Após a morte de meu pai minha vida passou rápido como um raio, se passaram 5 meses, durante esse tempo, Shelton saiu da cidade por um tempo para ir viajar com a família e tudo ficou pacato demais, o verão passou voando e eu nem me lembrava a ultima vez que tinha feito alguma besteira. Dessa vez, estávamos entrando no outono e as folhas marrons já começavam a cair das arvores enquanto a vida explosiva que eu tinha tomava seu rumo. A escola continuava sempre a mesma chatice, o mais perto que a Saint Davis consegue chegar de emoção é com o campeonato de xadrez. Desses tempos pra cá eu comecei a ''namorar'' com Sophie, tínhamos nos entendido bem e começamos a nos encontrar frequentemente mas ainda não era uma relação seria mas eu estava realmente gostando dela. Minha mãe por sua vez nunca mais foi a mesma acho que o único motivo para ela não ter desistido de viver era eu.
Por meados de setembro eu já estava completamente apaixonado por Sophie, um certo dia eu tomei uma decisão importante, decidi chama-lá para sair com uma intenção á mais, iria pedi-la em namoro.
É exatamente isso, eu ia pedir Sophie em namoro, estávamos nos entendendo muito bem e achei que esse era o momento certo para se tomar uma atitude. Mandei uma mensagem de texto para o celular dela pedindo para que ela me encontrasse na tarde de sol daquele dia na frente do cinema onde nos conhecemos pela primeira vez. Depois de feito isso, comecei a me arrumar já pensando na resposta que ela iria me dar, depois da morte do meu pai, se não fosse por ela acho que eu não conseguiria ficar tão feliz de novo como estou neste momento.
A hora marcada chegou, e fui me encontrar com ela. Chegando perto do cinema que aliás tinha sido fechado á 2 meses atrás, eu já conseguia avistar Sophie me esperando, ela estava linda como sempre com suas roupas normais do dia a dia, seu tênis all star no pé e sempre com aquele ar de durona, não podia pedir estilo melhor dela. Quando nos aproximamos disse:
- Oi... Você está linda como sempre - mesmo sabendo que nós já éramos muito íntimos, ainda assim senti vergonha por falar isso. Mas ela logo me respondeu :
- E ai ruivinho, você também está bem elegante para um relaxado. - Tinha alguns momentos que eu desconfiava dela por ser muito rude, mas ela era desse jeito mesmo.Minha real intenção era pedi-lá em namoro mas não conseguia, nunca tinha feito isso antes então não sabia o que fazer depois e por isso que eu estava tão travado.
Estávamos ali na calçada do antigo cinema onde nos conhecemos, no maior bem bom, ela olhava pra mim e eu correspondia, estávamos completamente apaixonados mas pelo fato de eu nunca ter tido um relacionamento amoroso antes minha fala não saía de jeito nenhum. Sophie olhou bem nos meus olhos e disse:
- Marvo... Eu... Tenho que te contar uma coisa. - Disse ela com um tom meio triste
A fala dela foi interrompida porque enquanto estávamos lá, acabei me deparando com a polícia passando pela rua em que nós estávamos e derrepente tudo começou a ficar em câmera lenta, e eu sentia uma sensação estranha como se aquela viatura estivesse vindo exatamente em minha direção não sabia o porquê mas tinha certeza que algo de ruim ia acontecer.
Exatamente como eu pensava, a viatura foi encostando devagarinho no outro lado da rua e eu já tinha certeza que era comigo que eles queriam falar, mas também pensei que poderia ser só algum tira vindo perguntar o que nos dois estávamos fazendo ali sentado então resolvi não correr. Falei para Sophie não se preocupar, e que se fosse comigo iria ficar tudo bem. O policial saiu do carro enquanto o outro ficou lá dentro comendo uma rosquinha, isso era muito clichê mas ele realmente estava comendo isso. Ele veio na maior lerdeza rebolando a cintura para ficar exibindo seu cassetete. Quando chegou perto de mim logo disse:
- Ei garoto, você que é Marvo Stain ? - O policial tinha dito meu nome com tanta convicção que só podia ser uma coisa, a polícia estava me procurando por algo que eu fiz. E então respondi:
- Sim, sou eu. - Eu fiquei encabulado por não lembrar o que tinha feito, algumas vezes em que sai com Shelton fizemos algumas coisas que talvez pudessem ser contra a lei mas de resto eu não conseguia lembrar de mais nada que fosse grave. E para a minha surpresa, o policial me disse seriamente:
- Marvo Stain, você está sendo acusado de ser cúmplice de agressão em um garoto na noite do dia 27 de março, vou ter que pedir que entre na viatura e me acompanhe até a delegacia.
