A Verdadeira Amizade

Capítulo 2 - A festa

Chegando perto de casa eu percebi que podia ter feito a pior escolha da minha vida. Eu não podia fazer nada, eu ia ter que ir naquela festa se não aqueles dois idiotas iam contar para a escola inteira que eu era um arregão e mentiroso e eu ia ser zoado pelo ano inteiro ou até no dia da minha formatura. Para ficar melhor, quando cheguei em casa meus pais estavam brigando mais uma vez, o velho estava bêbado, saiu logo depois de mim e foi assistir futebol com alguns ex-colegas de trabalhos em um bar local, ao menos foi oque ouvi minha mãe dizer depois que eles pararam de brigar e ela ligou para uma amiga para fofocar, ela chorava no sofá da sala por não saber mais o que fazer com ele. Por mais que ele desse trabalho, no fim das contas ele era seu esposo e ele era, meu pai.

Eu estava tão tenso sobre o que poderia acontecer na festa que minha fome tinha até passado, eu só pensava em como sair daquele lugar rapidinho. Foi aí que eu percebi o quanto eu não sou nem um pouco marrento comparado as coisas que acontecem no mundo, eu só tinha uma vida explosiva porquê meus pais brigavam sempre e isso me deixava com a cabeça quente todos os dias e a única coisa que eu queria era um pouco de silêncio e como não conseguia tive que fazer do meu próprio jeito, matando as aulas. Eu poderia me auto intitular como um moleque que não liga pra nada, nem pro seu próprio futuro, mas no fundo, eu ainda valorizava a vida que tinha, e por esse motivo que eu estava tentando escapar dessa maldita festa.

O dia seguinte chegou mais rápido do que eu achei, depois de mais um dia chato e monótono na Saint Davis o sol foi se pondo e a noite chegou num piscar de olhos, pensei comigo mesmo que se eu não fosse para aquela festa eu nunca ia me perdoar, se eu quisesse achar meu propósito na vida eu teria que enfrentar perigos maiores que poderiam envolver até mesmo a morte, só assim eu ia parar de me tremer e iria conseguir me achar de uma vez por todas.

Um moletom e uma calça jeans, era tudo o que eu precisava. Então logo me arrumei, coloquei o bilhete da festa no bolso e sai com um ar de arrependimento para aquele lugar...

Chegando lá, já era possível ver a fumaça que os dutos da indústria soltavam e ao mesmo tempo um som bem alto vindo daquela festa. Aquele lugar parecia um puteiro, logo de cara encontrei as piranhas daquela famosa escola encostada na parede com alguns "Bad Boys" se achando o tal com a garrafa de álcool na mão. Tinha uns seguranças na entrada para poder recolher o ingresso do pessoal, peguei o ingresso do meu bolso e fui entrar, mas minha vontade era de rasgar aquele papel e depois falar que perdi, mas mesmo assim seria suspeito demais. Dei meu ingresso para o grandalhão que estava lá e ele me liberou, quando entrei só consegui ver caras com mais de 25 anos com umas vadias no colo enquanto bebiam umas brejas e fumavam uns cigarros ao mesmo tempo que tocava aquele punk rock alto que doía os ouvidos.

Dei uma olhada no lugar para ver se encontrava aqueles manés, até que vi lá nos fundos, aqueles três que me abordaram no parque, além deles três ainda tinha mais um que nunca tinha visto na vida. Dessa vez todo mundo com jaqueta de couro. Eu levantei minha mão pra sinalizar que estava lá e eles responderam levantando a garrafa na minha direção. - Marco!! - Gritou um dos manés, só podiam estar de sacanagem com a minha cara ou eram muito retardados para errar meu nome três vezes.

Enquanto estava andando até a mesa todos ficavam olhando pra mim e depois cochichavam, como se estivessem tirando um sarro da minha cara. - Ei garoto! Perdeu seus pais? Dava risada uma mulher que estava sentada no colo de um cara barbudo segurando uma garrafa de vidro com cerveja dentro enquanto tragava seu cigarro. Seu batom vermelho sangue hipnotizava ao olhar para o seu rosto decorado com sua sombra grossa em volta dos olhos. 

A mulher devia estar tão chapada que não adiantaria nada eu tentar retrucar então deixei quieto e segui na mesma direção que caminhava. Cheguei na mesa e sentei junto com eles, estavam na maior alegria bebendo e sorrindo enquanto falavam sobre as garotas que tinham naquela área. Os três que estavam comigo naquela mesa pareciam gente boa mas aquele cara que eu ainda não tinha conhecido era diferente... Primeiramente, os outros três lá do parque tinham o cabelo liso castanho e jogado pra trás típico de um greaser marrento, mas esse outro tinha a cabeça raspada dos lados e em cima tinha um baita moicano vermelho duro de gel, ele tinha uma aura negra e parecia perigoso, tinha piercings em seus lábios, nariz e orelhas, sua barba por fazer  dava a ele uma idade mais avançada do que a dos outros que estavam na mesa. No começo da festa eu já queria ir embora mas quando o vi, eu percebi que estava em um mau caminho e que precisava agir logo.