Há catorze anos...
Chovia muito naquela madrugada de uma pequena cidade e já estava no horário de saída de um renomado médico, que nela atendia. Seu nome era Gregório, doutor Gregório. Um cirurgião viúvo, que morava nos arredores da cidade com seus dois filhos. Em sua sala, sem atender ninguém há cerca de duas horas, olha para seu relógio no pulso e vê que já tinha passado cinco minutos do fim de seu expediente.
Ele sai e fecha a porta da sala. Segue pelo corredor que dá direto à portaria do hospital. O estabelecimento possuía um berçário onde se podiam ver os bebês através do vidro do corredor. Gregório passava por ali todos os dias, mas nunca reparava neles, já que nunca fora o tipo de pessoa carinhosa que se importava com aquilo. Mas, ao passar em frente ao vidro, teve a impressão de sentir uma presença estranha naquele local. Ele para durante alguns segundos, e segue para o estacionamento do prédio.
Na portaria, uma jovem enfermeira chamada Júlia, que estava de plantão naquela madrugada, cumprimenta-o, dizendo:
- Bom dia, doutor. Que noite tranquila foi essa, não é?
Gregório apenas responde com um sinal de beleza feito pela mão, pois já desconfiava de que Júlia estivesse sendo gentil com ele pelo fato de não ser comprometido. Mas Gregório não tinha nenhuma vontade de se relacionar com alguém a essa altura da vida, principalmente depois do que aconteceu com sua esposa. Ela morreu durante o trabalho de parto de seu último filho, sem motivo algum, já que era uma mulher saudável. Gregório se sentia culpado, pois era somente de sua vontade ter outro filho. Sua esposa sempre recusava, pois também era médica e tinha uma longa carga horária de serviço. Então tinha medo de ter outro filho e não ter tempo de dar o amor necessário a ele.
Enfim, Gregório se aproxima de seu carro e usa a maleta para proteger sua cabeça da forte chuva que caía. Colocando a mão em seu bolso, logo percebe que suas chaves não estavam ali. Decepcionado, voltou para sua sala, xingando a si mesmo. Júlia, que o observava ao passar pela portaria, começou a rir.
- Droga! Como posso esquecer essa porcaria de chave! - dizia Gregório, sem perceber que as poucas pessoas que estavam ali também riam de sua atitude.
Enfim, chegou à sua sala e pegou as tais chaves que o tiraram do sério. Em seguida, fechou novamente a porta de sua sala e seguiu pelo mesmo corredor que havia passado antes, só que agora em passo mais lento. Ao passar perto do berçário, notou que um dos bebês chorava muito e não parava de se mexer.
Gregório, por um breve instante, ficou a observar aquele bebê, que, por sinal, parecia bastante incomodado. Com sua visão periférica, notou que alguém parecia se aproximar, mas esse alguém de alguma forma não parecia humano. Gregório temia saber o que era, já que aquilo tinha aparência ameaçadora, com vestimentas sujas e rasgadas, mas que cobriam seu corpo todo. Seus movimentos eram bastante debilitados, dignos de uma pessoa à beira da morte.
Então, ao notar que aquela criatura se aproximava do bebê, Gregório não teve outra opção, a não ser tentar salvar a criança. Disparou-se para o corredor que dava acesso à porta do berçário e entrou. Naquele momento, notou que a criatura já estava com o bebê em seus braços.
- Largue essa criança! - disse Gregório ao pegar a criança e empurrar aquele ser no chão.
A criatura não caiu, apenas se afastou com o impacto, mas não desistiu da criança e avançou em direção a Gregório para pegar o bebê novamente.
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Batalha dos Guardiões
FantasiaEm um mundo paralelo ao nosso, onde tudo parece um caos, ressurge a necessidade da chegada de novos guardiões, que devem dar o máximo de si para tomarem o lugar do último guardião, um homem tirano, cruel e autoritário. O livro conta a história de do...