Pequena sereia

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Lydia estava completamente jogada na cama. A cabeleira ruiva espalhada pelo travesseiro, o corpo todo coberto por milhares de lençóis amontoados. Dormia profundamente, até é claro, Stiles se jogar na cama dela.

— O que a aniversariante quer hoje? — Ele cantarolou em um grito impensado.

Lydia bufou alto, grunhiu e pensou em ignorar a presença do melhor amigo, porém Stiles não estava disposto a permitir isso. Empurrou o corpo dela para se ajeitar na cama e a envolveu em um abraço apertado e desajeitado.

— Quero que um pirralho irritante pare de me encher o saco! — Ela gritou de volta, esmagando a cabeça no travesseiro. Odiava ser acordada.

— Oh, assim magoa!

Sua voz era debochada, repleta de uma falsa magoa que fez Lydia abrir os olhos e virar subitamente de frente para ele. Stiles manteve os braços ao redor dela, somente os lençóis impediam maior contato de seus corpos.

— Eu preciso de um pouco de privacidade, Stiles. — Ela reclamou ainda mau humorada, vendo o sorriso divertido dele. — Você nem bate na porta antes de entrar no meu quarto!

— Talvez seja porque eu quero encontrar você trocando de roupa de novo.

Lydia corou e voltou a esconder no rosto no travesseiro. Desejou se camuflar na cama e apagar do calendário o maldito dia em que o melhor a encontrou trocando de roupa.

No mês anterior, Stiles, como sempre, entrou no quarto de Lydia sem nem pensar em bater na porta. Acabou a encontrou sem blusa, procurando na cômoda um sutiã para vestir.

Ela tinha quatorze anos e os seios estavam crescendo muito lentamente, eram pequenos, pontudos, típicos de uma menina que acabou de entrar na puberdade. Lydia odiava o fato de estar se desenvolvendo tardiamente, enquanto as garotas da sua escola já tinham o corpo mais bem definido.

Para a Martin, os pequenos seios se assemelhavam a duas espinhas inflamadas. Ela não gostava nem de ver aqueles caroços que rompiam de sua pele. Mas para o Stilinski, foi a visão mais linda e mais tentadora da face da terra.

Stiles, quase dois anos mais novo, cheio de hormônios, ficou paralisado ao ver os bicos rosados e em formação de Lydia. Ele ficou hipnotizando, olhando indiscretamente para os primeiros seios que via na vida.

A boca entreaberta, os olhos arregalados, uma fina camada de suor na testa e nas mãos. Ele era incapaz até mesmo de piscar. E para melhorar sua visão, percebeu que na parte de baixo Lydia usava apenas uma calcinha.

Aquele algodão com corações estampados que cobria o corpo da melhor amiga, pareceu ser uma lingerie muito sexy aos olhos dele. Não enxergava como uma calcinha infantil, mas sim, linda.

Ela ficou tão envergonhada que demorou longos minutos para se mover. Durante esse tempo, Stiles não parava de encará-la com uma admiração explícita transbordando dos olhos castanhos.

Depois de uma eternidade que ela encontrou forças para correr e fechar a porta do quarto na cara de Stiles. A vergonha de saber que o amigo viu algo que ela considerava tão feio, a fez ficar corada durante horas.

Desde aquele dia, o garoto ficou fissurado com a ideia de vê-la sem sutiã de novo. Ele não tinha nenhuma vergonha de dizer para a própria Lydia que queria conseguir espiar novamente o seu corpo.

Lydia ainda não sabia se o mais constrangedor foi o momento em que Stiles ficou olhando para seu corpo ou quando, minutos depois, ela abriu a porta, já vestida e viu o garoto ainda paralisado com uma ereção chamativa na calça.

Ela nunca tinha visto um garoto com aquele volume incomum. Talvez por isso, passou minutos observando atentamente.

— V-você... — Lembrar daquele dia constrangedor fez a aniversariante gaguejar.

