Droga, Amelia inicialmente pensou. Ela sabia que Henry iria beijá-la, e no lugar mais profundo de seu coração ela queria isso. Mas Amélia sabia que não podia, ela já havia dito isso, para ela mesma, várias e várias vezes. Quando a porta abriu, e a mulher que estava entrando os viu, eles se separaram rapidamente e Amélia se levantou, e logo começou a explicar à enfermeira o que aqueles dois adolescentes estavam fazendo sozinhos dentro da enfermaria:
-Ah desculpe senhora, é que houve uma briga aí viemos pra cá, só que não havia ninguém, então tive que cuidar das feridas dele sozinha.
A enfermeira apenas os observava, com cara de quem não acreditava em uma palavra que ela dizia. Então Henry pegou a mão de Amélia e disse:
- Vamos para a sala Amélia.
Os dois saíram da enfermaria e se dirigiram para suas classes. No caminho, nenhum dos dois disse uma palavra sequer, Amélia percebeu que Henry não a olhou em momento algum, seus olhos estavam cravados no chão.
***
Henry se encaminhou para sua classe, entrou sem pedir licença, mas seu professor percebera o quão estava abalado, e não o corrigiu, pois Henry era o aluno mais exemplar entre seus colegas, então ele somente sentou e ficou a aula inteira divagando em seus pensamentos.
O sinal o despertou das suas divagações e Henry levantou com suas coisas já prontas, e foi caminhando até a porta, Henry queria tanto ver Amélia antes de ir embora, queria tanto sentir seu cheiro antes que ele se esvaísse de sua memória, e seu pedido foi atendido, ele viu Amélia, tinha algumas garotas a sua volta, zombando da garota, dizendo coisas ruins pelo fato da garota ter olhos violetas, a chamado de pequena aberração, coisas que ninguém merece passar ou escutar de alguém. Mas Amélia parecia forte, ela olhava furiosa para aquelas garotas, mas não reagia, somente as encarava, sem nenhum resquício de mágoa em seu olhar, então ela saiu correndo sem chorar e saiu daquele corredor. Henry correu atrás de Amélia, e quando finalmente a encontrou ela estava em um canto chorando silenciosamente, era doloroso ouvir seu choro, era como mil adagas perfurando o coração do garoto.
***
A garota não entendia o porque aquelas meninas estavam tirando sarro da cara dela, ela apenas tinha ajudado Henry. Amélia não aguentou, aquilo havia a afetado, ela não queria bancar a fraca, mas saiu correndo em direção a um corredor que sabia que não havia ninguém lá. Onde Henry estaria agora ?, ela pensou, Amélia queria vê-lo, queria sentir o seu cheiro, mas não podia. Ele havia tentando beijá-la da última vez que haviam se visto, ela sabia que aquilo não era bom. O último garoto que Amélia gostou acabou com ela. Ela chorava baixinho, ainda receosa de que alguém a ouvisse, quando escutou passos atrás de si, se virou pra ver quem era, segurou um suspiro de alívio, como ela o queria ali, não poderia baixar a guarda, mas tudo oque precisava era de braços que a envolvessem naquele momento, e antes que pudesse dizer qualquer coisa, Henry fez o que ela desejava. A abraçou com tanta ternura, que não se conteve, e envolveu seus finos braços ao redor dele também.
- Shhh, tá tudo bem, não precisa se preocupar, estou aqui, chore o quanto precisar.-Henry afagava o cabelo de Amélia e acariciava suas bochechas úmidas.
Em meio ao choro Amélia contava a Henry o que estava acontecendo, ele a ouvia e continuava acariciando-a. Como podia alguém ser tão adorável como ele ?, Amélia realmente não acreditava que ele era real. Será que Henry a desejava como ela o desejava ? Aquilo que aconteceu na enfermaria, despertou um desejo inexplicável em Amélia, ela queria sentir o gosto de seus lábios, mas só havia um dia que se conheciam. Amélia então percebeu que todos os alunos já tinham ido embora, ela não queria se soltar de Henry, mas teve, ele a ajudou a levantar e para foram para fora da escola juntos, com seus braços entrelaçados.
- Tenho que ir, minha mãe daqui a pouco vai sair por aí me procurando - Amélia disse.
- Tudo bem, também tenho de ir. Adeus Amélia - ele disse, dando um beijo em sua bochecha. Amélia esboçou um sorriso afetado e aproveitou e disse:
- Henry me empresta seu celular ? Por favor ? - ele a olhou com dúvida, mas fez o que ela estava pedindo. Depois de um minuto Amélia devolveu à Henry seu celular e disse:
- Adeus Henry.
Então a garota saiu correndo em disparada a sua casa, antes que ele percebesse o que ela havia feito.
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Além das barreiras do coração
RomanceAmélia é uma garota comum, mas não igual as outras. Já sofreu com o amor, não era verdadeiro, Amélia supunha, porque se fosse, bom, não teria acabado. Mas o verdadeiro amor está á caminho do coração da garota, e fará com que ela experimente coisas q...