Passeei pelas ruas londrinas. Eram 20h e ainda não tinha fome, estava sentada num banco de um parque, decido ligar para o meu irmão.
#ChamadaOn
"hey pirralha, como estás?" ouvi ele a rir.
"não me chames pirralha" fingi que estava zangada.
"ok pirralha" soltou uma gargalhada, ri também "então como estão as coisas?"
"bem, estava com saudades tuas"
"ainda ontem falámos toto"
"sim, eu sei, mas não deu para compensar o tempo que estivemos zangados" estava triste.
"conta-me lá melhor porque é que no fim de semana não podemos andar sozinhos, e com quem vamos andar" tentou mudar de assunto.
"tenho um trabalho da universidade para avaliação, que tenho de apresentar segunda feira, que consiste em conhecer uma pessoa da minha turma, e dizer o que aprende-mos sobre ela, então, tenho de andar o máximo tempo com essa pessoa, e ficaram rapazes com raparigas, ai inicio, eu estava com um rapaz chamado Liam, mas hoje um rapaz chamado Harry disse que era o meu novo par por causa de problemas que ele teve com o par anterior" expliquei.
"está bem princesa, esperemos que ele seja simpático" agora comecei a rir ás gargalhadas "qual é a piada?"
"o Harry é tudo menos simpático, é o rapaz mais arrogante que já conheci, não o suporto"
"hmm, Sophie, cheira-me a amor no ar" não acredito que ele disse isto!
"Thomas! Não brinques com coisas sérias!" ele riu "olha, vou jantar, adeus, amo-te"
"amo-te princesa"
#ChamadaOff
Andei um pouco até chegar a um restaurante, entrei, e estava cheio de gente, ainda assim, esperei pela minha vez de ser atendida, desde que cá cheguei, nunca estive num restaurante tão cheio. Faço o meu pedido, janto, e vou para o dormitório.
Entro na banheira, e olho para os meus pulsos, ver todos aqueles cortes, carregados de sofrimento, era um vicio, o qual eu não conseguia parar, o Niall tentou ajudar-me a parar, ao inicio conseguiu, mas agora que mudei de pais, toda esta distância destruiu o que estes meses criaram.
Dou por mim a pensar no propósito da vida, no meu propósito. Existem pessoas que nasceram para cantar, outras para desenhar, outras para salvar vidas, e eu? Sinceramente acho que apenas contribuo para um grande número de pessoas que nascem sem nenhum propósito, que apenas existem para ocupar espaço. Sinto que não sou nada, e talvez não seja mesmo, um dos meus maiores medos é acabar sozinha, e é assim que me tenho sentido desde que as aulas começaram. Tenho um grupo de amigos bastante simpático, mas acho que não passa tudo de uma falsidade, as pessoas são falsas para chegar onde querem e alcançar a sua própria felicidade. Sei que um dia vou acabar sem ninguém, porque a vida é mesmo assim, nascemos sozinhos, morremos sozinhos.
Todos os dias são lutas constantes entre querer e conseguir, quero parar de fazer isto comigo mesma, de me magoar, de usar a dor física como forma de alcançar a paz interior, e é ai que entra a parte de conseguir, essa parte inalcansável. Todas as pessoas caem, mas só fica no chão quem quer, e neste momento, é lá que eu estou, mesmo la no fundo.
O que ando eu a fazer comigo mesma? Não sei. Apenas sei que não quero mais continuar nesta vida, mas sinto que e nesta vida que vou continuar, sinto que nunca vou conseguir parar de ser como sou, sinto que todos os dias afasto pessoas de mim, que estou a magoar as pessoas, sei disso porque sei o quanto o Niall sofria ao saber que me cortava, e ainda assim eu não parava, não conseguia parar, talvez porque a minha felicidade era maior do que a de qualquer outra pessoa.
Tenho medo de mim, medo de mim, medo de magoar o Niall, e principalmente, medo de magoar a minha mãe e o Thomas, que nem suspeitam de nada. Quero esconder isto dela o máximo que conseguir, pois sei que a vou desiludir.
