Capítulo III - O Quebra-cabeça.

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O sol que estava entre as nuvens naquela manhã, irradiava pequenos feixes de luz que iluminavam os flocos de neve fazendo os brilharem. A cidadezinha estava muito pacata, além do seu habitual e inóspita, devido ao clima gelado que assombrava a região. Estava sem vida, sem cor, parecia uma terra abandonada, uma cidade fantasma. As pessoas não ousavam sair de suas casas, exceto se fosse para algo realmente necessário. Ronald não achava que realmente fosse necessário sair de sua casa naquela manhã, para atender um pedido da policia local. Droga, preciso mesmo ir até esse local, o corpo já não era para estar aqui na cidade, no necrotério, pensou ele. Se o detetive pudesse escolher, — ele podia escolher, mas decidiu enfrentar esse desafio — escolheria voltar para a sua casa dormir mais um pouco, talvez.

Ele sabia da importância que tinha para esse caso, eles precisavam de sua perícia.

A delegacia estava tão fria, as poucas salas pareciam como um freezer de tão geladas que elas estavam. A equipe estava com dificuldades de sair dali, o carro da policia atolara em neve, os pneus cantavam e cantavam, mas a viatura permanecia imóvel. Merda, o detetive pensou.

— Estamos atolados — disse o policial Hilbert. Sério, não havia notado essa neve toda, gênio.

— Mas que maravilha de tempoexpeliu Ronald tentando não demonstrar irritação.

Eles precisaram acionar uma equipe de limpeza. Toda a neve que havia debaixo do veículo foi removida precisamente. Já as ruas e estradas estavam mais tranquilas em questão de passagem, eram limpas com certa frequência. Mas mesmo assim, os moradores estavam em estado de alerta. O jornal local noticiou naquela manhã, para eles tomarem cuidado ao sair de casa, pois poderia nevar forte a qualquer momento.

Depois de esperarem algum tempo a equipe limpar a neve, finalmente eles conseguiram sair da delegacia seguindo o caminho até o seu destino, o lago Leeke. O policial Hilbert guiava a viatura em direção ao lago, ao corpo.

— Finalmente — disse o delegado.

Não demoraram muito tempo para chegar ao destino, apesar do mal tempo que estava. O detetive teria que ter certa precisão em sua primeira análise ao ver o corpo, até então eles não tinham ideia de quanto tempo o corpo jazia ali no lago.

O lago era um lindo lugar nas temporadas de outono e verão, ficava cheio de vida. O chão cobria-se de folhas secas alaranjadas que caiam das árvores, flores aquáticas brotavam-se no meio do lago e os pássaros sobrevoavam fazendo uma dança rítmica perfeita. Os patos nadavam de um lado para outro. E os esquilos pulavam de um galho para o outro, mas no inverno o lago simplesmente morria.

— Esse é o lago cheio de vida — o detetive disse o ironicamente. – Não é o que o que vocês disseram no caminho para cá — ele finalizou. Ronald era o tipo de sujeito com pensamentos astutos, mas também muito irônico quando queria. Quase sempre ele queria.

Caro detetive, eu não sei se você percebeu, mas estamos em pleno inverno, não sente o frio? — perguntou ironicamente o delegado.

Ronald deu de ombros virando o rosto em outra direção. — Não sou nenhum idiota, Andrew — Irving respondeu levemente irritado olhando torto para o delegado. Sujeito estúpido, o detetive pensou.

Quando a viatura chegou, o policial a estacionou próximo a um casebre de madeira, eles observaram ao longe um lago congelado, morto. Muita neve. Muito Gelo. E os ventos estavam fortes.

Todas as árvores do lugar estavam cobertas de neve, elas pareciam que estavam vestidas de noiva. No horizonte ao norte, enxergava-se apenas um leve nevoeiro e o pico da montanha maior montanha da região, a montanha Rush. Eles andaram alguns metros de trilha para ter acesso ao lago, para finalmente chegar ao corpo.

Morte na águaOnde histórias criam vida. Descubra agora