HOTEL OLIMPUS | Divine Blood

Capítulo 2 | Hermes

Não. Isso não poderia estar acontecendo.

Martha e George são dois incompetentes, só ficam fofocando e não me avisam nada com antecedência.

Com tantas entregas programadas, eu atrasei justo a do Hotel Olimpus.

Minhas pernas doíam pela tamanha velocidade que eu corria, meus pés batiam no chão tão rápido, que sentia como se houvesse asas em meus tênis. Na íngreme rua do Hotel a corrida ficara mais cansativa. O sol forte rachava em em meus braços e pernas que estavam esposto pelo uniforme da empresa, aumentando meu natural bronzeado.

Hera.

A três casas do hotel eu já ouvia seus gritos. Em nome dos deuses que eu não saia surdo deste hospício. 

O simples prédio de tijolinhos vermelhos um tanto desgastado por fora, abrigava uma colossal aura poderosa por dentro. A loucura de Hera se apagava quando se tratava de decoração. Ela possuía a capacidade de trazer a elegância com o ar familiar juntos em um ambiente só.

- Ih cara, se ferrou. - Disse Apollo com seu sorriso debochado enquanto eu ofegava com as mãos no joelho. - Hoje a mamãe tá irritada ao extremo.

- É loirinho, não está ajudando. - Resmunguei vendo ele voltar por onde veio. - Vai cantar alguma garota, vai!

Com cuidado esquivei dos empregados correndo com flores, Deméter já apareceu por aqui.

Através do eco da voz de Hera, fui me direcionando ao salão. Mas um corpo em especial me fez travar.

Não pode ser ela.

Seus cabelos castanhos haviam crescido desde da última vez que tinha a visto. Seu corpo escutural estava de costas para mim e poderia imaginar que um sorriso doce era dirigido a qualquer um que ela estivesse conversando.

Ela não poderia me ver. Por mais que eu desejasse ver seu penetrante olhar mogno. Não a faria sofrer novamente. Com certeza não havia de ser ela.

Entrei em um corredor diferente e segui a voz feminina autoritária.

- Passem de novo está toalha! Eu quero a branca. BRANCA. Não bege! - Suas ordens ecoavam pelo salão, até que me avistou - HERMES!

Tremi até a base. Em longos passos chegou até mim.

- Vinte minutos. VINTE MINUTOS. - Esbravejou no meu rosto. - Tentou bater recorde de atraso?

- Não senhora, ouve algumas implicações. - Disse baixo mas com firmeza. - Está aqui a encomenda. - Peguei a caixinha vermelha da minha bolsa carteiro de couro preta, a embalagem possuía desenhos de pequenas rosas no lado esquerdo em um tom de vermelho um pouco mais escuro.

- Oh é lindo! - Exclamou e bateu palminhas animada antes de pegar de minha mão. - Zeus irá amar. - Disse para ela mesmo e levantou seu olhar para mim. - O que está fazendo aqui, caroço de angu? Vamos, vamos. Não atrapalhe a organização.

Sempre uma educação estupenda vindo dela. Me virei para voltar pelo mesmo caminho que vim e Hera já estava gritando de novo. Como Zeus ainda escutava?

...

- Olhe por onde anda, carteiro. - Hades diz com desdém.

- Me desculpe, senhor morte. - Retruquei irritado.

Havia de ser piada eu me esbarrar justo com ele, não é? Opa! O que ele estava fazendo aqui? Se ele está  aqui, ela também está. Caraca ela realmente está aqui.

- Vejo que continua o Zé ninguém de sempre. - Observou o uniforme da minha empresa. Entregas Hermes, te tratamos como um deus.

- Vejo que continua sem educação. - Falo sem muita paciência e assumo uma cara de nojo ao ver que estava de samba-canção. - Não sabia que se usava roupas íntimas em passarelas .

Ele apenas revirou os olhos e continuou seu caminho.

Tudo pronto por hoje, o dia mal começou e todo o trabalho foi feito. Devagar me dirijo para fora do Olimpus, observando como trabalhosamente todos as decorações do ambiente ornavam.

- Hermes. - Escuto uma delicada voz me chamar

Essa voz.

Tão melodiosa como o canto dos passarinhos no verão, como eu sentira falta dela. Me viro lentamente e a encaro.

Feições hispânicas. Fartos seios por debaixo de seu vestido florido. Olhos cautelosos. Um doce sorriso.

Eu não imaginava o quanto sentira falta, até esse momento. De vê-la pessoalmente após anos.

Perséfone.

...