Dezembro de 2005. Inverno. A neve estava caindo por todo canto da cidade. Era segunda-feira. 8 horas da manhã na mansão Richards.
Naquela manhã fria na pequena cidade de Minsk, ele estava tomando o seu café da manhã. Uma xícara de café com leite com bastante espuma e levemente amargo igual ao seu humor. Ele nunca gostava de usar açúcar. E as poucas gotas de adoçante que colocara em seu café, seriam apenas para dar suavemente um toque doce. Estava saboreando seu maravilhoso bolo de cenoura - feito com cenouras naturais colhidas de sua horta - com cobertura de chocolate que banhava todo o bolo na fôrma por causa de seu excesso. Que coisa deliciosa, isso é o que podemos chamar de a oitava maravilha do mundo - pensou o milionário saboreando o pedaço que estava em sua boca cheia. Mas o seu médico, havia o proibido de comer coisas doces devido a sua doença, diabetes. Mais um pedaço desse maravilhoso bolo, não ira me fazer mal - ele pensou por um instante se servindo de mais um pedaço do bolo que estava na mesa. Era seu bolo favorito. Podia ficar sem qualquer doce no mundo, - ele era viciado em doces, tanto que o seu médico tivera que cortar seu consumo demasiado - mas jamais sem o seu bolo. Era basicamente um ritual necessário, toda amanhã precisava comer um pedaço daquela delícia.
Leonard Richards era um homem poderoso na cidade de Minsk, aposentado de sua carreira empresarial, ele tinha havia adquirido uma enorme fortuna no ramo de empreitaria, começou sua carreira sendo um pedreiro, estudou muito, conseguiu uma sociedade com um amigo de faculdade, - que ele pagara toda ela com parte do dinheiro que herdara de um tio muito querido - para iniciarem suas carreiras de engenharia. O velho engenheiro tinha cinquenta anos, cabelos lisos e castanhos com leves fios brancos, seu porte físico era atlético, porém era muito pomposo igual a um flamingo. Sua personalidade era forte e rígida, olhava seriamente para pessoas quase não expressando simpatia. Sua vida agora se resumia apenas em ficar em sua linda e bem estruturada mansão ao lado do Lago Leeke, o lago mais importante da cidade.
O lago ficava numa área afastada da cidade, em uma área de preservação ambiental. Ele tinha alguns bancos ao seu redor e também ao longo das várias trilhas que ali havia. Aos finais de semana durante outras estações do ano, ele ficava cheio de pessoas de várias idades e tipos, que vinham para pescar, dar aquele mergulho ou passear pela natureza fugindo do caos da cidade, as crianças simplesmente adoravam.
- SUZIE, SUZIE - gritava Leonard descansando por alguns minutos seus olhos que estavam fixos no jornal de papel. Ele era ríspido e um tanto quanto grosso com as pessoas a sua volta. Acreditava que só porque tinha dinheiro era dono das pessoas, - certo, ele pagava o salário de seus funcionários - mas isso não as tornava propriedade dele.
Suzie Libby, era a empregada, uma moça jovem, tinha a pele branca feita como a neve, olhos claros. Seus cabelos pretos ficavam escondidos, debaixo de uma touca que era parte de seu uniforme. Suas mãos eram pequenas, mas em suas funções elas eram ágeis. Ela teve que trabalhar muito cedo para ajudar no sustento de sua família.
Ela vinha de uma família muito humilde. Eles moravam em uma cabana próxima ao lago Leeke.
- Pois não, senhor Richards, o que deseja? - perguntou calmamente, com medo de ouvir coisas estúpidas de seu patrão. Mas ela conhecia-o muito bem, ainda mais quando ele a chamava aos berros.
- Suzie, eu já falei mais de mil vezes - ele virou os olhos nesse momento demonstrando cansaço - pra não deixar queimar a cobertura do meu bolo, sua incompetente - esbravejou o milionário soltando o jornal que estava em suas mãos na mesa.
- Senhor, me perdoe. Ando meio distraída ultimamente por causa de minha família. Perdoe-me, não voltara acontecer - disse a emprega, segurando o avental de forma vergonhosa, abaixando a cabeça com uma voz de choro suplicando para não perder o emprego.
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Morte na água
Misterio / SuspensoPor quanto tempo você conseguiria esconder um segredo? Ronald Irving, um detetive aposentado de sua carreira se vê obrigado a retornar ao trabalho, após um corpo ser encontrado gelado, petrificado feito um iceberg em um lago, próximo do Natal. Quem...