Capítulo 8

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***

Amélia nunca quis tanto ir para a aula, ela acordou pensando em Henry, o dia amanheceu com a imagem de seu rosto com aquele sorriso incrivelmente arrasador em sua mente. Não, Amélia não podia se permitir viver nessa agonia, mas bem, talvez já seja tarde demais, a mente de Amélia ressaltou.

Ela considerou tal hipótese, sim, podia ser tarde, talvez o jeito bobo e desajeitado de Henry não fosse tão letal ao coração de Amélia. Talvez ele fosse diferente de outros garotos, talvez ela pudesse se apegar a ele, então, seria nesse talvez que Amélia acreditaria.

Seu celular vibrou, era ele.

"Bom dia passarinho."

Passarinho, se fosse outra pessoa que tivesse mandado aquilo, Amélia acharia patético, porém aquele simples apelido fez com que a garota esboçasse um grande sorriso.

"Bom dia Henry."

Amélia desceu as escadas para ir tomar seu café da manhã. Ela se deparou com o quadro novamente, mas dessa vez ele não lhe causou o efeito q sempre causava. Veio em sua mente o pensamento de que, talvez, ela também poderia encontrar alguém que a ame tanto quanto ela o ame, alguém que não queira passar um dia sequer sem sentir a ternura de sua pele, o doce gosto de teus lábios, alguém que mesmo sabendo de todos os seus inúmeros defeitos e falhas a olhe como se ela fosse a única e mais especial de todas, alguém que esteja disposto a ultrapassar tudo e todas as barreiras para tê-la. E novamente, Amélia viveria nesse imenso talvez.

Quando Amélia terminou de descer as escadas, ela viu a dolorosa imagem de sua mãe ao telefone aos prantos. Ela perguntou a mãe o que houve e então ela lhe passou o telefone.

-Alo?

- Oi Querida é a tia Lu. - Amélia notou o tom de desespero na voz da tia e então perguntou:

- O que houve ?

- Meu bem é sua vó, ela estava indo ao banco e desmaiou - houve uma pausa - os médicos já tentaram acorda-la diversas vezes, mas nada funciona- outra pausa- seus batimentos cardíacos estão cada vez mais lentos.

Quando tia Lu terminou de falar, Amelia já não sabia o que fazer, sua vó, sua querida e amada vó estava morrendo e ela, e nem os médicos, podiam fazer mais nada, apenas pediu a grande misericórdia de Deus. A garota, junto a sua mãe, foi para o hospital, dar-lhe o último adeus.

*

Henry acordou com o vislumbre de sua conversa com Amélia na noite anterior, acordara com seus olhos azuis-violetas em sua cabeça.

Ele imaginou como seria acordar ao lado daquela garota, e ver o sol iluminar seu rosto. Er, Henry estava acabando consigo mesmo, sonhando dessa forma, em vão, pelo fato de que tudo aquilo que queria e sonhava ? Não era possível, não para ele.

Levantou da cama cabisbaixo, por ter tão pouco auto-estima, mas lembrou de Amélia o dando boa noite e voltou a sorrir, antes de escovar os dentes e se arrumar, mandou uma mensagem à ela : "Bom dia passarinho"

Lendo aquele apelido novamente Henry se arrependeu, que patético, ele pensou. Mas não quis apagar, combinava com Amélia, pois todas às manhãs eram os pássaros que o acordava, e faziam de seu dia mais feliz.

- Bom dia gente, pai, mãe.
- Bom dia filho. - A mãe de Henry bela e rosada como sempre lhe depositou um beijo na bochecha.- Como se sente?
- Normal, e você mãe ?
- Estou ótima meu bem, sente e coma seu café.
- Ah paixão e como foi a reunião ?
- Foi ótima filho, conseguimos aumentar às vendas e o lucro, daqui uma semana nossa empresa fará 24 anos de carreira e meus chefes pretendem fazer uma festa.

Lucy, mãe de Henry, olhou para Paul expressando chateação falsa.

Paul riu.

- Esqueci de mencionar isso a você querida, me perdoe.- E lhe tascou um beijo, que ainda deixou Lucy ruborizada, e Henry revirou os olhos de frustração.

- Que demais pai, parece muito acolhedor- Henry falou um pouco desconfortável, era tímido demais para curtir festas.

- Não se preocupe meu filho, imagino que nós poderemos chamar pelo menos uma pessoa, não e mesmo Paul - Lucy perguntou ao esposo, esperando que a resposta fosse positiva.

-Sim querida, teremos direito a um convidado especial, e eu darei o convite a você Henry, poderá chamar qualquer um que quiser, talvez você se sinta mais confortável assim.- Henry nunca ficara feliz assim, quer dizer, com algumas exceções que incluíam Amélia em todas, ele já sabia quem iria chamar, era óbvio, bem pelo menos para ele.

Terminou de "lanchar" com seus pais e subiu para pegar sua mochila que já tinha arrumado ontem, fechou às janelas mas manteve as cortinas abertas, e desceu escada abaixo, despediu-se de seu pai, e o agradeceu pelo convite, abraçou sua mãe e a beijou na testa carinhosamente e foi para escola, ver a garota dos seus sonhos.

Além das barreiras do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora