Marina

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- Não pode me expulsar assim, mãe!
- Não só posso, como vou!
- Isso não é justo.
- Sabe o que não é justo? Nós te sustentarmos enquanto você faz o que bem entende da sua vida sem pensar nas consequências. Olha onde você foi parar... foi chutada pelo namorado e pelo seu chefe. Que visão de melhora você tem?
- Mas eu não tenho culpa de nada disso... Não faça isso, por favor.
- Está decidido, Marina. Vai ser bom para aprender a dar valor ao que tem.

     Vou até meu quarto e choro de tristeza e de raiva enquanto guardo minhas coisas em minha mochila. Agora sim havia perdido tudo. Logo quando estava achando que não poderia piorar.
     Desço as escadas de forma lenta e pesada. Minha mãe está ao lado da porta ã minha espera. Sinto tanta decepção com ela. As pessoas que me criaram me abandonam quando mais preciso. Eu não consigo nem acreditar. Passo por ela sem vergonha de mostrar meus olhos vermelhos e rosto inchado de chorar pela atitude dela.

- Adeus, Marina. Espero que isso te torne forte.
- É bom saber que valoriza mais força e carreira do que seu próprio sangue. Adeus.

     Assim que me retiro de casa, sinto a garoa fina esfriar meu corpo e o vento vindo da porta ao ser batida com força. Já era tarde da noite. Provavelmente umas 2:30 da manhã. Não mais pra onde ir. Ando vagamente até uma praça próxima e me permito sentar em um banco e chorar muito. Olho em volta e não vejo mais ninguém pela rua.
     Perguntava a mim mesma se Rita ainda estava acordada. Ela sempre fica acordada até tarde e seria ótimo se pudesse conversar com minha melhor amiga nesse momento. Sem pensar muito, retiro o celular da bolsa e ligo para ela. Depois de certo tempo, ela atende.

- Pronto!?
- Oi, Rita.
- Oi, Marina. O que aconteceu pra me ligar a essa hora? Sua voz tá um pouco rouca.
- É porque estava chorando até agora. Minha mãe me expulsou de casa...
- O quê? Como assim, Marina? Por que fariam isso?
- Por que minha vida só foi de mal a pior desde que o Daniel terminou comigo.
- Entendi... E onde você está agora?
- Tô aqui na praça perto de onde era minha casa. Não sei mais pra onde ir. Não tenho mais ninguém.
- Nada disso. Você tem a mim. Vem aqui em casa. Você pode passar a noite aqui enquanto isso.
- Não, Rita. Não quero ser um incomodo pra você da mesma forma que fui para a minha família.
- Deixa disso. Somos melhores amigas tem muitos anos. Você sabe onde eu moro. É melhor vir antes que eu vá te buscar.
- Ai. Okay. Okay. Você venceu. Daqui a cinco minutos estou aí.

     Desligo o celular e sigo meu caminho até a casa de Rita. Ela era teimosa, mas era um amor comigo. É triste que eu tenha que ir visitá-la por causa dessa situação triste.
     Chegando lá, bato na porta e Rita logo aparece me dando um abraço forte e aconchegante.

- Sinto muito, amiga. Detesto te ver passando por isso.
- Eu também, Rita. Mas não quero pensar nisso no momento. Tem algum problema se eu tomar um banho?
- Tá falando sério? Quantas milhares de vezes você já tomou banho na minha casa? - Responde rindo ironicamente.
- Tem razão. Vou lá.

     Após um bom banho quente, visto-me com um pijama fino que havia na minha bolsa. Vou até o quarto e Rita está na cama lendo um livro.

- Onde posso dormir?
- Não tenho colchões. Ter hóspedes não era bem minha ideia quando vim morar sozinha. Mas a cama é de casal e bem espaçosa. Podemos dividir.
- Não, Rita. Não quero ocupar muito seu espaço.
- Deixa de ser boba. Pode vir. Além do mais, você sabe que não te deixaria dormir no chão.

     Apenas concordo com a cabeça e me deito ao lado dela. Ela fecha o livro e se apoia em sua mão. Eu me deito de barriga para cima e começo a fitar o teto vagamente.

- É difícil, não é?
- Sim... Muito mais do que imagina.
- Como tudo isso aconteceu?
- Não sei. Tudo ia tão bem... Mas aí Daniel terminou comigo porque começou a gostar de outra. Fiquei devastada e provavelmente minha produtividade no trabalho caiu. Depois de meu namorado e meu chefe me mandarem embora, foi a vez da minha mãe. Deve ter sentido desgosto por eu não conseguir manter nada do que consigo. Meu coração está completamente destruído com tudo isso.
- Isso não é verdade, Marina. Você é incrível. E não precisa de nenhuma dessas pessoas pra ser feliz. Elas só querem te colocar pra baixo.
- A que mais sinto falta é do Daniel. Acho que era ele quem me fazia sentir bem apesar de tudo. Ele era tão bom pra mim... Mas um dia, de repente, acabou. Eu ainda sinto tanta falta de ficar do lado dele...
- Ele foi um idiota com você, Marina. Não merece que sinta falta dele. E posso garantir que ele não sabe o que perdeu.
- E o que ele perdeu? Só uma perdedora como eu. Ele merece coisa melhor. - Disse enquanto olhava os olhos verdes de Rita.
- Não, Marina. Você É a coisa melhor. Você é maravilhosa do jeito que é. Não precisa mais dele.
- Como tem tanta certeza?
- Porque eu sinto. - Dizia ela enquanto dava um beijo em minha boca.

