semicerrou os olhos e continuo me encarando.

BINGO.

Viverei para irritá-lo.

Ou farei isso até perceber suas reais intenções.

Qual era o seu tipo de jogo.

Ou até que ele vá embora e deixe para trás apenas momentos de pura mentira e encenação.

- Você acredita? Hilário. Até agora estou achando isso muito engraçado.

Voltei a falar e ele parecia tão perdido.

Jeon Jungkook perdido, que conceito maravilhoso.

Até que notei seus dentes começarem aparecer naquela boca linda.

De novo aquele sorriso.

E de novo o meu ar estava indo embora.

Ele sorriu genuinamente.

Ah não.

Eu parei de achar o que disse engraçado.

- Então você estava pensando em mim e sorrindo?

Ele falou em um tom debochado.

- Ninguém nunca fez algo surpreendente para você? Ao ponto de você achar... Engraçado? E sorrir minimamente para o nada, achando que ninguém vai notar?

Ele realmente sabia virar o jogo.

- As pessoas não costumam ser tão patéticas comigo, isso que você quis dizer?

Acho que peguei pesado.

- Oh Jimin, você pode se desarmar comigo. Eu não vou te morder.

Ele suspirou e ajeitou as alças da sua mochila.

- Só se você quiser, claro.

Eu nem queria.

Vocês sabem que eu não queria certo?

Não mesmo.

- Você é tão engraçado, está notando o quanto estou rindo?

Ele me olhou e sorriu.

Eu não sei o que estava sentindo.

Mas era bom estar ao lado dele, mesmo criando aquela guerrinha imaginaria dentro da minha cabeça.

Eu precisava agir de uma forma extremamente perversa para não parecer tão desesperado.

Eu precisava demonstrar que não ligava.

Que não tinha efeito todos àqueles mínimos momentos em que nós nos encontrávamos ou nos falávamos.

Precisava ser diferente de todos daquela escola que viviam em seus pés.

- Me fala o que você quer, que tal?

Nós já havíamos chegado ao corredor onde todas as salas se encontravam.

- Qual sua primeira aula?

- É com você.

Ele me olhou.

- Digo, você está nela também.

Ele soltou um riso pelo nariz e voltou a falar.

- Eu queria muito que você me ajudasse com as provas do meio do ano. Preciso melhorar e você é a minha última e única salvação.

Então era isso.

Ele só queria algo meu e não eu.

Todo o flerte era pra ter uma ajuda.

Uma fodida ajuda com as provas.

Como eu estava sendo idiota.