Capítulo 2

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— Você tem certeza que está tudo bem?

O detetive Bruce Parker perguntou mais uma vez, analisando minha situação precária com seus olhos castanhos claros, com uma linha fina de tensão em seus lábios grossos.

O homem coça a nuca, olhando para o caderninho em sua mão onde ele havia anotado tudo que detalhei sobre o que aconteceu algumas horas atrás, cada mínimo detalhe do que vi naquele apartamento. Tudo e muito mais, eu podia até afirmar que o caderninho em sua mão era uma pequena biografia sobre mim, já que o homem havia perguntando sobre tudo, minha família, meu trabalho e etc.

Eu estava exausta. O corpo dolorido e a cabeça latejando, como se milhares de agulhas acertassem meu crânio.

A todo instante eu me via desejando que tudo isso fosse apenas um pesadelo, quando acordei nos fundos dessa ambulância, pedi aos céus que nada disso houvesse acontecido.

Entretanto, meu pesadelo se tornou real, tudo que presenciei naquele apartamento havia acontecido. Parecia que uma bomba havia explodido, trazendo consigo toda aquela desgraça.

— Sim, está. — Apesar de ter soado firme, qualquer um poderia ver que eu estava mentindo. O choro estava sendo preso, eu estava em puro estado de choque, céus! Minha vizinha estava morta, o que era pior, eu havia presenciado tudo por ser um filha da puta idiota e curiosa o bastante para está no lugar errado e na hora errada.

Senti como se uma pequena agonia brotasse dentro de mim, se tornando maior conforme meus próprios pensamentos me atormentavam.

Meu Deus!

Ela havia sido esfaqueada, esturprada e morta. Uma lufada de dor me escapou, era doloroso quando algumas imagens do que aconteceu se formavam em minha cabeça.

Fecho meus olhos, suspirando, tomando ar para meus pulmões doloridos, pressionando o saco de gelo em um lado de minha cabeça.

Quando cai, a bancada havia sido forte contra um lado de minha cabeça, fora as náuseas e as dores no peito, eu estava intacta.

Por muito pouco.

— Você disse que ele a estuprou, certo?

Não respondi. Apenas concordei.

— Filho da puta. — O detetive rosnou. — Esse desgraçado é um monstro.

— Ele... A esfaqueava enquanto fazia... — Fraquejei em minhas palavras, uma lágrima caiu por meu rosto.

O detetive acenou, compreendendo.

— Fodido de merda!

— Eu realmente não terei que prestar depoimento no departamento, certo? — Questionei, limpando minhas lágrimas, assustada com o quão grave e aguda minha voz soou.

O detetive de homicídios todo vestido de preto a minha frente, negou com a cabeça.

— Não será necessário. — Ergueu o caderninho em sua mão. — Já recolhi todas as informações necessárias.

Acenti com a cabeça.

Algo pareceu lhe vir a mente.

— Você disse que viu algo saindo pela escada de incêndio, certo? — O detetive indagou de repente, os olhos castanhos sobre mim.

Uma vaga lembrança de um volto escapando do apartamento de Vivian surge em minha cabeça, não consegui responder o homem, apenas confirmei em outro breve aceno com a cabeça.

O homem xingou bem baixinho.

Vi quando ele parou um policial que passava, pedindo para que rodeassem o prédio e vasculhassem a sacada e a escada de incêndio do apartamento da vítima.

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