Capítulo 37

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Não me recordo da ultima vez que esteve um dia tão frio como o de hoje, algum tempo se passou desde que me declarei ao Harry, ele não tem falado comigo, simplesmente ignora-me.

Eu fui estúpida em declarar-me a ele, devia ter esperado para ter a certeza que ele não sentia o mesmo por mim, e não vou voltar a pensar naquela história que ele não é rapaz de uma só rapariga, pois ele seria se assim o quisesse. 

Estou neste momento a dirigir-me para o apartamento que o meu irmão alugou, hoje irei passar a consoada com ele e Niall. Todas as consoadas passadas foram feitas com eles, a minha familia reunia-se com a do Niall pois os nossos pais ficaram amigos uns dos outros, este ano seria diferente, seriamos apenas nós os três. 

Depois de tocar à campainha o meu irmão gritou um "vai já" e segundos depois abriu a minha porta revelando a sua figura e a de Niall num avental, eles tornaram-se próximos nos ultimos tempos, e eu gosto disso, quero que eles se relacionem bem.

O meu irmão dá-me espaço para entrar e o Niall vem até mim e abraça-me.

"Niall! Não me sujes!" eu quase que gritei.

"desculpe lá, sim?" ele disse com um tom de brincadeira e depositou-me um beijo na testa, largando-me de seguida.

A primeira coisa que eu fiz, quando ele se separou de mim, foi olhar para o meu casaco para poder reparar que, por acaso, não se encontrava sujo.

Eles foram para a cozinha e eu fui atrás deles, eles estavam a preparar o jantar, olhei para a mesa e reparei que ainda estava por pôr. Fui até ao armário e retirei três pratos, pondo-os de seguida na mesa.

"Ah, Sophie"

"Sim, Niall"

"vais ter de meter mais um prato na mesa?" 

"porquê? vem cá mais alguém?" 

"sim"

"quem?"

"surpresa" ele disse, deixando-me num estado de curiosidade. Não sei de ninguém que possa ser, mas não importa, irei descobrir, cada coisa a seu tempo.

Meti a mesa para quatro pessoas, e o jantar estava quase pronto, estranho a outra pessoa ainda não ter chegado. 

O Niall e o meu irmão estão neste momento a cantar musicas de natal, e eu tenho de referir que o meu irmão canta muito, muito mal mesmo, mas não vou ser cruel ao ponto de pedir para se calar.

A campainha toca e eu decido ir abrir, estava demasiado curiosa para deixar que qualquer um deles fosse. 

Abro a porta e neste momento sinto as minhas pernas a tremer por causa da figura masculina que se encontra à minha frente, é ele, é mesmo ele, eu não estava mesmo a espera. Um sorriso é formado na minha cara, um sorriso de felicidade.

"Pai!" abracei-o e por pouco não caimos os dois com o impacto, ele abraçou-me também, mas não proferiu nenhuma palavra. Separei-me dele e ele cumprimentou também o meu irmão com dois beijos e o Niall com um aperto de mão. Ele volta a olhar para mim enquanto o Thomas se desloca de novo até à cozinha.

"tive tantas saudades tuas filha"

"eu também pai" 

Fomos interrompidos pelo meu irmão que nos chamou para jantar, o jantar é bacalhau, como todos os anos, é tradição.

Eu nunca falei muito do meu pai, na verdade nós nunca fomos assim próximos, viviamos juntos na mesma casa, mas eu não lhe ligava muito, o que é estranho pois ele passa praticamente 24 horas por dia em casa, ele está desempregado, quem sustentava a familia era a minha mãe, o seu ordenado era suficiente para nos governarmos, e para eu poder estudar aqui em Londres, mas agora isso acabou. A única coisa boa é que não pagamos renda de casa em Portugal, porque foi herança dos meus avós paternos, o meu pai faz alguns servirços para ganhar algum dinheiro que precisa para comer porque o subsidio de desemprego não é suficiente para cobrir todos os gastos. Agora tornou-se mais dificil estudar aqui, ainda que eu trabalhe e consiga algum dinheiro, eu sinto-me mal por estar a estudar aqui e o meu pai estar a passar dificuldades em Portugal. A estadia do meu irmão aqui em Londres não deve durar muito mais tempo, porque fora de brincadeira, alugar um apartamento aqui não é nada barato, e este apartamento que ele está atualmente é, sem duvida alguma, mais caro que o anterior em que ele esteve.

Depois do jantar eu levantei os pratos da mesa e fui buscar os doces que o meu irmão tinha feito, metendo-os em cima da mesa.

O Niall apressou-se a encher um prato de sobremesa cheio dos variados doces, ele sempre foi muito comilão, eu não o julgo, comida é boa.

O resto do tempo foi passado a conversar e a ver programas que passavam na televisão, fiquei a saber que o meu pai tem uma entrevista de emprego marcada para o inicio do ano que vem, ainda que com a idade dele não seja muito fácil arranjar emprego, espero que ele consiga.

Chegou a hora de abrir os presentes, eu seria a primeira, sempre fui, talvez porque era a mais impaciente, pode parecer infantil, mas eu não me importo. Esta ano não tinha essa ansiedade, a falta da minha mãe faz com que este natal não seja tão especial, porque o natal deve ser passado em familia, mas a minha não está completa.

Abri o presente do meu irmão, era uma capa para o telemovel que eu tinha visto à uns dias atrás quando fui com ele às compras, fiquei bastante feliz porque eu realmente adorei a capa. Abri o presente do meu pai, ele deu-me um gorro, um cachecol e umas luvas. O Niall ofereceu-me umas botas rosa que eu também queria. 

One More Chance || H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora