Morte na água

Capítulo IV - O Jardineiro

— Olá, bom dia! Sou Ives, Rodrick Ives.

Rodrick Ives era um rapaz lindo, moreno, olhos verdes, cabelos e olhos de um castanho vivo, alto. Ele tinha vinte anos de idade e era forte. O tipo de cara que desperta atenção de qualquer mulher por onde ele passava. Muito simpático e também sedutor. Ele estava usando uma calça jeans apertada, camiseta branca e sapatos pretos. Estava se apresentando de uma forma não tão formal para uma vaga de emprego, mas mesmo assim ele confiava em seu ser profissional e acreditava que iria conquistar aquela a vaga de emprego.

— Bom dia! Queira entrar senhor Ives — disse Albert, olhando o rapaz dos pés a cabeça de uma forma autoritária. — Por favor, me acompanhe — prosseguiu Albert, apontando com a mão a direção para Rodrick.

Enquanto Rodrick seguia Albert, ele foi observando seu ambiente ao redor.

A mansão era muito linda apesar o seu aspecto rústico. Na escada havia um tapete vermelho que acompanhava a escada do início até o fim dela. Tinha quatro vasos chineses logo na entrada do hall, que tinha uma estante enorme. Havia um piano preto no meio da sala e em cima dele, tinha um castiçal.

Eles seguiram para a cozinha. Ela estava cheia de pessoas indo de um lado para o outro. Havia enormes panelas penduradas acima do fogão. Um grande armário com vidros transparentes onde você podia observar os pratos de porcelana e também xícaras. Era tudo muito fino, como diziam as pessoas, era tudo muito chique.

— Sente-se, por favor — Albert disse apontado uma cadeira.

Um cheiro de café exalava pelo ambiente.

— Claro! Muito obrigado — assentiu Rodrick, sentado em uma cadeira de madeira muito bem adornada.

— Muito bem, senhor Ives, vamos começar — disse Albert ainda encarrando o rapaz.

— O senhor já está ciente. Nós estamos precisando urgentemente de um jardineiro. O nosso antigo funcionário que cuidava dessa parte da casa pediu demissão — disparou Albert a falar seriamente.

— Sim, senhor. Percebi o seu desespero através do anúncio, que pedia um profissional para início imediato — disse o rapaz de forma breve, olhando diretamente para Albert.

— Sim, o início do trabalho é imediato — afirmou Albert. — Mas, o senhor, possui uma carta de recomendação de seu antigo emprego?

— Sim, possuo. Está aqui — disse Rodrick, entregando o papel para o mordomo.

— Possui disponibilidade para trabalhar aos finais de semana também? — perguntou Albert.

Rodrick não estava nervoso. Ele sabia o que estava fazendo, sabia exatamente o que queria.

— Claro senhor! Eu tenho disponibilidade durante o final de semana — afirmou o rapaz.

As mulheres que estavam na cozinha de um lado para outro, ficaram olhando para o rapaz ao longe. Ele ouviu alguns burburinhos atrás dele, mas manteve sua atenção para a entrevista.

Nossa, que rapaz bonito, ele ouviu uma das empregadas dizer ao fundo.

Após meia hora de conversa, entre perguntas e curiosidades que Albert tinha a respeito do jovem, finalmente foi decidido. Rodrick Ives era o novo jardineiro da mansão Richards.

— Muito obrigado pela oportunidade — agradeceu Rodrick apertando a mão de Albert.

Albert ainda desconfiado da aparência física do rapaz retribuiu o aperto.

— Seja bem vindo à mansão. Preciso apresentá-lo ao senhor Leonard. Nosso patrão — disse Albert, olhando nos olhos de Rodrick.

— Tudo bem, quando poderemos? — perguntou o rapaz.

— Imediatamente, queira me acompanhar. O senhor Leonard está lá fora — falou o mordomo indicando o caminho para Rodrick

Leonard sempre tomava seu café da manhã antes das nove. Não gostava de tomar após esse horário. Após as oito horas da manhã, já é hora do almoço, dizia o milionário.

Mas naquela amanhã, Leonard havia tomado o seu café muito cedo. Às 8 horas ele já estava em seu jardim, lugar em que Albert e Rodrick encontraram o velho, sentado próximo algumas rosas.

— Senhor Leonard, bom dia. — disse Albert.

— Como o senhor está se sentindo hoje? — perguntou o mordomo de forma cordial e demonstrando preocupação.

Leonard já era um senhor de certa idade, então ele tomava alguns medicamentos para a pressão, diabetes e também para o coração.

— Estou bem, Sir. Grow — respondeu o velho. — Estou aqui admirando o meu jardim e estou triste.

— Coitado dele — resmungou o velho. — Ele está morto — falou com voz de choro.

O velho se preocupava demais com aquele jardim, ele tinha-o como um filho. O jardim era seu ente querido, para o milionário, o jardim era uma pessoa. Ele tinha mais apreço pelo jardim do que pelas pessoas.

— Entendo senhor, mas agora o seu jardim vai ganhar cor, ganhar vida — disse o mordomo, olhando para Rodrick que estava ali próximo observando as lamentações do velho.

Que coisa idiota, pensou o rapaz.

Rodrick era jardineiro, não porque gostava da profissão ou gostava de flores e plantas, mas porque ser jardineiro dava uma grana. Ainda mais quando se trabalha em mansões ricas.

As pessoas ricas dão muito valor para seus jardins, adoram exibi-los para seus parentes, amigos, dizia Ronald para alguém que perguntasse para ele sobre sua profissão.

— Rodrick Ives, senhor! Sou o seu novo jardineiro — apresentou se o rapaz.

— Será um prazer trabalhar em seu jardim — falou de forma clara, tentando transparecer felicidade.

— Que maravilha! Espero que você não seja tão incompetente igual ao meu ultimo jardineiro — disparou o milionário.

Rodrick olhou assustado mediante a grosseria nas palavras de Leonard. Mas ficou calado, assentiu com a cabeça e deu um sorriso de canto de boca.

— Ives, seu sobrenome é Ives? — perguntou Leonard.

— Sim, senhor — confirmou o rapaz.

— Conheci uma pessoa há muito tempo atrás com esse sobrenome. Mas creio que não tenha nada haver, afinal há vários sobrenomes por aí e não tem nenhuma ligação de parentesco — falou o senhor de forma rígida.

— Ah sim, senhor — respondeu o rapaz de forma tímida.

— Creio que não seja de minha família, mudei recentemente para a cidade.

Mas havia um objetivo para Rodrick ter mudado de cidade. O que ele não sabia era o que esperava por ele em sua nova cidade e nem mesmo o que as pessoas esperavam dele.

Agora ele era somente um rapaz sozinho naquela pequena cidade, que conseguira o seu tão sonhado emprego.

O emprego.

Agora ele era jardineiro da mansão Richards.