Morte na água

Capítulo II - Sir Ronald Irving Peter - detetive R.I.P

Minsk era uma cidade pequena, tinha cinquenta mil habitantes, uma cidade fria, mesmo em outras estações do ano. Chovia na maior parte do ano. Ela era muito sombria também, devido a isso fora utilizada como locação em diversos filmes de terror. Tinha pequenas casas e alguns prédios velhos que foram construídos durante a Segunda Guerra Mundial, como forma de refúgio para algumas famílias devastadas pelo acontecimento. Ela era rodeada por uma vasta floresta. Seu único acesso era através de uma ponte que interligava a estrada principal. Era famosa por ser a cidade das grandes mansões. Era o lugar perfeito para ter uma vida tranquila. Ou não.

Aquele velho prédio, tinha paredes brancas e pequenos azulejos coloridos em suas sacavas, ele era pequeno demais. Tinha apenas três andares e vinte apartamentos em sua estrutura toda. Ficava em uma pequena e sem saída rua, Saint Rick Groove 39, no bairro Carly, um modesto bairro de Minsk. Próximo à antiga estação de trem, que tivera sua ascensão maior durante a guerra, hoje não era muito movimentada, por causa do metro intermunicipal que interligara Minsk a grandes cidades.

Ronald vivia no último andar e havia apenas o seu apartamento nesse andar. Ele se orgulhava muito disso, pois não precisava olhar para a cara de nenhum vizinho quando saísse de seu mundinho. Assim como o prédio, o apartamento era pequeno também, mas com uma ótima visão das ruas lá fora, ele ficava horas sentado em seu banco na sacada, olhando as crianças jogarem bola durante o verão. Coisa divertida, ele pensara algum observando as crianças. E dali de sua janela, podia-se observar também o horizonte, onde havia altas montanhas da cidade com seus picos cobertos de neve.

Ele era um homem de 45 anos, seus cabelos eram pretos, olhos castanhos escuros, usava um óculo de armação quadrada. Ele tinha um rosto bonito, sua boca era simétrica, nariz empinado e tinha uma barba espessa. Vovô, você parece um viking, sua neta sempre dizia isso quando ele a visitava. Seus olhos eram pequenos, pareciam verdadeiras bolinhas de gude, porém eram muitos astutos. Ele observava tudo, ele era - parecia uma câmera de segurança daquele prédio - rápido e ligeiro em seus pensamentos, isso o tornou um excelente profissional.

A sua profissão era um tanto quanto penosa e muito fechada. Ronald nunca pode se envolver emocionalmente em seus casos. Bem, aquele era o treinamento que ele tivera, porém sempre admitira a si mesmo que existiam alguns em que ele acabara desenvolvendo certo carinho, pra não dizer pena ou até mesmo perguntas como: O que ele faria se fosse com ele ou alguém de sua minha família?

Ele era um detetive, por sinal, um dos bons. Porém agora, ele estava aposentado. Ele trabalhara sua vida toda como detetive no condado de Minsk. Estava afastado de sua profissão há cinco anos, por causa de sua depressão. Atualmente, sua vida era ficar a maior parte do dia em seu apartamento, lendo alguns livros, tomando chá e fumando seu cigarro. E observando as crianças na rua, um de seus passatempos atuais.

Aos finais de semana, ele permitira-se sair da cidade, sempre visitara sua neta na cidade vizinha. E aproveitara para colocar o papo em dia com o seu enteado, Brian, que ele cultivara um carinho muito grande nos anos em que ficara casado com sua mãe. Mesmo permitindo-se a sair de casa para alguns eventos sociais como uma terapia para a cura de depressão, sua vida domiciliar era o que ele tinha de melhor, ele pensava mesmo sendo monótona e sentindo saudades dos tempos que estivera campo, solucionando casos dificílimos. Ele era realmente era espetacular naquilo que o fizera ser o melhor. Mas decidira se afastar do seu ofício quando sua esposa falecera, em um acidente de carro. Após o falecimento adquirira uma forte depressão que o fizera não pensar em mais nada. Ele não suportara mais trabalhar em casos de investigações em que exigira sua total atenção e a única coisa que sentira em seu interior era ausência de sua amada esposa, que estivera do seu lado por muito tempo, eles estavam casados há 25 anos. Uma vida.