Tormenta de Emoções

Capítulo 10 - O presente: quinta parte.

"(...)Talvez meu amor tenha aprendido a ser menos amor só para nunca deixar de ser amor." – Tati Bernardi

Dias atuais – 2017

Rosalie acordou cedo naquele dia cheia de ideias, estava na casa do pai, tinha uma garganta inflamada e por isso sempre ficava com ele quando tinha algum problema de saúde. A garotinha ligou para a avó pedindo uma torta de maçã e especificou que queria que a tia fosse entregar, Marichelo riu do plano de Rose, porém combinaram direitinho e acertaram que Anahí iria entregar.

Não, Rosalie não queria juntar o pai com a tia, ela nem suspeitava que os dois tivessem tido algum envolvimento no passado. Tudo o que sabia era que estava com saudade de Anahí, sua mãe ainda estava marcando pesado em cima da relação das duas e tinha se divertido tanto com os dois naquele dia do parque que queria repetir. Grace, a babá, tinha tirado algumas semanas de férias, o que estava deixando a menina completamente entediada.

Agora ela estava sentada no balcão da cozinha esperando que Alfonso fizesse seu almoço. A campainha tocou por volta das onze da manhã.

"Estranho. Não estou esperando ninguém." – Alfonso disse e olhou para a filha, Rosalie tinha uma expressão imparcial no rosto sem demonstrar a euforia que estava sentindo de verdade.

"Melhor ir ver, papai." – A menininha seguiu Alfonso até a porta de entrada. Ele precisou respirar fundo para recuperar o fôlego ao ver Anahí. Os cachos sempre tinham sido sua perdição principalmente quando ela os trazia soltos como agora, usava uma calça jeans colada ao corpo realçando todas suas curvas, uma blusa branca com um casaco preto por cima dos ombros, e... Uma torta de maçã nas mãos. Ok, ele estava definitivamente sonhando.

"Oi." – Ela sorriu rapidamente – "Vim aqui entregar a torta que Rose pediu." – Anahí deu um beijo na testa da sobrinha que logo veio abraçá-la.

"Puxa! Obrigada, tia Any." – Rosalie pegou na mão livre da tia e a puxou para dentro da casa, levando-a até a cozinha.

"Não precisava. Obrigado." – Alfonso olhou de lado para filha de forma acusadora que só sorriu em resposta. Ele tirou a torta das mãos de Anahí, colocando-a em cima do balcão – "Fica pra almoçar com a gente, Anahí?"

"Sim! Fica, tia Any." – Rose juntou as duas mãozinhas pedindo.

"Eu não sei se é uma boa ideia. O jornal anunciou uma tempestade forte pra essa tarde, sem previsão de término." – Anahí se desculpou. Estava traçando uma luta interna consigo mesma, queria ficar, porém não sabia se seria o certo a se fazer. Estava quase para ir embora, voltar para a sua vida em Boston e tudo só sairia mais difícil se ela criasse mais raízes naquela cidade que ela nem queria voltar em primeiro lugar.

"O jornal está sempre mentindo." – A criança deu de ombros, falando como se realmente entendesse disso.

"E mesmo se for verdade, ainda temos algumas horas até o previsto." – Alfonso apoiou a filha, não era uma má ideia passar algum tempo com Anahí e Rose.

"Eu não sei, eu..." – Anahí começou a falar, mas um trovão estrondoso a interrompeu anunciando o começo da chuva provando que Alfonso estava muito errado. Os três correram até a janela, a tempestade decidiu chegar mais cedo, a neblina cobria quase tudo não dando pra ver um palmo à frente.

"Parece que você está presa com a gente, Ana." – Ele falou talvez um pouco mais feliz do que devia.

Sim, parecia que ela ainda ficaria ali por muito tempo.

****

Anahí ligou para a Marichelo para que a mãe não ficasse preocupada, e após ela e Rosalie aprontaram a mesa da sala colocando os pratos e os talheres. Aquela mesa quase nunca era usada, só em ocasiões especiais, geralmente quando eram apenas Alfonso e Rose eles comiam as refeições no balcão da cozinha mesmo, porém a garotinha fez questão de almoçar na sala.