— Eu quero dar uma coisa além do presente que comprei. — Ele anunciou mudando o assunto para diminuir a crescente vergonha de Lydia. — Antes que pergunte qualquer coisa, vou logo avisando que só vou dar o presente na hora da festa!

Lydia fez beicinho de irritação, pois odiava ter que esperar para descobrir surpresas. Ela se esqueceu da vergonha que aconteceu no mês anterior e estava pronta a tentar convencer a Stiles a dar o presente antes da festa, quando foi surpreendida.

O Stilinski fez biquinho, como se quisesse imitar o típico beicinho que Lydia fazia na hora da raiva. Respirou fundo e antes que mudasse de ideia, ou ela entendesse o que ele pretendia, juntou seus lábios.

O selinho desajeitado, rápido e extremamente meigo, fez o coração dela disparar. Se separaram com a respiração pesada.

— O que foi isso? — Ela sussurrou assustada, os olhos verdes arregalados.

— Você disse que não queria fazer quinze anos sem ter dado o primeiro beijo. Então eu resolvi esse problema! — Ele abriu um meio sorriso. — Meu primeiro presente foi o nosso primeiro beijo.

Stiles, por ser mais desinibido, encarava Lydia nos olhos. Não escondia a satisfação e o orgulho no rosto pela própria atitude e além disso, o afeto quase transbordava da expressão. Era impossível ela não se sentir amada pelos olhos avelãs.

Por ser encarada com tanta intensidade, Lydia ficou subitamente envergonhada. Percebeu que o garoto era cuidadoso ao ponto de se preocupar com algo tão banal, quanto o anseio dela de ser beijada.

— Eu ainda não dei um beijo de verdade. — Concluiu ela muito baixo, sem saber o que dizer.

— Está pedindo que para eu enfiar minha língua na sua boca? — Ele perguntou arqueando as sobrancelhas, na dúvida do que ela queria dizer. — Se você quiser eu posso...

— Parabéns, Lydia! Nem acredito que meu bebê está fazendo quinze anos!

O grito repentino interrompeu a fala de Stiles. Foi a mãe de Lydia que entrou no quarto com um sorriso gigantesco, os braços bem abertos e os olhos brilhando de emoção.

Stiles e Lydia tremeram de susto. Os dois arregalaram os olhos e encararam Natalie, mas nenhum dos dois fez menção de sair da cama. Afinal, a mãe de Lydia, assim como todos os adultos próximos aos dois, estavam acostumados a encontrar eles dividindo a cama.

Quase todas as tardes após a escola, eles almoçavam juntos e cochilavam a tarde na cama, de conchinha. Já faziam isso há tanto tempo, que não sabiam mais como esse hábito começou.

Desde muito pequenos, eles davam um jeito de dividirem a cama. Pareciam sempre estar muito confortáveis com a presença um do outro, por isso, os pais nunca viram problema, nem maldaram essa atitude deles.

— Stiles implorou para acordar você, Lydia! Ele não é um fofo? — Natalie não percebeu o constrangimento da filha ao continuar a falar. — Inclusive, já sei qual é o presente dele e tenho certeza que você vai amar.

— Duvido que seja melhor do que o primeiro. — O sussurro muito baixo de Lydia, fez Stiles sorrir.

Os lábios grossos da menina formigavam por causa da breve sensação do selinho. Já Stiles, sorria tanto, que não conseguia sentir a boca. Eles se entreolharam por alguns segundos.

— Feliz aniversário, pequena sereia. — Ela amava quando ele a chamava daquela forma.

Stiles piscou um olho para ela. A expressão travessa e divertida, a fez soltar uma risada tímida. Por causa dele, Lydia perdeu seu costumeiro mau humor matinal. Era impossível continuar irritada depois de ter dado o primeiro beijo.

As músicas que me guiaramOnde histórias criam vida. Descubra agora