f i f t e e n

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6 de dezembro de 2017, San Diego.

A noite estava instalada. Já passavam das 5 AM e tinha a certeza que nem minha mãe nem Elaine estavam acordadas - pelo menos, assim esperava. Coloquei meu casaco e meu capuz, saindo do quarto silenciosamente. Abri a porta que dava para o enorme quintal, fechando-a em seguida devagar. Corri para o lugar onde tinha a certeza que acharia a outra parte do corpo de Jack. A pouca luz do luar dificultava a minha visão para onde era de facto a porta que dava acesso a todo aquele matadouro. Comecei arrastando minha mão na parede húmida, até chegar a uma parte onde um rangido da porta me alertou que finalmente estava no sítio certo.

Entrei e já não vi o sangue no chão. Abri a primeira porta verde e descobri o que suspeitava. Pendurado por um gancho estava uma perna, em cima da maca, a outra. Como contaria a Camilla que provavelmente teria sido minha irmã a matar o seu irmão? Deixei-me de devaneios e tentei esquecer os problemas que tinha em mãos. Fiz-me andar até à outra porta de madeira apodrecida. Os utensílios continuavam lá. Todos eles mudados de posição. Porque ela tinha de começar isto?!

Saí daquela sala, complemente abanado. Não sabia o que fazer em seguida. Diria que sabia? Passaria uma borracha em tudo o que tinha visto? Se esquecesse poderia estar colocando mais alguém em risco, se dissesse que sabia nem sei o que poderia acontecer. E sabendo o que de facto tinha acontecido, apenas uma pergunta rondava a minha cabeça : como parar Elaine agora?

Saí do local e rodei a maçaneta de outra porta. Estava deveras impressionado. Quantas fotos e informações ela tinha conseguido da família de Camilla. A foto de Jack estava com uma cruz vermelha por cima. Ao lado dessa mesma foto, estava outra de Camilla e sua mãe, onde a cabeça da senhora estava circundada. Algo me dizia que seria a próxima a morrer. Aproximei-me um pouco mais vendo uma foto apenas de Richard. Ela também se iria vingar dele? Alguns portfólios estavam sobre outra mesa ao fundo da enorme e vazia sala. Andei até lá, vendo cada um com seu nome. Vasculhei entre eles, encontrando o meu. Não estava surpreendido. Depois do que lhe tinha feito era normal que me quisesse matar - isso se conseguisse fazê-lo.

Eu tinha de fazer algo antes que esta loucura se tornasse muito mais sangrenta. Não sabia ao certo o quanto Elaine poderia ser louca. Ela estava diferente. Alguma coisa ela e meu pai tinham em comum: o facto de maltratarem as pessoas que nem lhes fizeram mal. Tinha de avisar Camilla. O quanto antes.

Passavam agora das 7 AM e ainda com um certo frio andava acelerado até casa da rapariga de cabelos escuros

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Passavam agora das 7 AM e ainda com um certo frio andava acelerado até casa da rapariga de cabelos escuros. Deixara aquele lugar perturbador há 2 horas e ainda circulava na minha cabeça tudo o que tinha encontrado.

Ao chegar perto da porta de Camilla, reparei que a mesma estava entreaberta e apenas um choro era ouvido. Entrei, sem ao menos perguntar se podia e vi Richard abraçado a Camilla. A raiva já estava circulando no meu corpo. Clareei a garganta, fazendo os dois se afastarem, enquanto que apenas Richard me olhava. Porque raio ela não me retorquia o olhar?!

— Eu pedi-te para ficares. — De novo?! — Tu te foste... Meu irmão se foi... Minha mãe... — Agarrou-se ao homem situado de pé, ao lado dela.

— Que porra se passou afinal?! — A minha paciência estava a esgotar-se principalmente vendo os dois tão chegados e tão cúmplices.

— Será que ainda não entendeste? — Encarei o homem que falara, com alguma repugnância. — A mãe dela morreu! Eles entraram aqui, na noite passada, e mataram-na! Estás contente?! — Largou a rapariga, deixando-a cair, levemente, sobre o sofá. Os seus passos em minha direção, não me assustavam de maneira alguma. Estagnou, na minha frente, franzindo o sobrolho. — Isto tudo aconteceu por tua culpa! Se tu não te metesses com a Camilla, a maluca da tua irmã não teria em quem se vingar! — Como eles já sabiam?

Tinha plena consciência de que deveria ter dito a verdade ontem. Guarda-la para mim não era a melhor opção, mas tinha sido a opção escolhida por mim pois pensei que poderia controlar tudo. Ingénuo. Tão ingénuo. Ela já estava seguindo com o plano da vingança e eu já não a conseguiria parar. Camilla parara de chorar, ainda que suas lágrimas continuassem a correr velozmente na sua face rosada. Os olhos vermelhos indicavam que já chorava há imenso tempo.

— Não vais dizer nada, imbecil?! — Empurrei-o. O seu olhar não me atrapalhava. A minha mão voou em direção ao seu rosto, socando o mesmo. Bastou dois socos para o deitar ao chão. Sentei-me no seu abdómen, socando-lhe mais umas quantas vezes, deixando-o por fim inanimado.

— Parece que não preciso dizer mais nada. — Ponho-me de pé, observando a mulher que tremia freneticamente. — Ficaste com medo?

És tão igual ou pior que ela. — Neguei com a cabeça. — Porque achas que não és? Por tua causa... Por... — Levantei-a, ficando a milímetros do seu rosto. Sentia a sua respiração acelerada pelo ar que expirava sobre a minha fase. Sabia já o efeito que tinha nela. Ela não o conseguiria negar. — Eu só queria odiar-te. Ela matou-a à minha frente! Vi-lhe o rosto, coberto de sangue com aquele sorriso... Aquele sorriso de demoníaca. Diz-me onde vocês vivem!

— Que farás tu com essa informação? Não passas de uma miúda assustada.

— Tenho raiva suficiente para matá-la. — Rio, virando-lhe as costas. Antes que me pudesse acertar com o jarro, bati no seu braço, fazendo com que o objeto fosse projetado na parede, quebrando-o em pedaços.

— Vê se aprendes: a raiva só te faz ter coragem porém tu não pensas bem nas consequências dos teus atos, ou de como maneira poderás atingir o teu alvo. — Encaro-a. — Entendes? Ter raiva só te dá força, nada mais. — Suspiro. — Onde está a tua mãe? — Apontou-me para a sala onde, no dia anterior, encontrara metade do corpo de Jake.

Chegando ao local, só via sangue projetado por todas as paredes e a pobre mulher deitada no chão, esfaqueada. Eu tinha de fazer algo. Mas o quê?!

— Estás contente com o que vês? — Viro-me e nego. — Agradece à tua irmã. Reza para que nunca façam à tua mãe o que a tua irmã fez com a minha! — Engoli em seco, sentindo uma dor cravar o meu coração. De repente, começava a sentir-me mal. Talvez um pressentimento mau.

— Sinto que tenho de ir... Eu sinto muito pela tua mãe e eu prometo que irei tratar de fazê-la pagar por isso. — Saí, sem ao menos me despedir. Talvez teria sido melhor dessa maneira.

Andei até casa sempre com a sensação de que não deveria ter saído de casa. E ao chegar perto do edifício, vendo a porta aberta, tive a certeza de que o que sentia era verdade. Entrei, devagar, olhando para todos os cantos da casa. Haviam pegadas de terra no chão em direção ao exterior da casa. Segui os passos, e quando abri a porta, automaticamente dois homens saltaram para cima de mim.

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