Capítulo 43

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모든 걸 다 믿지 못하고

Beast,
Fiction.

     - Já conseguiu se lembrar de algo, Morgana? - o médico pergunta, enquanto examina os meus olhos com uma espécie de lanterna.

       Assinto.

       - Tive alguns lapsos de memória, mas nada muito importante. Queria poder lembrar tudo de uma vez - suspiro, cansada.

        - A cirurgia foi um sucesso, mas sabíamos dos riscos da sua perda de memória - ele explica, pedindo para que eu abaixe minha cabeça para que assim ele possa olhar a cicatriz no meu casco. - Não acho seguro submetê-la a outra cirurgia de teste para sabermos se podemos concertar isso ou não.

       Balanço a cabeça em concordância. Também não quero outra cirurgia. Além do mais, caso eu fizesse meu problema não fosse resolvido após ela, eu me sentiria frustrada e, principalmente, triste.

       - Podemos continuar acompanhando seu caso, se você quiser. Pode vir aqui no hospital e me chamar para examiná-la caso lembre-se de algo mais. 

       Acabamos por concordar que essa é a nossa melhor opção. Também não quero ficar remoendo tudo o que perdi, isso só faz com que eu me sinta mal. Quero poder seguir em frente, com essas memórias recentes ou não. Outro dia estava conversando pelo telefone com Madeline e ela também me aconselhou a fazer isso. Acho que devo ouvir o que minha mãe diz pelo menos uma vez, já que tenho um pai ainda mais desnaturado que sequer foi ver a filha no hospital e amigos que sequer me ligaram para saber como estava.

       Sim, estou falando do Chanyeol e da Katherine. Pelo menos ainda tenho a Allegra e o Baekhyun ao meu lado. Já que nessa lista de pessoas que não se importam também posso encaixar o Dorian, que não me ligou depois da minha saída de casa.

       - Assim que eu me lembrar de algo, irei marcar outra consulta - afirmo, descendo da maca em que estou sentada.

       Saio do consultório com sensação de dever cumprido, e agora sinto como se pudesse finalmente seguir em frente. Com ou sem memória. Só quero parar de remoer essa história na minha mente. Quero apenas voltar a viver.

       Chego na recepção do primeiro andar e me surpreendo com quem encontro ali, sentado numa poltrona de olhos fixos no elevador, exatamente de onde estou saindo.

       Dorian.

       Assim que me vê, ele se levanta e se aproxima de mim.

       - Finalmente podemos conversar - diz, cruzando os braços abaixo do peito.

       Abro um sorriso amarelo, sem graça, diante daquela situação.

       - Senti sua falta, amor - minto descaradamente, ainda quero saber o que aconteceu, ainda quero saber porque ele está mentindo para mim.

        - Eu fui na casa da sua mãe e ela disse que você não queria me ver.

        Engulo em seco.

        Madeline mentiu. Dorian não sabe que estou na casa do Baekhyun.

        - Ainda não estou pronta para esquecer tudo, Dorian. Entenda isso - abaixo a cabeça.

         - Quero você de volta em casa - ele exige, rígido.

        Ergo a cabeça novamente e franzo as sobrancelhas, encarando aqueles seus olhos claros.

        - Não quero voltar agora. Tudo naquela casa me lembra o meu filho - tento convencê-lo.

        Ele segura meu pulso com força e me puxa de encontro ao seu corpo. Faíscas parecem sair dos seus olhos e seu maxilar está travado.

        Só me lembro de ter visto o Dorian assim duas vezes. Uma logo após da nossa lua de mel. E a segunda foi por apenas alguns minutos, quando ele descobriu que eu estava grávida.

       Depois disso, nossa relação foi só amor e carinho, pelo menos é isso que lembro.

       - Dorian - arfo, diante do aperto -, está me machucando.

       Ele me olha de cima para baixo com superioridade. Minha testa está franzida e eu tento soltar-me do seu toque.

        Esse não é o homem que eu pensei conhecer.

       - Com licença, mas acho melhor você soltar a moça - um rapaz de boné preto e óculos escuros diz, tocando no ombro do Dorian.

        - Saia daqui! - Dorian rosna. - Ela é minha mulher, sou eu quem decido a forma como a trato.

       - Ótimo - o rapaz tira um celular do seu bolso. - Então terei de chamar a polícia e os seguranças do hospital, pois já considero isso como agressão.

      Dorian arregala os olhos diante da sua ameaça e larga meu braço no mesmo segundo.

        - Ainda não acabamos - ele diz, apontando seu dedo indicador no meu rosto, para logo dar meia volta e esbarrar no estranho com raiva antes de sair.

       Aliso a área avermelhada, sentindo um formigamento no local.

       - Está tudo bem com você? - o rapaz que me ajudou pergunta, tomando a liberdade de tocar no meu braço vermelho.

        Assinto, meio constrangida com toda essa cena. 

        - Obrigada - agradeço, tentando ver o seu rosto encoberto pelo chapéu.

        Percebendo que estou tentando ver sua face, o estranho tira o seu boné, revelando sua face. Ergo o cenho por impulso. Acho que nunca o vi antes, mas ainda tenho uma sensação estranha. Como se esse pensamento estivesse completamente errado.  

       - Prazer, meu nome é Sehun - ele estende a sua mão em minha direção e eu a aperto, ainda avaliando seu rosto.

        - Eu te conheço?

        O tal Sehun estala a língua e tira uma espécie de cartão do seu bolso.

        - Sim, porém mesmo que tenha me esquecido, saiba que pode contar comigo para tudo. Aqui está um cartão com meu número.

        Pego aquele papel envolto num plástico, meio incerta e estática. Eu o conheço?

        - E antes que venha protestar sobre algo, antes de perder a memória você confiava em mim.

        Assinto, deixando ali mesmo, preso na minha garganta, tudo o que ia dizer a ele.

        - A gente se vê em breve, Morgana Woods - com um breve aceno de cabeça, ele sai do meu campo de vista.

        Fico alguns segundos parada ali, confusa com tudo o que acabou de acontecer.

        Dorian estava exalando ira, de uma forma que eu nunca vi antes.

        Será que algo aconteceu durante esse período que não consigo me lembrar? Aposto que sim.

        Vou até o carro e peço ao motorista que me leve de volta para casa. Começo a sentir uma forte dor de cabeça, e isso já está se tornando mais frequente do que antes. Ando me estressando demais ultimamente, o que não está me fazendo bem.

        No caminho, recebo uma mensagem do Baekhyun dizendo que ele não estará em casa a noite e que infelizmente terei de jantar sozinha.

        Acabo ficando feliz com essa notícia, pois assim que chego em casa, tomo um banho e como minha refeição sozinha. Depois, eu vou para o meu quarto e fico deitada na cama até o sono me vencer apenas alguns minutos depois.

***

Tradução da frase:

"Eu ainda não posso confiar em tudo."

Espero que tenham gostado, não se esqueçam de votar e comentar por favor <3

Beijos amores e até o próximo capítulo.

Lady Luck | BaekhyunOnde histórias criam vida. Descubra agora