Coração de Ouro

6 - As Certas e As Erradas

As semanas seguintes de Gael, Samara e Helena foram agitadas. Gael começara a realmente "voltar ao normal", se é que se pode ser normal depois de ser estuprado, enquanto Helena e Samara começaram a se conhecer, e planejam juntas não só como querem agir no evento do fandom, como também levam Gael para sair com elas, com a inteção de ajudar sua reabilitação social, indo para lugares simples como sorveterias, restaurantes, junto com experiências mais longas como passar o dia na Avenida Paulista, ou na Liberdade, para ver se o garoto já conseguia voltar a ser o extrovertido que sempre foi.

Depois de muita insistência, Gael se mostrava cada vez mais curado do que havia acontecido com ele, e todo mundo acreditava nisso, menos Felipe, seu anjo da guarda. Lógico, Samara e Gael contaram para Helena da existência de tal ser, que demorou para acreditar, até que viu o almoço sendo "magicamente" feito para eles. Como Helena não consegue ouvir o que Felipe fala, os dois sempre conversam escrevendo um para o outro, e parece que os dois realmente gostam de conversar.

- Gael, eu acho que eu e você precisamos conversar.

- Sobre o quê, Felipe?

- Eu quero fazer um combinado com você, que tal?

Gael cerra os olhos, com medo da proposição do anjo. Mesmo sendo mandado por Deus para ajudar ele, o anjo não aparentava ser perfeitamente certo, já que tinha tempos que ele fazia piadas de todos os tipos, e as vezes ria quando um deles escorregavam no chão que tinha acabado de passar.

- Depende, sobre o que seria?

- Eu sei que você gostaria de saber mais sobre as religiões. Eu estou disposto a te explicar elas, e te contar o quê acontece "atrás dos panos", que tal? - Disse Felipe, levando sua mão para frente, esperando que Gael a comprimente para fechar o acordo.

Os olhos de Gael brilham quando Felipe propõem isso, só que o garoto cruza os braços e encosta na parede da sala, perguntando:

- Mas o que eu teria que fazer em troca?

- Treinar comigo seus poderes. - Disse Felipe, deitando no ar. - Você realmente acha que seus poderes estão no auge de sua aplicação? Você realmente acha que só pode ver a memória de pessoas falecidas? Gael, se toca, as paredes, o chão, são seus ouvidos, seus olhos, você consegue muito mais que isso. Aceita? - O fantasma se ajeita de novo e toca seus pés no chão, estendendo a mão novamente.

Gael arregala os olhos, em choque. Se o que ele diz é verdade, esse meu poder poderia ser muito mais útil do que já é.

- Lógico que ele pode ser, bobo.

Gael revira os olhos, pois tinha esquecido que o fantasma conseguia ouvir seus pensamentos, e então aperta a mão do Felipe.

- Quando começamos? - Perguntou Gael, olhando confiantemente nos olhos de Felipe.

- Quando você quiser. É só me falar sobre a religião que quer aprender sobre, que te ensinarei.

Gael coloca a mão no queixo, pensando. Ele mesmo não sabia quase nada sobre nenhuma religião, então, falou a que mais ouvira falar sobre, e que não estudara nada sobre durante suas aulas de História.

- O espiritismo - Disse, cuidadosamente.

Felipe levanta uma sombrancelha, como se estivesse surpreso. O fantasma provavelmente esperava algo mais "comum", como o catolicismo ou o evangelicalismo.

- Tem alguma subclassificação mais específica? Como o kardecismo? A umbanda? O candomblé?

- Os três - Respondeu Gael, ficando cada vez mais ansioso e curioso com o que o fantasma iria dizer.