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20 de novembro de 2017, San Diego.

— Joshua? Joshua? — Sinto meu corpo balançar no colchão, quando finalmente abro os olhos, vendo minha mãe com Cat no colo. — Preciso ir trabalhar, por favor, toma conta dela.

— Mas mãe, e a minha escola?! O pai me mata se eu não for! — Sento-me na cama, recebendo minha irmã no meu colo.

— Ele não saberá. Na sexta feira tua irmã ficou em casa, hoje és tu. Vai lá filho! — Virou-me as costas e saiu do meu quarto.

— Cat tem fome. — Começa a bater no meu peito. — Cat tem fome! — Grita desesperadamente a seguir. Suspiro alto. Começo a ficar farto de tomar conta dela! Levanto-me, sentindo meus olhos pesar. Cada passo que dou é lento e desta forma, a cozinha parece estar a quilómetros do meu quarto.

Meus olhos esbugalharam quando vi Elaine ainda em casa. De apenas sutiã e cueca (calcinha) ela estava cozinhando algo. Balançava a anca, me fazendo sentir calor, logo pela manhã. Sentei Catherine na cadeira e fui até minha irmã mais velha. Quando proferi um "olá", um sobressalto foi captado por mim. Sorri-lhe.

— O que estás a fazer?

— Não dá para ver? Panquecas! Só que esta merda não está a dar certo! — Retira a frigideira do lume brando, atirando-a em seguida, ao lava louças. — Que porra! — Vejo o quão irritada está, mais do que o normal. Será que foi por ter dormido pouco? Ou foi por causa daquilo que fizemos?

Senta-se frustrada à mesa, fazendo um coque em seus cabelos longos. Ouvi de novo, resmungos e comecei a fazer de novo as panquecas. Quando finalmente acabei, servi às duas maldispostas que estavam à mesa, com um copo de sumo de laranja natural. Sentei-me também e vi ambas a desfrutar do pequeno almoço.

— E então? Estão boas? — Ambas continuaram em silêncio, devorando as panquecas que aos poucos, iam desaparecendo de seus pratos. Comecei a comer também, vendo que não me iriam reponder, nem tão cedo.

Quando todos acabaram, Elaine começou a tratar da louça e eu tratei de fazer a criança dormir. Depois de muito mexer no cabelo encaracolado de Cat, de lhe dar a mão, a minha camisola, meu sono, ela finalmente adormeceu na sua cama. Fechei a porta devagar indo para o sofá onde a outra rapariga estava, vendo TV.

— Então, porque não foste para a escola? — Sento-me, vendo um programa estúpido de raparigas meio loucas. De repente, desligou a televisão e encarou-me, de cara séria. — Aconteceu algo? Porque estás assim?

— Porque estou com dores, Joshua. — Arqueei as sobrancelhas não entendendo porque ela tinha tais dores. Engoli em seco. — Ontem, como viste, foi a minha primeira vez, e tu... — Levanta-se indo para o quarto. Apanho-a pelo caminho e faço ela me olhar.

— Diz-me uma coisa... — Encarei o chão por segundos. — Eu te magoei? — Sentia a minha garganta fechar e a voz saiu falhada. Ela afirmou e me quebrei por completo. — Eu-eu não queria, Elaine. Juro-te, eu não queria. — A sua mão pousou no meu ombro e ela me ergueu o queixo. — Perdoa-me! Por favor! Se não me perdoares não sei como irei ficar! — Via que pouco faltava para lágrimas correrem de seus olhos. Me segurei para não a abraçar pois sabia que se o fizesse não havia maneira de consola-la depois.

— Está tudo bem, Joshua. Não tenho de te perdoar pois sei que não fizeste por mal. Eu deveria ter-te pedido para parar. A culpa foi minha, okay? Não te sintas mal, por favor. — Balançava a cabeça. A culpa tinha sido somente minha. Se tivesse feito devagar pois era a nossa primeira vez, ela não estaria tão magoada como está. — Ouve-me. — Agarra com ambas mãos, meu rosto húmido devido às lágrimas. — Eu vou ficar melhor. Isto é perfeitamente normal, Joshua. Não é preciso estares a chorar, sim? Está tudo bem! — Abraço-a, ouvindo seus soluços logo depois. Assim ficamos, até ouvirmos o choro de nossa irmã.

JOSHUAOnde histórias criam vida. Descubra agora