t h i r t e e n

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4 de dezembro de 2017, San Diego.

Enquanto tomávamos o pequeno almoço, minha mãe falava algo com minha avó, quando eu só conseguia olhar fixamente para Elaine. O sorriso tinha permanecido nos seus lábios finos. Cat do meu lado, balançava na cadeira a cada pedaço de pão que mastigava. Estava cada vez mais preocupado com Elaine. Ela tinha mudado imenso, e aquilo que o meu pai fez não pode ser o motivo de toda esta mudança.

O seu olhar negro estava indecifrável. De facto, não a conheço. Minha mãe suspirou alto, virando-se para nos alcançar. Parecia que nos ia dizer algo. Algo importante talvez? Via respirar fundo algumas vezes e quando os nossos olhares se cruzaram ela desabou. Levantei-me, indo abraçá-la.

— O que há mãe? — Só conseguimos ouvir os seus soluços. Algo se passava.

— Eu pensava que conseguia...

— Conseguias o quê? — Elaine retorquiu, rispidamente. Lancei-lhe um olhar mortal fazendo a mesma sorrir-me. Porque raios está sempre a sorrir?!

— Eu pensava que conseguia sustentar-vos sozinha. Pensava que não precisava do dinheiro do vosso pai para nada. Contudo, agora olho para o frigorífico e vejo que se não fosse a vossa avó a colocar as coisas lá, não tínhamos nada para comer. Com o dinheiro que ganho nem consigo encher os armários. Daí ter de vos pedir algo.

— Vais pedir-nos para sair da escola, é isso? — A minha irmã mais velha pôs-se de pé, alcançando-nos rapidamente. — És mesmo uma mula velha! Se pelo menos fizesses o teu papel como mãe, mas não! Tu esperas que os teus filhos que devem estar na escola, saem da mesma para trabalhar já que tu não consegues sustentar-nos! Sabes que mais? O pai devia ter-te morto! — A minha mão voou indo bater na face de Elaine. A mulher agarrada a mim ficou incrédula. Já a rapariga de cabelos negros olhou-me como se me estivesse ameaçando de morte. Já não tinha medo dela.

— Tu nunca mais digas essas coisas à mãe! Nunca mais!

— O que vais fazer, Joshua? — Ri-se com ar de gozo*. — Vais dar-me com o cinto como o pai fazia? Vais? Vais violar-me?! — Só conseguia ouvir "Meu Deus". Estávamos todos em choque com o que ela estava dizendo. Ela está louca! — Vá! Diz-me o que me vais fazer! — Cruza os braços. — Queres que eu diga? Eu digo-te! Vais fazer absolutamente nada! E sabes porquê? Porque tu és um falhado! És um otário, um hipócrita que precisa da mamã para tudo! — Larguei a mulher que me tinha colocado no mundo, e avancei até à morena. Cuspiu-me na cara. A fúria circulava no meu corpo velozmente. Okay, isto já deveria ter acabado há muito tempo!

Dou-lhe um soco, forçando-a a cair feito pedra no chão. Agarro nos seus cabelos puxando-a dessa forma, para o quarto. Catherine e minha mãe só sabiam gritar para que eu parasse. Não atendi os seus pedidos. Há muito que Elaine estava merecendo uma surra. A mesma combatia no chão, agarrava-me as mãos, esperneando. Ria-me da sua atitude patética. Era inevitável ela tentar combater-me. Só a deixei, quando finalmente cheguei ao quarto.

Rastejou no chão, no sentido contrário ao meu, embatendo na parede.

— Joshua, por favor, não faças nada à tua irmã!

— Vai ser melhor saírem. — Avisei vendo-as no mesmo sítio, imóveis.

Coloquei-me a meio do seu corpo, começando a dar-lhe pontapés na barriga. A cada pontapé meu, o seu corpo movia-se para a frente e para trás. A rapariga agarrou-me nas pernas, tentando dar-me uma dentada. Soquei-lhe no nariz, sentindo um enorme ardor na minha mão. O sangue vertia do seu nariz, fazendo-a tossir. Quando me preparava para lhe socar de novo, Cat colocou-se na minha frente, chorando.

JOSHUAOnde histórias criam vida. Descubra agora