Capítulo 55

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A caminhada para a minha recuperação foi árdua e longa, graças a ajuda do Asad e de toda minha família. Recuperei boa parte dos momentos vividos em meu passado, do grande amor da minha vida e a pior das lembranças foi a tentativa de estupro por parte do Hadhi.

Não faltei em nenhuma consulta e segui todas as recomendações do meu psicólogo, minha mente me levava mais pra lembranças da infância do que a fase adulta.

Segundo o Asad isso deve-se aos traumas que ela nega-se a reviver, continuo vendo fotos e vídeos gravados por mim e o Kuntuala.

Estava distraída até que...

Lembrando...

— 📞Se gostas de adrenalina pode vir me ver, estou praticando skate

— 📞Jura! E onde fica a pista?

— 📞Chega até onde tu me deixou e aí vou pegar você

Demorei um pouco devido o trânsito, o engarrafamento estava horrível, tudo mundo voltando pra casa. Logo que cheguei vi o Kuntuala paradinho me esperando pacientemente, aí ele entrou no carro e fomos até a pista.

— Kuntuala, você não faz aquelas manobras bem perigosas?

— Depende da modalidade que eu estiver praticando

— Skate também tem modalidades?

— Sim tem Muna, as modalidades são: street, freestyle, vert, half-pipe, bowl, big air,  downhill slide, downhill stand-up e minirrampas

— E eu aqui pensando que dentro do skate não tem isso tudo, hahah

— Se você quiser posso te ensinar a modalidades que mais curtires

— Sou medrosa não sei se teria tanta coragem, mas de qualquer jeito vou pensar

— Combinado

Fim das lembranças...

Como foi bom lembrar da primeira vez que andei de skate ao mesmo tempo uma lágrima de saudade cai, como sinto sua falta meu amor, já não encontro outro que me faça um bem tão inexplicável como tu. Olhei pra o meu equipamento porém a vontade de voltar a usar não estava presente em mim, preciso dele.

Fui até a cozinha onde encontrei a minha Mãe fazendo algo de certeza estará gostoso de mais, o cheiro está servindo de cartão de visita, me recebeu com um abraço e um beijo aconchegante.

Em seguida contei-lhe da lembrança que tive, ela ficou ansiosa pra me ver andar sobre aquelas rodas, apesar do medo.

Ela estava imensamente feliz por me ver a recuperar rapidamente, com a ajuda dela lembrava maior parte da minha vida lá na cidade. Tantas coisas engraçadas quem nem acreditei ter feito, falamos bastante, comemos, saímos pra passear e muito mais.

Quando fomos até a praia, a levei no local onde habitualmente ficava com o Kuntuala a beber água de côco, pra minha surpresa gostou tanto de lá estar e pediu pra voltarmos mais vezes. Fomos ao shopping onde aproveitei renovar meu guarda-roupa, comprei de tudo um pouco pra variar.

Na próxima semana retomarei as aulas, já me sinto suficientemente bem pra voltar pra faculdade. Terei aulas de recuperação dos dois meses que perdi, farei algumas provas pendentes e nada mais. Depois de toda situação que passei só espero que as pessoas não me olhem com pena, será desgastante.

—📞 Alô psicólogo Asad, à que se deve essa ligação?

— 📞Saber como está sendo o dia da minha paciente e se houve lembranças

—📞 Estou bem, tive lembranças do primeiro dia que andei com skate

—📞 Pelos vistos sua mente está empenhada em lembrar-se do seu grande amigo

— 📞 Ele foi mais que um amigo, é o amor da minha vida que não tive como desfrutar como tal

Asad ficou no maior silêncio após proferir aquelas palavras, ele pensa que não notei mas sei o quanto se apaixonou por mim. Já deixei bem claro que não quero voltar a me envolver tão cedo, oxalá saiba entender.

Antes de desligar a chamada pediu pra que escrevesse todas minhas lembranças, assim exercitaria minha mente a se lembrar de mais coisas, até aqui já escrevi bastante e releio sempre.

Horas depois recebi outra ligação mas desta vez foi a do tribunal, lembrando que devo estar presente amanhã no julgamento to Lorenzo, pra responder os crimes feitos contra mim e o assassinato do Kuntuala.

Arrumei a roupa toda que ainda estavam nas sacolas do shopping, arrumei o quarto mudando o visual trocando as coisas de lugar. Tomei um banho e cai no sono deitada na minha cama.

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