A minha vida nem é assim tão má, tenho de admitir, existem pessoas que passam fome/sede todos os dias, e ainda assim, sinto que elas são mais felizes que eu, e dão graças a Deus por estarem vivas, enquanto eu, que nunca me faltou nada, não sei qual o propósito de estar neste mundo, e penso em suicídio, muitas vezes, cortando-me de a evitar fazê-lo.
Acabo de tomar banho, enrolo uma toalha grande a volta do meu corpo, e uma pequena no cabelo, vesti um pijama, sequei o cabelo, deitei-me e depressa adormeci.
Era agora quinta feita, o Harry ainda não se decidiu a vir falar-me do trabalho, talvez eu devesse falar com ele, afinal, o trabalho é de ambos, e não posso estar a espera que ele se decida a falar comigo.
Entrei na universidade, e procurei por ele, estava ao pé da porta da sala onde iríamos ter aula.
"bom dia, temos de falar sobre o trabalho" eu disse.
"bom dia, logo depois das aulas apareço no teu dormitório e falamos melhor sobre isso, agora não estou com paciência" juro que este rapaz me irrita.
"ok, mas vê se não te esqueces, este trabalho consiste em passarmos o máximo tempo juntos, e não é o que estamos a fazer"
"tem calma boneca, temos tempo"
"temos tempo? É quinta feita e o trabalho é para apresentar segunda" fiz uma pausa "ainda mal falamos, não sabemos nada um do outro, e sempre que me diriges a palavra és um arrogante de primeira" ok, não sei como tive coragem de dizer isto.
"estás a abusar da sorte" ele estava irritado, sentia raiva na sua voz.
"desculpa"
Almocei no refeitório com a Eve e mais umas pessoas da nossa turma, estavam todos com os seus pares, menos eu, o Harry estava mais interessado em comer uma loira com umas roupas que mais parecia uma prostituta.
"então Sophie, o Harry devia estar contigo" disse a Eve.
"sim, eu sei, vou estar com ele hoje a tarde, ainda não tivemos tempo de estar juntos"
"está bem, está bem"
As aulas passaram, e já estava no meu dormitório, o Harry disse que ia tratar de umas coisas antes de vir, então ainda tenho tempo de tomar um banho, entro na banheira, tomo o meu banho, e quando estava já vestida e com o cabelo seco, ouvi um barulho a vir do meu quarto.
Sai, e o Harry estava sentado na minha cama, de cabeça baixa.
"Harry? Como é que entras-te?"
"a porta estava aberta, fartei-me de bater, como não respondias, decidi entrar e esperar"
"não podes invadir assim a minha privacidade!" eu estava irritada, e se eu estivesse nua?
"Desculpa" o que? O Harry pediu-me desculpa?
"o quê?" perguntei para ter a certeza que o tinha ouvido bem.
"desculpa" ele repetiu com a voz abafada.
"wow, nem parece o Harry com quem falei no primeiro dia que cá cheguei"
"cala-te Sophie" ok, ele tinha de estragar.
"ok, desculpa"
Ele levantou-se, e abraçou-me de repente, retribui o abraço, os seus braços a minha volta, fizeram-me sentir protegida, fizeram-me sentir que ele gostava de mim, mas não, o Harry não pode gostar de ninguém e ainda hoje estava aos amassos com uma loira.
Ficamos abraçados por algum tempo, até que ele me larga, e eu olho nos seus olhos.
"estás a chorar Harry?"
Ele abraçou-me outra vez, mas desta vez com mais força, parecia um abraço necessitado, parecia que ele precisava deste abraço, talvez servisse de consolo por ele estar naquele estado, mas eu estava preocupada, queria saber o que se passava.
"o que se passa Harry?"
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One More Chance || H.S.
Fanfiction"eu amo-te" "mas eu não te posso amar" ; "não sou rapaz de uma só rapariga" Sophie era uma rapariga triste, não estava habituada a ter amigos e nunca antes teve uma relação, mudou-se para Londres para ir para a universidade e acaba por conhecer Harr...