Nessa hora meu corpo parou, congelei completamente, eu não conseguia acreditar que depois de 5 meses aquela antiga história veio a tona. Eu que pensava que o J.B já tinha apodrecido na prisão, fiquei surpreso quando depois de tanto tempo ele ainda teve a cara de pau de incriminar o resto dos caras que estavam lá naquela noite sendo que o único culpado era ele mesmo.
Sophie também ficou surpresa com a notícia porque eu nunca tinha contado esse meu segredo a ela. E então ela olhou para mim e disse com um tom arrogante e surpreso:
- Marvo !? Que história é essa !? - Eu não queria... Depois de tanto tempo vivendo uma mentira, eu não queria contar a verdade e acabar com tudo que eu conquistei.
- Sophie, Eu te explico tudo mais tarde. - Falava isso enquanto o policial já me algemava e me arrastava para dentro da viatura.
Pelo vidro do carro, eu só conseguia ver Sophie se distanciando aos poucos de mim enquanto aquilo ainda era muito impossível de acreditar.
Depois de um certo tempo, eu cheguei a delegacia da cidade, o policial me tirou do carro e eu fui levado ao xadrez. Já não estava nem aí, estava tão pasmo que não conseguia nem ficar de pé, parecia que meu espírito tinha saído de meu corpo. Tiraram as algemas da minha mão e me colocaram em uma sala escura. Logo quando a luz acendeu, me deparei com 3 caras do meu lado esquerdo, eram exatamente os 3 que tinham me chamado para a festa naquele dia no parque e que também estavam comigo naquela noite do ato, Jimmy, Andy e Josh. Os 3 olhavam para mim com uma cara triste como se estivessem querendo pedir desculpas, principalmente os dois greasers babacas que estudavam junto comigo.
E lá estávamos nos 4, dentro do xadrez esperando alguma coisa acontecer. Eu tinha certeza que J.B estava fazendo aquilo porque certamente alguém deve ter dito que se ele falasse quem estava com ele naquele dia ele poderia ganhar um recesso na pena dele.
Nós que estávamos na sala não conseguíamos ouvir nada mas eu não sei como, talvez tivessem deixado a porta aberta ou algo tipo, eu consegui ouvir um dos oficiais que estava lá dizendo "pode entrar a vítima" e aí meu coração começou a bater forte e o desespero começou rapidamente também, Shelton iria me ver ali dentro e descobrir toda a verdade, de que eu menti para ele durante todo esse tempo mesmo no começo quando eu realmente o via apenas como um escudo, Shelton era agora para mim a única coisa que eu tinha mas se ele me visse lá, não importa o quanto eu tentasse me explicar ele não iria me ouvir.
E quando ele apareceu do outro lado, eu não suportei e comecei a chorar enquanto olhava para o rosto dele que também parecia espantado e com vontade de chorar. Depois disso, nos transferiram para outra sala, me colocaram em uma sala sozinho enquanto levaram os outros 3 para outra sala. Alguns minutos depois um oficial entrou na sala e disse:
- Você está livre, J.B confirmou você como cúmplice mas a vítima fez questão de dizer que você não estava na cena do ato. Os outros três vão ser transferidos para um reformatório.
Depois de saber que eu estava naquele dia em que ele foi espancado quase até a morte, Shelton ainda me ajudou, no fundo ele ainda sentia algo por mim e foi isso que me fez levantar a cabeça para pensar que eu ainda teria aquela vida pacata e feliz.
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A Verdadeira Amizade
Ficção AdolescenteSeu nome é Marvo, um garoto ruivo da Inglaterra de 16 anos que está de mal com a vida, quando ele entra no ensino médio acaba sendo procurado pelos greasers, os valentões da escola Saint Davis, mas quando ele precisa tomar uma decisão difícil o rumo...