Especial de ano novo

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Aviso: Esse especial se passa um mês depois da Morgana estar longe do Baekhyun, então o capítulo 55 (que eu postei ontem) é na verdade o futuro, isso aqui passou.

     Sento-me na calçada em frente a cafeteria em que estou trabalhando com uma garrafa de suco presa entre os dedos. Passo o indicador pela borda da garrafa e olho o céu estrelado acima de mim. Não quero voltar para casa. Seria deprimente ficar sozinha no meu apartamento na virada do ano. Também não quero ficar bêbada, acho que essa seria a deixa que eu precisaria para correr atrás dele novamente...

     Por mais que eu o odeie depois de descobrir tudo, algo dentro de mim ainda insiste em pensar que talvez eu devesse dar-lhe uma segunda chance. Algo dentro de mim quer acreditar que, pelo menos em algum momento, o que tivemos foi real.

     Eu me pergunto o que faria se estivesse ainda na casa do Baekhyun esta noite. Provavelmente seríamos só nós dois naquela casa, talvez ele me chamasse para saírmos juntos à noite, mas eu iria dizer que queria passar a virada do ano da maneira mais informal possível, com ele ao meu lado. Bobagem, sei que no final ele ia insistir tanto que acabaríamos saindo, provavelmente iríamos para a praia e veríamos os fogos de artifício.

     Levo a bebida à minha boca e dou um gole grande. Alguns casais passam pelas ruas abraçados e trocando carícias um com o outro. Isso faz apenas com que eu me sinta pior. Ora, faz apenas um mês desde que fui embora, ainda não o esqueci. Nos momentos em que estou sozinha, como agora, as memórias vêm com mais força e me deixam ainda mais triste. Espero que eventualmente eu esqueça este sentimento e assim possa seguir em frente, mas por enquanto ele ainda deixa cicatrizes em todo o meu corpo e, principalmente, no meu coração.

     Suspiro, fazendo fumaça branca sair da minha boca, e aperto o casaco bege que visto contra o meu corpo. As pessoas já me olham como se fosse uma moradora de rua e algumas até ameaçam jogar umas moedas para mim. Ainda bem que elas não fazem isso, se não teria de explicar que não estou precisando do dinheiro deles, só estou precisando de paz.

     Levanto-me daquela calçada após alguns minutos e percebo que do outro lado da rua há um senhor deitado num pedaço de papelão com o corpo tremendo. Atravesso a rua sem pensar duas vezes e vou até o senhor de idade, retiro o meu casaco e o cubro como se fosse um lençol para ele. Acabo o acordando, assim, ele se senta e me encara.

     - Aqui está - entrego-lhe também o suco que mal cheguei na metade e uns bolinhos que guardei numa sacola plástica para o meu jantar. - Você deve estar com fome.

     O senhor pega a sacola e o suco e, aproveitando sua deixa, eu me sento ao seu lado.

     - Como o senhor veio parar aqui? - pergunto, olhando para o outro lado da rua. - Não tem família?

     Vejo quando ele balança a cabeça em um sinal negativo.

     - Entendo. Isso é triste - abaixo a cabeça.

     Ficamos em silêncio por um bom tempo, apenas o escuto comer sua refeição com vigor. Ele de fato estava faminto.

     - Não está com frio? - o senhor estende meu casaco de volta. - Eu já estou acostumado.

     Me recuso a pegar a peça de roupa.

Lady Luck | BaekhyunOnde histórias criam vida. Descubra agora