Depois de conhecer Shelton, três semanas se passaram, estávamos na metade da primavera e a escola estava cada vez mais difícil de se lidar. Meus pais ainda discutiam frequentemente e eu acabava por matar ainda mais aula, Shelton era o único que eu conseguia entender porque ele também me entendia. Entre esse tempo que havia se passado os dois greasers babacas Jimmy e Andy saíram da escola por motivos familiares ou algo do tipo, não sabia muito sobre, e então consequentemente com a saída dos dois, eu nunca mais tive nenhuma notícia sobre o J.B, e parecia que eu tinha feito Shelton esquecer dessa história também.
Eu e Shelton começamos a sair para festas, fazer farra, encher a cara e tudo mais, éramos tipo irmãos de sangue. Em um certo dia, Shelton me propôs para irmos naqueles cinemas em que as pessoas ficavam dentro de seus carros, mas não é o que você está pensando, eu falei com Shelton e ele disse que conhecia umas garotas que eram ''vizinhas'' dele, elas praticamente moravam perto de sua casa e então ele tentou entrar em contato com duas garotas o que acabou em sucesso. Ele combinou as demais informações e combinaram tudo certinho para nos encontrarmos lá na entrada do cinema á noite.
Eu fui o primeiro a chegar, sai correndo de casa achando que estava atrasado mas para a minha surpresa... Não. Quando me aproximei do cinema a entrada era 2 libras, eu abri minha carteira e só achei 50 centavos, que vergonha, não tinha dinheiro para pagar uma entrada imagina para comprar algo para as garotas. Eu fiquei do lado de fora sentado na calçada esperando o Shelton, não demorou muito e ele logo chegou, foi até mim me cumprimentar e sentou ao meu lado. Ele viu que eu estava segurando minha carteira e logo sacou uma nota de 10 libras do bolso, ficou balançando a nota na minha frente enquanto dizia:
- Você tá sem grana né ?
Olhei para ele e ele estava rindo, eu abaixei a cabeça e comecei a rir junto. Do mesmo jeito, fiquei impressionado e aliviado por ele estar a par da situação.
Depois de um tempo esperando, as garotas chegaram, de longe elas eram lindas mas quando chegaram perto, elas eram mais ainda, seus nomes eram Sophie e Tracey. Shelton me apresentou Sophie enquanto ele se mostrou mais interessado pela outra garota. Sophie era uma garota loira de cabelos cacheados enquanto seus olhos eram de uma cor castanho escuro, o que combinava com todo o resto. Fui cumprimenta-la e disse:
- Oi, como vai? - Ela me respondeu mas não parecia dar muita bola
Shelton ficava rindo de mim enquanto falava que ela não era meu numero já que ela já tinha 17 pra 18 anos, mas eu não achei isso um problema e deixei ele rindo sozinho junto com Tracey. Já Tracey, tinha um cabelo preto bem liso e ela era a mais gata das duas, eu realmente não estava ligando para o padrão de beleza mais bonito mas a gente sempre quer o melhor. Enfim, o clima estava bom, Shelton conseguiu alugar um carro que estava parado lá com o dinheiro que tinha, cada um se sentou ao lado do par que tinha e começamos a conversar enquanto nós 4 assistíamos ao filme que passava.
Shelton dividiu o dinheiro dele comigo e com isso eu decidi comprar
um refrigerante de soda naquelas máquinas para Sophie já que ela não estava conversando muito. Eu puxava assunto mas ela não dava nenhuma resposta ou se quer um simples sorriso era como se eu tivesse feito algo de errado. Eu voltei a sentar do lado dela depois de comprar o refrigerante, dai abri e ofereci a soda para ela na tentativa fazer ela finalmente me responder.- Toma, bebe um pouco. - Ela olhou pra mim... E tirou o refrigerante dá minha mão dizendo:
- Obrigada. - Logo após, ela deu um gole na latinha e mesmo que tenha sido simples, singelo e por pouco tempo, ela abriu um sorriso em seu rosto.Finalmente tinha conseguido fazer ela falar algo. Ela era realmente interessante, parecia que ela tinha um segredo que nunca contou a ninguém e por isso ela não era de falar muito, mas isso despertou meu interesse, ela era diferente, não era igual aquelas piranhas da industria que só pensam em transar com algum cara e depois fazer tudo de novo. E foi por isso que comecei a despertar algum sentimento por ela, mas mesmo assim não podia deduzir isso só com algumas horas de convivência. Se desse lado o clima estava cada vez mais frio, do lado do Shelton estava cada vez mais quente, só faltava um se jogar em cima do outro.
