6-Proposta tentadora

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"A falta de alternativas clarifica maravilhosamente a mente." -Henry Kissinger


[Gabriela]

Não consegui​ prestar muita atenção durante a reunião

Eu sentia seu olhar sobre mim de tempos em tempos, queimando minha pele como óleo fervente.

Eu deveria não me importar com isso, com ele. Mas eu me sentia estranhamente incômoda de ser alvo da atenção daquele americano.

Nunca fui uma garota tida por popular ou demasiadamente simpática tanto na época do colégio, quanto no período da faculdade.

Muitas das vezes eu preferia me sentar sozinha debaixo de uma árvore no campus e ler um livro qualquer, ou colocar os fones de ouvido e escutar Adele chorar por seus amores perdidos.

Meus poucos amigos, que eram ou se consideravam, mais sociáveis que eu, adoravam encher minha paciência por isso e me acusavam de silenciosa e taciturna como o senhor Darcy.

Muito me admirava eles saberem que era senhor Darcy.

Porém pensando por um lado, talvez eles tivessem um pouco de razão. Não que eu vá admitir isso algum dia, claro que não. Todavia, voltando a realidade a minha volta, não gosto dessa situação. Me sinto, meio que indiretamente, vigiada e pressionada.

Seria possível esse homem de negócios e renome, ser um potencial stalker? Porque eu me pergunto até agora, como raios acabamos nos encontrando mais de uma vez no mesmo dia.

Talvez eu esteja cansada demais e por consequência, delirando. É isso. Ele tem cara de ser muito ocupado, para perder tempo fazendo joguinhos de perseguir uma garota que nunca vira na vida.

A reunião chega ao fim e todos se cumprimentam com um aperto de mão educado. Estou fingindo terminar de fazer uma última anotação no ipad, com a cabeça baixa evitando direcionar meu olhar para qualquer um dos dois estranhos naquela sala.

Se bem que todos naquela sala eram desconhecidos para mim. Essa era minha primeira semana trabalhando na West Comunicações, tudo isso graças a Rafael, namorado da minha amiga e um funcionário pra lá de eficiente dessa empresa, que se dispôs a me ajudar com esse emprego, pelo tempo que eu estivesse na cidade.

Rafael era um cara bem legal, engraçado e muito bonito. Não que eu estivesse de olho no namorado da minha amiga, isso nunca. Era mais uma observação respeitosa do que qualquer outra coisa. É claro que ele tinha suas falhas como todo ser humano, e falar muito era uma delas.

Mas dava relevar, ele me ajudou sem ao menos me conhecer, tinha um bom coração. Isso e uma amizade íntima, quase familiar com a herdeira da empresa e seu marido, ou seja, os futuros donos de tudo ali.

Por mais que eu não exercesse meu papel como jornalista ali, agradecia aos céus que meu curso na faculdade não servia só para isso. Comunicação Social abrangia muitas áreas no mercado de trabalho, e aquele era o lugar ideal para mim.

Eu até que gostava da função que tinha como consultora de mercado virtual, e me saía bem naquilo.

As pessoas que trabalham aqui são sempre simpáticas e educadas umas com as outras, diferentemente do meu antigo e possível ex emprego na minha cidade. Bem, nem todos são assim, exceto talvez pela aquela recepcionista siliconada e bicuda da recepção.

Salto do mundo da divagação quando me assusto com uma grande e masculina mão aparece em meu campo de visão.

Muito próximo, muito próximo.-foi o que eu pensei ao levantar meus olhos para fitar o rosto do dono daquela mão, a qual já tinha ciência a quem pertencia.

Como eu me meti nessa roubada -DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora