Gael ficou preso naquela posição por alguns minutos; não acreditava que tinha acabado de ser beijado pelo Noah, novamente. Desde aquela festa, os dois não se falavam mais como falavam antes, e agora, totalmente sóbrio, o menino repetira o ato.
Samara tentara tirar o garoto do choque mas Gael estava ali, paralisado. Não sabia mais o que pensar ou fazer, tudo estava confuso e embaralhado demais, sentia tudo demasiadamente: amor, ódio, felicidade, tristeza, ansiosidade, serenidade, paz e discórdia.
- Gael, lembra do nosso combinado? - Disse a única outra voz masculina possível, Felipe, que atravessava a parede à direita do garoto, com um olhar preocupado.
O menino olhou para o anjo com um olhar de nojo, de decepção. - V-você quer "treinar" agora? Agora que minha melhor amiga está numa cama de hospital por minha culpa, agora que eu não sei mais o que pensar sobre Noah, AGORA QUE A MINHA VIDA TÁ UMA BOSTA?
- Sim. Você precisa tirar sua mente disso, e treinar pode ser a melhor coisa que você pode fazer agora.
- Treinar? Do que vocês estão falando? - Indaga Samara, curiosa.
- Eu combinei com o Felipe que ele me ensinaria sobre religiões, e, em troca, eu treinaria meus poderes com ele, mas isso não vem ao caso! Eu não tô com mente pra isso!
- Eu discordo. Eu acho esse momento perfeito pra você colocar toda essa energia acumulada em você em algo mais produtivo do que chorar no chão como um perdedor.
Gael levanta, levantando o dedo e colocando ele na cara do anjo. - Escuta aqui, eu não sou perdedor coisa alguma, seu anjo problemático! Eu vou treinar sim senhor e eu vou mostrar pra você que você é um babaca filho duma puta idiota!
- Perfeito. - Disse Felipe, calmo, olhando para Gael com um olhar pleno e sereno, e o menino leva isso como um sinal de deboche dele, que ele não ligava para os problemas psicológicos dele, e que o mesmo nunca conseguiria o machucar. O anjo vira para o lado e, novamente, cria uma porta de madeira, com um tapete vermelho na frente, numa das paredes do quarto hospitalar da Helena. - Vamos?
- E eu? - Pergunta Samara, olhando para Felipe. - Eu também tenho os mesmos poderes. Não deveria treinar também?
Felipe ignorou a menina, e apenas atravessou a porta, sendo seguido por um Gael que marchava de raiva, abrindo a porta com tudo e batendo a mesma com incrível força. Samara não sabia o que fazer, se ficava com a Helena para ela não ficar sozinha, ou se ia com Gael e Felipe treinar.
Nesse exato momento, Helena se revirava na cama, como se estivesse quase acordando. A garota, então, decide ficar com ela, caso ela precisa de alguma ajuda médica, ou se ela acorde e não soubesse o que tinha acontecido com ela.
~ ~
- Quê que eu tenho que fazer? - Disse Gael, num tom de insatisfação quase desrespeitoso.
Felipe, por ser um ser muito respeitoso, ignora a atitude do menino e começa a falar, como se essa fala dele nunca tivesse acontecido. - Seus poderes, que são um presente de Deus para você, são muito mais... abrangentes do que somente "ver visões do passado". - Dizia ele, andando de um lado para outro, na dimensão branca. - Você pode tanto se locomover através dele, como pode ver memórias de pessoas que ainda estão vivas.
Os olhos de Gael se cerram. O menino estava fazendo birra, querendo mostrar que não acreditava no anjo, mas o que ele dizia parecer fazer bastante sentido, até um ponto.
- O. Que. Eu. Tenho. Que. Fazer. - Disse o menino, pausadamente, tentando propositalmente ser irritante.
- Gael, eu tô tentando te ajudar a se recompor e ser um ser humano melhor, que não precisa da violência para conseguir justiça. Você entende que eu só pude vir a Terra denovo para te ajudar, não é?
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Coração de Ouro
ParanormalGael Vilela é um garoto que poderia ser comum, se não fosse por sua estranha conexão com o mundo espiritual. Ele consegue ver vislumbres da história dos lugares que frequenta, e, por mais que tentasse, nunca conseguiu interagir com o passado, porém...