Capítulo 1

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Brooklyn, New York, 2017

Desde de que me mudei de Boston, minha vida havia se tornado um verdadeiro inferno, e uma chuva de azar havia caído sobre mim aos meus vinte e seis anos. Uma chuva não, uma grande e turbulenta tempestade.

Passei quase quatro meses para me acostumar à minha nova “casa”, o pequeno apartamento que eu havia conseguido em um prédio no Brooklyn, bom, pequeno era pouco, ele era minúsculo, entretanto, era espaçoso o suficiente para mim, no caso, meus vizinhos eram um dos grandes motivos para minha grande demora em me habituar à minha nova vida em New York.

Eu sabia que por mais detestável que o Brooklyn parecia ser, era bem mais reconfortante do que eu ouvia falar do Bronx. Não que eu estivesse reclamando sabe? Apenas era difícil me habituar a um lugar diferente. Minha antiga casa em Boston era meu lar, meu porto seguro.

Esse lugar, era tudo, menos isso.

E aqui estou eu, depois de perder a única pessoa que eu podia chamar de família, minha mãe, vivendo em um lugar de merda, com pessoas de merda como vizinhos.

Não por escolha, mas por precisão.

Boom! Boom! Boom!

Estremeci toda, tampando os ouvidos.

Novamente me assustei com o alto barulho estrondoso vindo do apartamento ao lado, suspirando, corri para a parede, colando um lado de minha face sobre ela.

Tentei ao máximo ouvir um rastro si quer do que acontecia do outro lado, e não obtive nada, apenas uns sons estranhos e barulhos de coisas caindo.

Sabe aquele momento de dúvida?

Que você não sabe o que fazer?

Bom, esse era meu atual momento.

Sobressaltei ao ouvir um disparo.

Merda! Gritos ecoaram também.

Algo não estava certo, isso era evidente.

Me direcionei até a porta, colocando apenas minha cabeça para fora, observando o corredor completamente vazio.

O cheiro de mofo e cigarro exalava pelas paredes descascadas, a tinta amarela nas paredes já ganhava um tom marrom.

Eu já estava acostumada com isso, esse cheiro era comum vindo dos apartamentos ao redor do meu.

Novamente um estrondo.

Outra vez vinha do apartamento ao lado, já fizera pelo menos uns quinze minutos que gritos e estrondos vinham de lá. Não que fosse algo incomum, esse apartamento sempre foi movimentado e barulhento, porém, esses barulhos e gritos não eram nada confortantes, pelo contrário, eram aterrorizantes.

Vivian Stark não era o tipo de vizinha que eu sempre sonhei ter, ela sempre sabia a hora certa para encher meu saco, sempre quando eu chegava com a cabeça explodindo de dor do trabalho, a mulher parecia adivinhar, ligando o som no volume máximo, eu até não reclamaria se as músicas fossem boas, entretanto, raps não eram meu estilo de música favorito.

Sem contar que era bastante evidente que a mulher era envolvida com coisas perigosas, sempre suspeitei com o movimento constante de homens com expressões fechadas entrando e saindo de seu apartamento, que a mulher devia vender drogas, ou coisa pior.

Talvez eu só não estivesse acostumada, como já disse, minha antiga vizinhança em Boston comparada a essa, era uma maravilha.

Nunca si quer reclamei para o síndico do prédio. Era a vida dela. Contanto que ela não se importasse com à minha, estaríamos invisíveis uma para a outra.

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