Depois de um tempo o filme havia acabado e resolvemos ir para casa, era quase meia noite então não acho que tínhamos alguma outra coisa para fazer. Eu e Shelton se despedimos delas esperando outro momento para nós encontramos já que elas nos deram seus números. Sophie antes de se virar e começar a andar me deu adeus balançando a mão e deu um sorriso como se ela tivesse ganhado o dia em me ter como companhia e assim meu coração começou a arder em chamas porque sabia que iria vê-la novamente um dia.
Eu voltava para casa depois de um longo dia de farra, estava tão feliz por ter conhecido Sophie que enquanto estava andando na rua ficava cantarolando de alegria acho que finalmente depois de ter tido uma época tão difícil eu consegui ficar feliz e nada poderia estragar essa felicidade. Ao mesmo tempo, estava tão cansado que poderia deitar na calçada e dormir ali mesmo, eu não estava na área industrial mas existia trombadinhas por toda Hills Town, então não me dei o luxo de deixar alguém vir e me roubar. Andava na calçada sozinho numa noite completamente tenebrosa mesmo estando um clima agradável de primavera. Na metade do caminho meu bolso começou a vibrar e logo percebi que era o meu celular tocando. Fiquei pensando em quem poderia ser já que o número era desconhecido, poderia ser Sophie querendo dizer alguma coisa para mim ou alguma outra novidade, também poderia ser algum trote ou algo do tipo. Então peguei meu celular para saber quem era logo de uma vez e atendi:
- Alô !? - Falei, e logo em seguida ouvi a voz de um homem dizendo:
- Senhor Stain, aqui é do hospital geral, indesejavelmente gostaríamos de lhe informar que seu pai sofreu um ataque cardíaco devido a uma crise de cirrose algumas horas atrás, nossos médicos tentaram de tudo mas infelizmente acabamos de receber a nova informação de que ele não resistiu e veio á falecer.
"Sempre que você encontrar felicidade, a vida sempre encontrará algo para te derrubar"
Rapidamente caí no chão enquanto chorava em prantos quando recebi a notícia, comecei a tremer, larguei meu celular no chão de tanto impacto que isso me causou. O lugar onde eu estava era apenas uns 10 min a pé até o hospital então comecei a correr em direção ao lugar que meu pai estava, só queria ter a chance de vê-lo uma última vez. Eu nunca fui muito com a cara do meu velho, ele só bebia, bebia e bebia e quanto mais bebia trazia mais discussão pra dentro de casa, além de não ligar muito para mim, mas nunca pensei que ele partiria tão cedo.
Cheguei ao hospital o mais rápido que eu pude, não conseguia nem falar direito de tão ofegante que eu estava. Peguei o elevador e achei a sala em que meu pai estava antes de ser levado para o necrotério. Em um momento, eu vi meu pai deitado já falecido e ao lado dele, minha mãe, que chorava rios de lágrimas. O que eu podia fazer... Não consegui aguentar e comecei a chorar de novo também, chorei como uma criancinha e afoguei toda essa tristeza que sentia durante todo esse tempo em cima da morte de meu pai... Por esse motivo, percebi que a vida é curta de mais para não ser vivida e comecei a olhar o mundo de forma diferente.
Depois de meu velho falecer eu e minha mãe fizemos o funeral dele, não tínhamos nenhum parentesco, era apenas eu e ela. Num fim de tarde de primavera estávamos ali, de roupa preta, jogando algumas rosas antes do coveiro cobrir o caixão de terra. Shelton também havia aparecido, estava no canto encostado numa arvore enquanto eu e minha mãe chorávamos. Ele sentiu o que senti e me consolou naquele funeral como um verdadeiro amigo.
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A Verdadeira Amizade
JugendliteraturSeu nome é Marvo, um garoto ruivo da Inglaterra de 16 anos que está de mal com a vida, quando ele entra no ensino médio acaba sendo procurado pelos greasers, os valentões da escola Saint Davis, mas quando ele precisa tomar uma decisão difícil o rumo...