     Me espanto com a atitude de Rita e tenho o impulso de levantar as mãos para pará-la, mas não o faço. Aquele beijo me arrepiou o corpo de uma forma que nunca havia sentido antes. Foi algo intenso, mas incrível. As mãos ainda estavam levantadas, mas dessa vez resolvi usá-las para segurar seus cabelos loiros e tornar o beijo ainda mais intenso. As mãos de Rita agarram minha cintura e a cada pegada eu me entregava mais. E que pegada, Rita...
     Sua mão passeava pelo meu corpo até encontrar meus seios por baixo da blusa do pijama. Ela os massageia de um jeito suave enquanto eu a beijo por todo o pescoço. Já não pensava mais em nada. Era a primeira vez em muito tempo que me sentia amada e desejada. A mão dela desliza pela minha barriga até entrar na minha calça. Deixo escapar um suspiro de espanto e paro de beijá-la enquanto a olho nos olhos.

- Calma, Marina. Você não faz ideia de há quanto tempo quero fazer isso. Deixa eu cuidar de você.

     Apenas concordo com a cabeça e a permito voltar a me beijar novamente. Enquanto ela passava a mão por dentro da minha calça, começo a tirar sua blusa. Seu corpo é lindo. Nunca havia sentido atração por uma mulher, mas agora que reparei em Rita não consigo mais parar de admirá-la. Trato de pegá-la com jeito pela cintura e beijar todo o seu pescoço. Ela gemia baixinho e com satisfação, mas não deixava de me beijar nem por um momento. Sua boca deposita beijos por todo o meu corpo à medida que vai descendo minha calça devagar. Eu estava louca com tudo aquilo. Após tirar minha calça, ela não pensa duas vezes e começa a me lamber e chupar. Assim que sinto sua língua, reviro meus olhos e agarro sua mão que segurava firmemente meu peito. Nada que havia feito com Daniel foi igual. Nunca tinha sentido tanto prazer e desejo. Não demora muito para meu corpo começar a se contorcer involuntariamente enquanto seguro Rita pelos cabelos. Vejo que ela também está se tocando enquanto faz o trabalho e isso me deixa ainda mais excitada. Depois de alguns minutos com Rita ali embaixo, sinto meu corpo ter espasmos e logo depois ele fica mole parecendo se dissolver na cama enquanto Rita volta a subir, sem se esquecer de me beijar pelo corpo todo até finalmente chegar à minha boca. Mais alguns beijos intensos e lentos até que lhe pergunto:

- Eu posso cuidar de você também?

     Ela me dá um sorriso safado e me responde olhando nos olhos:

- Claro, gostosa. Mal posso esperar.

Deito Rita na cama e torno a beijá-la novamente. Dessa vez eu era quem estava ppr cima passando a mão pelos seus seios enquanto desço com a boca para tirar sua calça. Assim que o faço, fico apreensiva e lhe digo:

- Você sabe que eu nunca fiz isso, né?
- É maravilhoso saber que serei a primeira a sentir isso. Pode vir. Sei que vai ser maravilhoso.

     Ao ouvir aquilo, não demoro muito para colocar a língua pra fora e lamber lentamente Rita, que já começava a suspirar e se contorcer. Ela era bem sensível e isso só me fazia sentir mais e mais vontade de continuar a lhe dar prazer. Ela agarra meus longos cabelos pretos enquanto geme e fala para não parar de jeito nenhum. Depois de gemer e se contorcer muito, Rita finalmente tem um orgasmo e me traz gentilmente de volta para sua boca. Ficamos longos momentos abraçadas e nos beijando com nossas bocas molhadas até o momento que pareis e fiquei olhando seus olhos cansados de toda a nossa ação.

- Eu amo você, Rita. Agora de todas as formas possíveis.
- Eu também amo você, Marina.

     E passamos boa parte da noite desse jeito. Não entendi bem como e nem porque tudo aquilo ocorreu. Mas foi algo mágico. Fazer sexo com Rita foi maravilhoso e demonstrl isso a cada novo beijo que lhe dou. Ora nos olhamos, ora nos beijamos. Às vezes até repetimos o sexo. Foi uma noite intensa e com muito prazer até que pegamos no sono.
     Não diferente da noite anterior, vejo Rita nua e sendo abraçada carinhosamente pelos meus braços. Dou-lhe um beijo na testa e um sorriso radiante. Eu finalmente percebo que algumas pessoas saem de nossas vidas por um propósito. Mesmo que sejam importantes e façam sua vida desandar ao irem embora, sempre haverão pessoas ainda melhores dispostas a te amar e colocar tudo em ordem novamente. Descobri isso da melhor forma possível e não consigo sequer conter o prazer que senti com Rita naquela noite.



Uma obra de JoaoVittorVieira

Uma dose a mais de CoresOnde histórias criam vida. Descubra agora